quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Estado do Crime.

Quando Fernandinho Beira-Mar foi preso, o patrimônio dele era de 1 milhão de reais (ele movimentava uns 50 milhões por mês e tinha um patrimônio de 1 milhão, deu para entender, não é?). A PF o identificou como sendo a última posição numa cadeia gerencial do andar de baixo de uma organização. Na categoria que ele ocupava, a mais baixa, havia 13 posições acima da posição dele. E essas 13 posições eram de gerentes do atacado, ou seja, não são CEO. Tempos depois, a INTERPOL prendeu em Nova York um empresário carioca dono de uma rede de concessionárias de carros importados, era dono de lojas que vendiam BMW zero-quilômetro. Foi preso em NY por tráfico de drogas. Não saiu nenhuma reportagem de peso nos jornais brasileiros, apenas uma notinha numa coluna dessas de política, perdida no mundo. No Ceará, houve uma apreensão pela PF, há anos, de uma tonelada de cocaína pura. A PF fez relatório sobre uma movimentação de lavagem de dinheiro no valor também de mais de 50 milhões de reais por dia no Ceará, apenas no Ceará. Havia indícios de que lavagem de dinheiro que estava sendo feita por doleiros, isso foi comprovado e houve condenações de um ou outro gerente, e que havia conexões com tráficos de drogas de grandes empresários cearenses e nordestinos, há indícios de que houve uma grande negociação política para tais empresários não aparecerem, continuam pessoas respeitadas e festejadas pelas colunas sociais. Dizem fontes policiais que prisões em flagrantes de indivíduos poderosos e ricos, traficantes de drogas, foram relaxadas ilegalmente para evitar escândalos envolvendo integrantes de cúpulas de governo. As negociações foram políticas. O crime organizado ocupa posições de cúpula nas três esferas de poder do Estado brasileiro. O Estado é um estado do crime. E o mais intrigante é que isso tudo não deixa ninguém apavorado. Aliás, deixa todo mundo é calado. Ninguém sabe, ninguém viu. Berrar contra criminoso pobre, exigindo punição exemplar e dura para criminoso vindo de baixo tem uns "corajosos" aí que berram, realmente, só se for muito destituído de poder e prestígio social, morador da favela e olhe lá se não for o gerente de baixo para ser acusado e vilipendiado por ser traficante de drogas. Já criminosos ricos e poderosos possuem fãs, eleitores e muitas clientelas, clientelas que se espalham por toda a sociedade de alto a baixo. Possuem juízes, deputados, senadores, prefeitos, governadores e muitos admiradores: massas e mais massas de eleitores. Estou esperando o carnaval chegar para me fantasiar de Estado Democrático de Direito. E as frentes de esquerda ainda estão a legitimar as eleições...é triste!

A violência do Estado é um golpe renovado a cada dia.

Na formação do Estado moderno, desde o século XVI e XVII, a razão de Estado é clara: o Estado para se manter em estado não reconhece leis, nem direitos, nem finalidades que lhes são extrínsecas. O Estado só reconhece a si próprio e tudo aquilo que fortalece sua força de Estado. O governo do Estado não hesita em sacrificar alguns em nome do todo (o Estado). É a violência do Estado na raiz do conjunto das brutalidades cotidianas. Estou com a impressão que governos todos os dias dão golpes de Estado, afinal, uso recorrente da PM pra reprimir protestos é o quê? Democracia? Nem aqui, nem na China. Muita atenção é pouca!

Uma mensagem numa garrafa para camaradas que estão à esquerda.

Os indivíduos que estão funcionando prioritariamente como maiorias nutrem desejos perversos de porem os outros para falar, enquanto continuam eternamente na posição de espectadores sentados na poltrona comendo pipoca e protegendo-se de qualquer perda de evidência. Para estes indivíduos a palavra pronunciada não passa de representação para a diversão das massas ou para a fofoca nos grupelhos de poder dos quais participam. A palavra-agir que nos interessa só alcança quem também está na palavra-agir. Teremos que pensar novas formas de ação pela palavra-agir. Os circuitos de poder das maiorias estão adentrando num funcionamento microfascista que vai nos expor a todos e a todas a vários vexames e intimidações. Durante a ditadura soviética, as heterodoxias da esquerda libertária, para não serem dizimadas pela forças policiais do stalinismo, tiveram que manter pequenos segmentos espalhados, difusos, sem ligação uns com os outros, enviando mensagens cifradas em garrafas laçadas ao mar, onde não se sabia quem as enviava nem quem eram os destinatários, e assim conseguiram fazer um trabalho político de memória subterrânea da revolta, para garantir que novas gerações pudessem ter acesso às discussões. Percebo que uma série de discussões importantes da esquerda libertária (que pra mim é sempre heterodoxa, as ortodoxias não pensam, por definição) não chegam mais nem mesmo nos partidos políticos que atualmente se dizem frentes de esquerda. As tradições culturais e intelectuais de pensamento de luta, de esquerda, estão bloqueadas, lacradas e encalacradas, banidas, fragmentadas. E agora com a perseguição policial efetiva, como vamos fazer? Negócio pegou e está sério.

A nova governamentalidade em pleno funcionamento no Ceará: um campo de experimentação da barbárie.

Shopping center, construtoras e empresas de segurança: a nova governamentalidade. Difusão e segmentação do consumo, infra-estrutura privado-público e comercialização de serviços de segurança privado-público. Consumidores, grande capital e segregação socioespacial punitiva pela construção de fronteiras entre "ilhas de prosperidade", "ilhas de prestação de serviços para as ilhas de prosperidade" e tudo aquilo que fica fora e que precisa ser mantido longe, fora e longe. Do ponto de vista civilizacional, seja ele qual for, já estamos vivendo a barbárie. E o Ceará é o campo de experimentação Z-N057 do sistema-dependente de um sub-sistema dependente de outro sub-sistema dependente. Se há um sistema-mundo, fazemos parte dos componentes periféricos das periferias das periferias relacionais. Economia de guerra e sistema de opinião encapsulados. A viagem será longa e sem experiências coletivas. Uma viagem sem viagem. Um não sair do lugar para lugar nenhum. É preciso muita imagem estimulante para fazer os corpos se enquadrarem no funcionamento do sem sentido. Imagem como instrumento de dominação sem mediações, diretamente no comportamento, no padrão comportamental.

sábado, 23 de novembro de 2013

A esquerda partidária como embrião de uma nova polícia.

O partido político dito de esquerda é o campo de emergência de novas organizações policiais. A esquerda partidária funciona como o campo de experimentação alternativo de uma nova polícia. A polícia do novo regime, do regime que está por vir com a formação de quadros para ocupar posições de polícia no Novo Estado. Desde a Revolução francesa, os quadros revolucionários mais empedernidos na construção da máquina partidária assumem após a Revolução as funções de dirigentes da Nova Polícia.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Descolado e no governo do papai e da mamãe.

Pessoal alternativo, rapaziada e moçada cosmopolita de Fortaleza, tudo vivendo de comissionado nas assessorias de governo. Dinheiro público que paga a conta do bar, e eles e elas adoram, só na maciota, "como os nossos pais", afinal, uma parte considerável é de filhos e filhas de militantes de ex-querda conhecidos por fazerem também boquinhas em governos de direita. Não confio em pessoas que parecem ser de Nova York, de Paris, de Berlim, de Londres, e trabalham para o governo, como se recebessem uma mesada dos pais. É impressionante como é comum ter estilo descolado e trabalhar por adesão para os governos do Capital. Bastava fazer o mapeamento dos filhos e das filhas de militantes da ex-querda para todo mundo entender que o clientelismo é uma atitude que se faz em casa. Onde está o filho da fulana? Num comissionado no ministério tal. E a filha do sicrano? Na assessoria do governo do estado. E o filho de beltrano? No gabinete da presidência de não sei de quem. A distribuição da militância baby dos "vermelhos" é bem facinha de ser mapeada. Até helicóptero a galera já usou para ir para uma festinha lá no evento massa de arte e cultura numa outra capital. O helicóptero do papai, ou seja, da instituição pública onde o papai é o homem do governo. E tudo de ex-querda, tudo descolado. Pessoal cabeça.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Direto e de direita, mas são "vermelhos".

E os stalinistas continuam se fazendo de vítimas, quando o desejo secreto que os anima é fazer muitas vítimas.

É muito rigor, não é?

O rigor ético, a lisura, a postura ilibada e o compromisso com a lei dos dirigentes, governantes, parlamentares, juízes, desembargadores e demais autoridades são elementos tão edificantes da nossa sociedade que eu não consigo entender por que há crime ocorrendo, quando os exemplos do alto são tão inspiradores. Não consigo. O que fazer dessa ralé que não respeita o esforço das pessoas de bem que comandam a sociedade? Alguns dizem que é para ser na bala. Que a ralé, que não tem moral nem ética como as camadas dirigentes as têm, deve ser tratada na bala. Será que é por isso que é balinha por toda parte? Que em toda esquina tem bala?

sábado, 2 de novembro de 2013

O desejo de ser reconhecido pela autoridade

Alguém aí deseja ser reconhecido pela autoridade, pelos governos e pelos estabelecidos? Vamos tentar recusar ativamente esse desejo de reconhecimento para ver no que é que dá?

Um recado amigável, apenas.

"Tomara que Deus seja mulher, para que enfim os homossexuais se livrem dele!" (Michel Foucault). E parafraseando-o, eu diria: tomara que o Dirigente do Partido seja mulher, para que enfim as feministas possam se livrar dele. (um recado amigável, apenas).

Espaços de liberdade...

Quando os Senhores e as Senhoras pensam em espaços de liberdade, conseguem imaginá-los com os Senhores e as Senhoras neles habitando, ou espaço de liberdade é apenas utopia? Se há espaços de liberdade nos quais efetivamente habitamos, tais espaços teriam que ser tão essenciais quanto o ar que respiramos. Se não é o caso, então, não há liberdade, apenas arremedo de espço. Espaços de liberdade são inerentes a quem luta pela liberdade, como se luta pelo silêncio barulhento do pensar e do agir que desfaz qualquer evidência da existência que legitima as maneiras de pensar e agir que não desejamos, porque nos aprisionam.

E o autoritarismo se refaz...

Bando de stalinista é o que são certos cretinos dirigentes de partidos e os segmentos de militâncias cegamente obedientes que compõem seus séquitos. Bando de covarde, pusilânime e desonesto. Deveria era ser proibido pela lei do Estado que eles tanto idolatram e desejam dirigir que usassem a palavra liberdade nos seus discursos. Fazem o controle mais ridículo, mais mesquinho que se possa imaginar. Recebi uma mensagem, dizendo que quando eu critico publicamente partidos políticos das frentes de esquerda, eu estou me colocando ao lado do Ciro Gomes. Sim, que eu seria um agente dos Ferreira Gomes. Como são sensíveis e inteligentes, não são? Ou seja, eu teria que ficar em silêncio total. E se criticar, a ameaça é que serei detratado como sendo do lado do Ciro Gomes. É muita má-fé, é muita canalhice, é coisa de calhorda mesmo alguém querer neutralizar críticas à esquerda, identificando-a e identificando quem a fez com a crítica e o tipo de gente que está à "direitona", na base autoritária capitalista dos governos. A militância do PT já tinha feito a mesmíssima coisa. Não, não é necessário. Abaixo o stalinismo na frente de esquerda! Não me calarei.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Quer dizer que não é violência?

Quer dizer que não é violência o filho do Eike Batista fazer uma conta de 16 mil reais numa noite numa boate? O dinheiro é dele, né? Sei. Quer dizer que não é violência o fato de haver constituição sem garantias, os direitos negados à maioria e os deveres cobrados pela polícia? Quer dizer que não é violência a concentração de riqueza privada? Quer dizer que não é violência domesticar os sentimentos de revolta, canalizando-os para eleições? Não é violência ser eleitoreiro? Num momento crucial de contestação da ordem, militâncias partidárias de frente de esquerda tudo se refestelando com eleições nas redes sociais virtuais, comemorando eleições do ano que vem? Não é ridículo isso? Quer dizer que não é violência uma criança brasileira nascer numa favela com IDH de 0,3? Mas é violência que uma minoria dessas crianças nascidas na falta de garantias constitucionais cometa em algum momento da vida alguma violência criminal, né? Por que o cidadão é de bem, aí pode não ver violência na exclusão, mas pode ver violência no resultado dela? E por que o cidadão de bem não vê violência nos crimes cometidos pelos ricos e poderosos, muito pelo contrário, faz é se orgulhar de votar neles, de ter criminosos ricos e poderosos como representantes e dirigentes do Estado?

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Censuras e mais censuras

Facebook do Obama só pode estar frescando comigo: ontem me baniram e pediram cópia do meu RG para eu ser aceito de novo, hoje estão pedindo meu telefone. Zorra é essa? Eu que sou um colaborador da empresa, operário padrão do Facebook, e estou tendo que brigar para não ser demitido. Lá vai! Já enviei RG, agora vou enviar meu telefone celular, que querem confirmar quem eu sou. Valha minha nossa senhora! Diabo é isso?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Depois da Lei de Segurança Nacional...

A partir de hoje, minha página no Facebook não é mais recomendável nem para crianças, nem para a maioria silenciosa, por uma determinação da Lei de Segurança Nacional. Só não consigo entender por que a maioria silenciosa que nunca lê o que eu escrevo continua ignorando a posição de se manifestar sobre aquilo que a deixaria numa condição de relação com a exterioridade da maioria silenciosa. Vão ficar entregando nós pra polícia só na maciota, é? Só no segredo, só no silêncio? Tudo amigo de nóis e se mantendo no silêncio de maioria que nos entrega pro pau de Arara? Olha lá!!! A arara passou...

Um passarinho verde me contou que...

Somos desqualificados em bloco como grupelhos, quando sabemos que isso não é verdade, entre nós há uma grande heterogeneidade de pensamento, a grande diferença é que nós tentamos conviver com a pluralidade, pois gostamos moralmente e esteticamente da pluralidade. O fato de se referirem a nós, como uma ameaça à hegemonia cidista, que estamos aqui buscando criticar, fazer reflexões, propor outras maneiras de existir, é um indício de que o que escrevemos aqui não é de todo inofensivo. Saudações libertárias.

Democracia policial militar no Brasil.

Não deixa de ser sintomático que PM, instituição falida, com baixa confiança da população tenha se tornado a menina dos olhos dos políticos. A PM, reprovadíssima nas pesquisas de confiança institucional, que mete medo em todos e todas, que tortura, que faz extermínio, que faz armas circulares, que faz seus membros se suicidarem, que é terrível inclusive com os indivíduos que estão sequestrados por ela, é a instituição mais importante da democracia no Brasil? Quando governantes dependem de forças policiais de segurança para se proteger de protestos com repressão policial, a população vira inimiga, qual foi a instituição que foi criada para agir com este objeto, a população inimiga? A PM brasileira. Ou seja, o que era obsoleto, virou da hora! Espero que possamos gerar coletivamente uma onda de insubmissão diante do intolerável.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por que será?

Por que será que pessoas altamente intelectualizadas estão vindo com papos anti-intelectualistas e, em outro registro, pessoas altamente distantes dos cotidianos de luta das camadas populares só falam em ação direta nas ruas como o supra sumo da ação política? Questões que não querem calar. De um lado, intelectuais falando mal da vida intelectualizada. De outro, segmentos de classe média sem história de enraizamento em lutas populares, apresentando-se como a essência da luta, apenas por fazerem campanhas eleitorais para camadas médias em lugares da cidade destinados para o uso e a moradia de camadas médias e médias altas. Apenas questões para se pensar.

Crime de endividamento ilícito.

Uma vez uma pessoa entrou em contato comigo para me ameaçar, uma pessoa do governo, assessora de governo (não foi uma única vez), mas nesse caso a ameaça era clara: "amigo, Leonardo!" (vocês sabiam disso? Os assessores de governo sempre nos chamam de amigos?), "amigo, Leonardo! Olhe que tem gente com telhado de vidro e que fica dando uma de moralista mas que a casa também pode cair!". Ele estava falando de mim, é claro. Esse era o recado. Sabem o que eu respondi? Denuncio com a segurança ontológica de quem possui dívidas que ultrapassam a soma de qualquer soma de conta corrente, patrimônio e bens que eu possa ter. Ou seja, um homem com dívidas é um homem livre! Quem deve, não teme! Como posso ter telhado de vidro se minha herança é em dívidas? Existe crime de endividamento ilícito? O ditado popular está errado, neste caso.

Alguma ironia é possível.

Do jeito que a timeline está quente, só está faltando o pessoal num arroubo começar a dizer que apoia a luta armada contra o Estado. Está por uma peinha. Já vimos esse filme na história recente do Brasil. Com o detalhe de que o pessoal só começou a falar de luta armada depois de 4 anos de ditadura e após o AI-5. Negócio está meio exagerado demais, não, galera? Um monte de gente que não sabe nem pegar numa arma, só sabe ler livros e escrever, começar a falar de luta armada, pra mim é uma furada sem tamanho. É uma precipitação sem tamanho. E é um erro, um erro histórico que não precisa ser repetido.

Contra a militarização de qualquer tipo.

Na minha avaliação, a luta armada das esquerdas na década de 1970 foi um erro, foi um erro político, foi um erro ético, foi um erro histórico. Sou contra qualquer tipo de luta armada, qualquer tipo de militarização de luta extra-política, no sentido revolucionário. Ou seja, eu não sou revolucionário. A revolução é o mecanismo da guerra moderna. Sou contra revoluções. Sou a favor da revolta radical e libertária contra o sistema, sem uso da violência, de modo pacífico, fazendo da organização popular a força da transformação. Não é o povo armado que derruba nada, isso é ilusão vanguardista e arrogante, lugar de onde a Dilma veio, Serra e Dirceu, lugar de arrogantes. É o povo organizado que pode se contrapor ao funcionamento do sistema de dominação capitalista. Precisamos de mais radicalismo de pensamento e menos radicalismo muscular, quem gosta de músculo é milico, seja milico de direita, seja milico de esquerda. Está todo mundo cedendo a discursos muito rasteiros e cegos quanto à dimensão histórica da luta política contra o Estado. É a minha avaliação, se vocês dispõem de uma avaliação melhor apresentem. Só não apresentem soluções ilegais. Para isso, é melhor vocês entrarem na ilegalidade logo de vez. O que para mim seria um grande erro. Contra os partidos é uma coisa, militarizar a luta é outra muito diferente. Lutas militarizadas não me interessam, apenas lutas literárias, estéticas, filosóficas, artísticas, ou seja, lutas com formas de pensamento que transformam a realidade. Saudações libertárias.

Pelo menos, não é?

Se um dia tivermos que ser presos políticos novamente, que sejamos presos políticos por causa de livros, poesias, peças, músicas e outras formas de ação cultural que foram consideradas subversivas. Não há nada de subversivo em usar a massa muscular, nada mesmo. Subversão se faz com o cérebro, não se faz com os músculos. Sempre fui na escola do lado dos que não sabiam usar os músculos, sempre me bati de frente com quem usava os músculos para humilhar os outros. Vou permanecer até morrer nesse lado fraco da força, o lado dos que só sabem ler, escrever, fazer música, poemas, críticas e dizer coisas desconcertantes para os que exercem o poder.

Sou pacifista?

Eu sou pacifista. Sou contra a guerra revolucionária. Revoluções são sangrentas. Sou contra as revoluções, pois são sangrentas e fazem emergir novos estados que são mais ditatoriais do que os estados que foram derrubados. Quem diz revolução, diz o Estado. O Estado e a revolução, de Lenine, a disciplina da fábrica com contra-disciplina revolucionária. E também os comentários de Engels às críticas de Marx à forma com anarquistas revolucionários estão apregoando a revolução sem questionar a forma histórica do estado capitalista. Sem falar em Sobre a revolução, da H. Arendt. Aliás, sem falar no tema da revolução como tema central da reflexão de Kant. Na modernidade, revoluções produzem estados, não? Sim, estou falando faticamente. Apenas faticamente. Sem filosofia da história. A revolução tal qual concebida na modernidade é a invenção histórica do novo estado. É uma questão que remete a um campo de historicidade, não a uma ontologia da forma estado e à revolução como categoria central de mediação de tal realização. Antropologicamente, não há nem humanidade, há multiplicidade de práticas humanas, quem inventou negócio de humanidade foi Hegel.

Dogmatismo cega.

Quando as pessoas param de escutar o que os outros dizem, quando acham que aquilo que os outros dizem é uma grande bobagem que não merece nenhuma atenção, quando as pessoas adotam uma atitude de abraçar seus próprios pontos cegos, sem tentar enxergar com a ajuda de outras pessoas, pois da ajuda de outras pessoas para enxergar algo todxs precisamos, ocorre quando as pessoas foram tomadas pelo puro dogmatismo, e puro dogmatismo, é descarga de emoções, e descarga de emoções é aquilo que alimenta práticas fascistas de direita e de esquerda. É hora de escutarmos uns aos outros. Vocês estão ficando isolados. Estão falando apenas para si mesmos. Apenas entre si. Não deu para perceber ainda o isolamento? Se liguem. A fala de vocês ficou endógena. Não está convencendo nem pessoas próximas. A violência vai aumentar. A intimidação também. Não é hora para ficar alimentando pontos cegos. Vai todo mundo entrar no corredor polonês desse jeito, pois são muito poucos. Pouquíssimos. E estão todos mapeados.

Problematizar a relação com o estado.

Problematizar nossa relação com o Estado, com os partidos, com os dispositivos de segurança, com o sistema de saúde, de educação, de previdência, enfim, discutir as situações de dependência, seja no modo da integração marginal ou da marginalização integrada, é um tema que precisa compor as agendas específicas de vários fóruns. A tarefa política contemporânea passa pela problematização da relação dos indivíduos com essas entidades sociais estatais que promovem certos modos de vida em detrimento de outros, mas, principalmente, em detrimento das autonomias relativas de indivíduos e coletivos. Certa aversão de segmentos ditos de esquerdas a esse debate tem favorecido um apropriação quase que monopolizadora por segmentos conservadores, ultra-conservadores ou neoconservadores (ditos de esquerda e de direita) desse tema. Os meios de fantasia que estão sendo investidos pelas políticas de governo estão promovendo a difusão de maneiras fascistas de se relacionar com os outros e também maneiras autoritárias de centralização do exercício do poder público pela concentração do investimento em modos de vida que são autorizados pelas fantasias de grupo de segmentos fascistas (de direita e de esquerda). A socialidade contra o Estado e a recusa ativa das formas de dependência impostas pelas políticas de governo são atitudes que multiplicam, no campo de forças reais, as práticas políticas que lutam por autonomias relativas e negociações em torno de relações de interdependência mútua que não estejam centralizadas em mecanismos de subjugação do outro, como no caso das situações de dependência por integração marginal ou por marginalização integrada que parecem ocupar as pautas de ação dos governos ditos de direita ou de esquerda e também dos pequenos partidos que se dizem das frentes de esquerda, que não dizem muita coisa contra o Estado por que sonham dele se apoderar para implantar ditaduras, nomeando-as com nomes bonitos como "democracia popular" ou "campo democrático", o sonho de todo partido, como é o sonho de toda empresa, é monopolizar o mercado, destruindo concorrentes.

Maioria silenciosa.

Tenho mais medo da maioria silenciosa que é nossa vizinha, nossa colega de trabalho, etc. do que da PM espumando pela boca querendo matar e torturar pois são indivíduos de "espiritualidade elevada", obedientes nos quartéis e nas igrejas, como a maioria silenciosa. Todavia, a maioria silenciosa quer ver todxs nós pendurados no pau de arara, sempre foi assim, não iria mudar em 30 anos. Então, vamos ter muito cuidado com a polícia da maioria silenciosa. A polícia fardada, no fundo no fundo, só faz morder, quando alguém solta o bicho, se colocar o bicho na coleira de novo, ficam lá latindo no canil, fazendo ordem unida e levando grito do comandante o dia todo. Mas a maioria silenciosa não, é composta de indivíduos ressentidos que tem ódio de si, e que nos odeiam muito, são vizinhos, pessoas de bem, colegas. Muita atenção é pouca.

fatos da vida.

Observação inocente da realidade: nunca eu encontrei com militantes do PSTU em bares e restaurantes da alta burguesia que eu costumo frequentar de vez em quando, moderando na conta do cão (cartão de crédito). Mas sempre eu encontro militantes do PSOL nesses lugares, em geral, homens, brancos, com cara de bom moço e destinados a serem dirigentes do Partido. Por que será? É apenas uma observação, sem nenhum veneno, é claro. E, por favor, não compartilhem essa minha pequena sacanagem, beleza? É só por que hoje é sábado!

Apanhar da polícia não é bom.

São tantos os registros de cidadãos e cidadãs apanhando da polícia no Brasil que estou começando a achar normal, como se fosse algo da Natureza Humana. Mas tem gente que baba e mostra os dentes, vendo as fotos de pessoas sendo massacradas. Um pessoal que cairia com um tapa no pé do ouvido, chorando. Por isso amam os filhos da Nação, amam a PM, o Brasil ama a PM, apesar de detestá-la. A farda da PM é a única instituição política do Estado Democrático de Direito no Brasil que ainda funciona. Estamos bem! Pois são muitas as pessoas de bem compondo a Nação.

O artista no Ceará dá certo!

No Ceará, só tem um jeito de artista dar certo, é abraçando o jeito Tasso de ser ou o jeito que os traidores do Tasso deram pra ser, é tudo no traço. Só na competência e no sorriso e no abraço apertado, no aperto de bochecha e declarações de amor e amizade para todo o sempre . A polícia dos artistas se faz sem política, ou seja, com muitos abraços e declarações de amor, desde a infância perdida em que todo mundo estava se amando junto e misturado, menos a favela, onde apenas se vai fazer sexo e cheirar o suor do povo. É tudo tão repetitivo, não é? Já era assim na década de 1970, 1980, 1990, etc. Os artistas do Ceará são sempre uma piriquitinha, uma bucetinha, uma bundinha, um pauzinho de governo. Tudo na melhor das intenções, celebrando Sampa, Rio e se houver champanha paga com dinheiro do titio Tasso, dá pra chegar em Paris, Nova York e para os que querem brilhar, passando-se por inteligentes por mais da conta, Berlim. Meninada sadia! Viva a moçada e a rapaziada criativas do Ceará. Tanto glamour. Tanta macaxeira. Tanto esquecimento. Tanta broca. (estou mentindo?)

A ilusão da maioria.

Que porra de ilusão de maioria é essa! Que fantasia é essa de acharem que podem ser maioria nessa palhaçada. Não são maioria. Só na performance de si. Quem deseja ser maioria é partido.

à esquerda dos fracos.

Prefiro ser da esquerda Woody Allen do que dessa nova esquerda Brad Pitt, cheia de músculos para brigar com a polícia. Às vezes, fico com a impressão que o pessoal está fazendo mais malhação do que lendo livros, vendo filmes e lendo poemas de amor de Neruda. Entre a esquerda que nasceu para ser vítima e a esquerda que nasceu para ser dos 300 de Esparta, prefiro a primeira: a esquerda inteligente e atrapalhada que não sabe usar os músculos. A esquerda dos fracos.

Ninguém convence ninguém.

Ninguém convence ninguém. O que parece evidente, jamais é evidente. Camaradas, não há luta ideológica em curso. A luta é da ordem da crueldade. É diferente. Não se exponham aos vizinhos. O vizinho foi quem instaurou a ditadura militar no Brasil. O vizinho é mais perigoso do que a PM. Prefiro apanhar da PM do que ser submetido à observação cuidadosa das pessoas astrais, alternativas, descoladas e cosmopolitas que formam os governos que soltam os cães da PM sobre nós. Ninguém convence ninguém.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Ode às segundas-feiras.

E nesta segunda-feira, agentes policiais do Estado Democrático Popular do Brasil continuam sendo adestrados nos quartéis para bater, torturar e matar cidadãos e cidadãs no dia a dia das cidades, tenham cometido crimes ou não, reprimindo e massacrando a população do próprio Estado Democrático de Direito que representam, como agentes da lei. Juízes continuam vendendo sentenças e a presidenta da República vendendo o país, usando o Exército para não haver contestações da ordem política e social, quando até mesmo a Petrobras diz ter dúvidas sobre o que estão a fazer. A maioria silenciosa continua silenciosa. Os fascistas continuam no poder e andando engravatados em restaurantes caros. As igrejas continuam ensinando o que é o certo, ou seja, conseguir dinheiro e ir passear no shopping center, como todo filho de Deus. E a agenda de trabalho da gente continua lotada, pois a base não pára de produzir riqueza para que os senadores e governantes possam fazer banquetes caríssimos com dinheiro público. Um viva para a República brasileira de Puerto Rico, senhores e senhoras!

domingo, 20 de outubro de 2013

Sonhos fascistas e stalinistas são nossos piores pesadelos.

Sabe o sonho fascista e stalinista por excelência? Decretar que todas as manifestações contra governos, patrões, autoridades públicas, políticos profissionais, partidos, igrejas, ou seja, todas as manifestações contra a opressão, a dominação, a exploração e a injustiça serão punidas com prisão ou pena de morte sumárias sem julgamento e com requintes de crueldade pelos algozes remunerados pelo Estado para isso. Os sonhos do Estado são os nossos piores pesadelos. É preciso resistir. Saudações libertárias!

Não há luta sem maneiras de pensar como agir.

Como seria lutar sem palavras? Lutar sem maneiras de pensar imbricadas às maneiras de agir? Como seria lutar sem sentimentos? Como seria lutar sem imagens de pensamento? Como seria lutar sem poesia? Sem reflexividade? Não seria lutar, a meu ver, seria consumir mercadorias fazendo uso do corpo como cliente. Se não houver pensamento nas barricadas, não há por que fazer barricadas. Se não houver pensamento no agir corporal, não há força de luta, apenas movimento e movimento não é ação. Agir é transformar pela força do pensamento, no campo das práticas, os sentidos impostos ao corpo dado. O corpo para se revoltar precisa se livrar de si mesmo, precisa arrancar de si os aguilhões de ordem, pois o corpo pode estar enfeitado como estiver, dispondo de estilos de corpo dispostos em prateleiras de supermercados, se não estiver numa relação de contraposição a si próprio, fazendo do corpo um objeto contra o qual se realiza uma revolta, contra a ordem que se apodera do corpo, dificilmente, haverá algo diferente do que se passa com o corpo quando se encontra prisioneiro das encruzilhadas da satisfação ou da insatisfação de seus desejos, que são os desejos socialmente produzidos. Sem pensamento, não há corpos possíveis, e não há revolta. O pensamento torna possível fazer algo diferente do que se fazia. Sem a força do pensamento, no campo das práticas reais, não há constituição de espaço livre. Tenho profunda desconfiança diante daquilo que é dito espontâneo, natural, que vai de si, que segue a música, que brotaria de algum lugar puro de um sujeito que grita a revolta nua de um sujeito nu, muito melodramático demais para o meu gosto moral e político. A mistificação do movimento pelo movimento, movimento de corpos dados, de corpos ordenados até mesmo quando contestam algo, não constitui revolta contra a ordem propriamente dita. Expressa mais insatisfação, e a insatisfação é algo da ordem do consumo, do dinheiro, da mobilidade urbana.

sábado, 19 de outubro de 2013

Problematizar a relação com o Estado: uma tarefa política.

Problematizar nossa relação com o Estado, com os partidos, com os dispositivos de segurança, com o sistema de saúde, de educação, de previdência, enfim, discutir as situações de dependência, seja no modo da integração marginal ou da marginalização integrada, é um tema que precisa compor as agendas específicas de vários fóruns. A tarefa política contemporânea passa pela problematização da relação dos indivíduos com essas entidades sociais estatais que promovem certos modos de vida em detrimento de outros, mas, principalmente, em detrimento das autonomias relativas de indivíduos e coletivos. Certa aversão de segmentos ditos de esquerdas a esse debate tem favorecido um apropriação quase que monopolizadora por segmentos conservadores, ultra-conservadores ou neoconservadores (ditos de esquerda e de direita) desse tema. Os meios de fantasia que estão sendo investidos pelas políticas de governo estão promovendo a difusão de maneiras fascistas de se relacionar com os outros e também maneiras autoritárias de centralização do exercício do poder público pela concentração do investimento em modos de vida que são autorizados pelas fantasias de grupo de segmentos fascistas (de direita e de esquerda). A socialidade contra o Estado e a recusa ativa das formas de dependência impostas pelas políticas de governo são atitudes que multiplicam, no campo de forças reais, as práticas políticas que lutam por autonomias relativas e negociações em torno de relações de interdependência mútua que não estejam centralizadas em mecanismos de subjugação do outro, como no caso das situações de dependência por integração marginal ou por marginalização integrada que parecem ocupar as pautas de ação dos governos ditos de direita ou de esquerda e também dos pequenos partidos que se dizem das frentes de esquerda, que não dizem muita coisa contra o Estado por que sonham dele se apoderar para implantar ditaduras, nomeando-as com nomes bonitos como "democracia popular" ou "campo democrático", o sonho de todo partido, como é o sonho de toda empresa, é monopolizar o mercado, destruindo concorrentes.

Uma reflexão sobre hegemonia e contra-hegemonia.

Em geral, a resposta à pergunta sobre "qual o problema" a ser resolvido opera com um reconhecimento social que faz desconhecer os pressupostos implícitos do problema dado. A pergunta "por que o problema" existe, também, em geral, leva à consideração de atribuições de causas que estão disponíveis no repertório da agenda hegemônica. A dedicação à questão sobre como "superar" problemas pode ser uma tremenda armadilha, uma vez que quase sempre parte-se de uma agenda dada de problemas para buscar respostas que seriam "alternativas", mas a agenda é o que define o mecanismo de hegemonização e não o leque de caminhos de superação de problemas. Neste sentido, penso que práticas políticas contra-hegemônicas precisam problematizar os problemas dados, desconstruir a agenda de problemas dados, tentar superá-los, sem fazer a desconstrução pela problematização daquilo que o problema dado não diz sobre si, pois buscar superar problemas dados seria reafirmar a hegemonia da pauta dominante de problemas que diz quais problemas merecem ser reconhecidos como problemas relevantes, publicamente importantes. Superar problemas é um discurso que remete a questões de gestão e vem sendo usado para despolitizar a política em nome de questões de gestão. A prática política é a negociação da relação de poder na constituição da agenda de problemas socialmente reconhecida e politicamente investida de agenciamentos múltiplos, e não apenas estatais. A criatividade é para problematizar novos problemas que não são reconhecidos pela pauta dada e não para superar problemas dados pela pauta dada.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O delírio é nosso!

Por favor, não vamos esquecer que todos e todas, sem exceção, inscrevemos formas de delírio na realidade. Então, antes de apontarem o dedo para o delírio do Outro, fazendo do delírio do Outro um atributo de sujeito que assujeita o Outro em alguma identificação de paranoia como entidade clínica dada, voltem-se para uma auto-análise ou análise das práticas de partilha de delírio que quase ninguém percebe como tais, exceto quando não se as toma como naturais, uma vez que nas práticas de delírio com que denunciamos a realidade como demasiadamente brutal para nossa fragilidade, realizamos as mais distintas e inglórias produções de miséria humana, principalmente, no nosso entorno.

Sobre a participação do PSOL do Ceará em comissão fantasma da Câmara Municipal de Fortaleza e crítica à nota de esclarecimento do partido.

Quem denunciou a comissão fantasma na câmara municipal de Fortaleza foi o jornal O Povo, ok? Quer dizer então que o PSOL não foi vanguarda na denúncia? Dormiram em serviço? Estavam numa comissão fantasma e não a denunciaram? Não denunciaram que era uma comissão fantasma? Participaram de uma comissão fantasma sem denunciá-la? Só adotaram atitude republicana de transparência depois da denúncia feita pelos outros, pela imprensa burguesa? Vergonha alheia, hein? Nota zero para o "vanguardismo denuncista" do psolismo, nota zero. Um partido que se afirma radical e que sua principal tarefa é denunciar a velha política em nome da nova política e acaba vítima "inocente" de denúncia de manter cargo em comissão fantasma? Sem falar que a nota de esclarecimento do PSOL (vocês podem lê-la lá no site deles), em nenhum momento, assume algum tipo de responsabilização pelo fato de ter um assessor numa comissão fantasma. A culpa é toda do outro. Isso vai na contramão da noção contemporânea de co-responsabilização, de compartilhamento da autoridade e do exercício de poder, discurso que o PSOL usou na campanha eleitoral, de accountability social no setor público, de prestação de contas. Se há participação numa decisão da presidência de uma instituição da qual se faz parte, essa participação efetiva se configura como virtual co-responsabilidade na tomada de decisão. Se há co-responsabilidade virtual, é preciso haver co-responsabilização efetiva de algum modo, guardando as devidas proporções de implicação no processo, mesmo que os pesos e as medidas dessa responsabilização estejam estabelecidos de modo desigual, não se pode fugir da co-responsabilização, não se pode, ao menos fugir de assumir o erro, a nota não assume nenhum erro, apenas se auto-elogia, é infantil nesse ponto. O fato da nota do PSOL não assumir nenhuma responsabilização pelo fato de ter assessor em comissão fantasma, mas simplesmente dizer: nós que fazemos tudo certo, somos puros e éticos, e trabalhamos de fato, fomos surpreendidos por isso, é o mesmo tipo de argumento que o PT vem usando nesses anos todos para justificar que está sendo sempre vítima de armadilha e de perseguição. As falas de políticos do PT sempre são assim. O PT não assume nunca a responsabilização sobre os casos em que se constata irresponsabilidade compartilhada, o que exige algum nível de auto-responsabilização. O PSOL parece ter herdado essa cultura política do PT. Por isso, não confio no PSOL, como herdeiro da cultura política do PT, como as evidências vem mostrando também no plano nacional com as atitudes de Randolfe e Ivan Valente. Não assumir nenhuma responsabilização numa nota de esclarecimento é pueril, em primeiro lugar, mas é também arrogante, é algo pretensioso, pois por mais que se diga que tudo vai bem, algo não estava bem, o PSOL estava sim, de fato, ocupando um lugar numa comissão fantasma, isso é um fato que nem o PSOL negou. Disse que não sabia. Mas pelo que eu saiba, na ordem jurídica, não se pode fazer uma defesa alegando desconhecimento da lei, né? Ademais, houve o reconhecimento pelo PSOL de que praticou desvio de função do assessor. Recebendo por uma comissão fantasma e trabalhando de fato para outra. Ou seja, assumiu que se valeu de uma gambiarra que não é legalmente respaldada. Essa prática foi já criticada pelo PSOL, pois era amplamente usada na gestão Luizianne Lins. Ou seja, PSOL não assumiu o executivo, apenas um mandato parlamentar, e perde o controle sobre essa prática? Imaginem na escala de uma gestão de uma metrópole? Não convence a nota de esclarecimento. É fraca e arrogante. Não assume o erro. Perde confiança do eleitor.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Liberdade de pensamento. Desobediência civil. Democracia absoluta.

Muita atenção e nenhuma obediência. A pior polícia é a polícia que esmaga o pensamento. É a neutralização do ato de pensar. O núcleo forte da força é o pensamento, não há correlação de forças sem pensamento. Pensar é buscar o sentido de algo enquanto objeto de pensamento. Pensar é por-se fora da ordem. Pensar é radical.

Nenhum desejo em ser maioria.

A única coisa que me deixa tranquilo é que eu nunca na vida tive desejo de ser maioria. Apenas para quem nutre este desejo, o cenário é insuportável. Para mim, a maioria sempre foi insuportável. Desejar o insuportável é um contra-senso. Faz mal à saúde. Devir-minoritário é uma forma de vida de quem escapa ou tenta escapar do mal da maioria, o mal de rebanho, o que não quer dizer que também não façamos parte de rebanhos, não há seres alados nesta conversa, apenas seres rastejantes. Mas há quem rasteje chafurdando na maioria, refestelando-se nela, e há quem rasteje na maioria, empurrando-a de lado, lançando-se para os cantos, para as beiras, para os buracos negros que a atravessam.

A polícia é a fundamentação?

Quem tiver um critério de verdade que possa funcionar como critério naturalmente ou politicamente ou epistemologicamente ou axiologicamente superior de unificação do conjunto das relações sociais, por favor, apresente-o argumentativamente com uma fundamentação racional que não seja metafísica. Em nome de quem? Em nome de quê? Não é tão fácil, não é? Se fosse fácil, não haveria polícia na fundamentação última do real.

Esses bastardos! Lembrando de Diário de um ano ruim.

Os governos brasileiros reprimem a população como se fossem arautos da mais elevada realização do Estado Democrático de Direito, e não são, são uns bandidos cafonas que não foram incriminados por atuarem usando o campo da política para assumir estruturas de governo e se refestelar na remuneração com dinheiro público. Não são nem aqui nem na China representativos do que quer que se possa chamar de Democracia, esses canalhas estelionatários. São governantes corruptos, sem compromisso, violentos, desonestos, salafrários e covardes que cometem vários crimes, que se associam com grupos criminosos de todo tipo, principalmente, grupos criminosos que detêm altas somas de capital. A revolta contra o governo brasileiro em todas as esferas é a coisa mais legítima e necessária que possamos pensar nesse universo torpe da estrutura política no país. Espero que as revoltas se intensifiquem e tornem a vida dos governantes, esses estúpidos e bastardos governantes, com seus partidos políticos decadentes e bandidos, um inferno. Fazer da vida do governante um inferno é o princípio de exercício da cidadania ativa nesse país. "Os sonhos do Estado são os nossos piores pesadelos". Democracia absoluta ou barbárie! Anarco-punk vive! Já fui criança, eu sei.

Pimenta nos olhos dos outros é refresco!

Democracia nos olhos dos outros é refresco. E haja democracia especializada em técnicas policiais ditatoriais da porra! Desse jeito, com repressão policial contra manifestações, com tortura, com execuções sumárias, prisões ilegais e muito abuso das autoridades, vamos ter de usar o porta-estandarte do Estado Democrático de Direito para limpar...as lentes dos óculos, embaçados de tanto gás lacrimogêneo. Se o cão de guarda perverso não te der uma mordida na bunda antes com uma bala de borracha, é claro. O que esse pessoal anda estudando nas faculdades de direito e academias de polícia do país, hein? Carl Schmitt? Lei de Talião? Lei Chico de Brito? Ou simplesmente está todo mundo no silêncio do cada macaco no seu galho? Por que então foram inventar brincar de democracia? Quem com ferro fere, com ferro será ferido? A democracia real bateu na porta da frente para visitar a casa e o Sinhorzinho mandou esconder os capangas na cozinha, tomando cafezinho na companhia das iás? Oligarquia nos olhos dos outros é refresco, isso sim! Estado Democrático de Direito é o apelido do mascote da polícia. Democracia real ou barbárie. Escolham seus papeis.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mais um dia sem Deus

Nesta segunda-feira pela manhã, acordo para a vida, mais um dia sem Deus no coração, exulto, comemoro, a alegria emerge no meu espírito ao lembrar da condição radical de finitude, e o fato de não crer na crença me dá forças para um novo dia de trabalho, de criação e de trocas humanas significativas, mediadas pela arte, pela literatura, pelos saberes, pela música, mas, fundamentalmente, pela pesquisa e pela dúvida, essas danadas em eterna danação, e pelo pensamento crítico e radical enquanto experiência da finitude no devir. Gostaria muitíssimo a agradecer às criações humanas que nos fazem sentir que o desafio de si e a tarefa de inventar o próprio sentido da existência são para além do bem e do mal, o que há de mais prazeroso e desafiante, mesmo na dor e nos sofrimento, nunca dar as costas para a vida em busca do além-mundo, viver sem angústias, sem culpas, sem carolices, sem transferência do aguilhão do escravo para o outro, apenas respirando o entorno humano de um mundo misturado e impuro e matéria rica na impureza que nos instaura no próprio desafio do que estamos sendo, na pluralidade do sem Um. Liberdade humana se faz sendo. Graças à criatividade que distorce o compromisso com a realidade supostamente dada do que é ofertado pelos códigos de arrebanhamento. Uma semana de muita música, arte, amor, beijo na boca e transgressão. Muita transgressão! Contra a ordem insana, façamos amor no caos!

Não servem mais

Estado e sociedade civil não são categorias políticas e muito menos analíticas com as quais se pode pensar e agir sobre algo na atualidade do funcionamento das coisas. São categorias fantasmas. Reféns de um modelo político-institucional, modelo jurídico da soberania, que é o grande fantasma, ancorado na teoria geral do sujeito. Se não houver novas maneiras de pensar, as atuais maneiras de agir não passarão de performances com nomes estrangeiros.

O desejo opressor do oprimido

O que fazer quando os oprimidos, de tão oprimidos, sentem ódio dos que são também oprimidos e desejam a morte e o aniquilamento para os oprimidos, tornando-se um instrumento da opressão, contra seus próprios irmãos e irmãs, e a favor dos opressores, pois desejam o lugar de opressores? O que fazer quando os oprimidos escolhem como meta de vida consumir mercadorias baratas que imitam as consumidas pelos opressores no shopping center dos opressores? O que fazer quando os oprimidos escolhem como caminho da salvação a religião dos opressores? Situação complexa, não é?

Fajutices de militantes de luta

Não sei se vocês já repararam que aqueles e aquelas militantes "de luta" que reclamavam da teoria, queriam as coisas mais simples, chamavam para a prática, para a ação, para fazer e falar menos, como obreiros de partidos, em geral, se tornaram cargos comissionados de governos, assessores parlamentares, e vivem da distribuição de cargos na base do jogo de influência. Prefiro ficar no plano da crítica a "construir" coisas como tais fajutices. Aliás, toda vez que algum militante vem com papo de "vamos deixar de blá-blá-blá e fazer", em poucos meses a renda familiar está sendo paga por algum vereador, deputado ou pelo próprio governo. Querer fazer as coisas na prática, sem conversa fiada e tal, é a bravata do capacho do poder.

A lei do cão

Pessoal, eu ouvi falar que amanhã todos vão respeitar as leis, é verdade? E que todos que desrespeitarem a lei em tais condições serão justamente punidos, contrariando a grande maioria esmagadora que obedecerá à lei, inclusive, pagando impostos, é verdade? Me disseram que até o juiz que vende sentenças, o policial que vende armas, o desembargador que vende banha e o governador que vende a mãe vão respeitar a lei, né? Estou animado com este evento de cidadania. Super empolgado! O Brasil tem jeito, sim! Só precisamos ter fé e confiar no pastor e no padre, aí vamos ser melhores como seres humanos e cidadãos da nação.

Dreams

Pessoal, eu sonhei que os militantes dos partidos das frentes de esquerda não estavam interessados em cálculos eleitorais, nem em arregimentar quadros para a reprodução da estrutura do partido, nem desejando centralizar decisões, nem estabelecer instâncias dirigentes como dispositivos morais e nem mesmo querendo eleger parlamentares e gestores públicos para distribuir cargos entre os quadros do partido. No mesmo sonho, sonhei que os assessores de governo não estavam mais querendo lamber as botas dos governantes em troca de uma viagem para Miami com a sogra. E, para finalizar, sonhei que juízes não vendiam sentenças, policiais não vendiam armas, professores da universidade não vendiam o corpo em atividade prostituinte, desembargadores não vendiam serviços de pistolagem para empresários e empresas não vendiam drogas lícitas e ilícitas para formar caixa-dois de governos e partidos. Enfim, sonhei, mas acordei. Quem é da base, como eu, como nós, só resta trabalhar, pagar impostos, se endividar para não ter de viver na ilegalidade, e torcer por uma morte menos dolorosa do que a do próximo. E que os militantes "revolucionários" dos partidos políticos e os assessores "socialistas" de governo continuem nos bares e restaurantes, sorrindo e se abraçando uns aos outros, enquanto nós trabalhamos. Saudações libertárias!

A recusa ativa.

A recusa ativa é negar ser fonte de reconhecimento para representantes, sejam quais forem, sejam de onde forem. Não aceitar ser um elemento ou um agente da política de reconhecimento financiada pelos ativos de fantasia de grupo que se investem no e como Estado. É claro que a recusa ativa que fazemos tem um preço. Recusar ativamente a representação é tornar-se alvo das práticas de vingança, de crueldade e de retaliação, movidas pelo imenso acúmulo de ressentimentos que chamamos de Estado. Recusar ativamente reconhecer a autoridade enquanto autoridade, o representante enquanto representante, os governantes enquanto governantes, essa recusa acarreta em perdas no jogo do sucesso, do dinheiro e do poder, então, só entre para as frentes libertárias de resistência se estiver seguro de que não irá sofrer com a perda de dinheiro, sucesso e poder que acompanha qualquer atitude de recusa ativa dos "poderosos", dos "endinheirados" e das pessoas de "sucesso". É preciso ter coragem para recusar. Um pouco de loucura, um pouco de coragem e alguma dignidade própria, é claro. Assim, a gente entorna o caldo para o lado dos bastardos que se consideram superiores às bases que produzem coletivamente a riqueza, ficando com as dívidas de modo permanente. Saudações libertárias!

Crítica política censurada pelo jornal verde-amarelo da nação.

E o rapaz, militante de partido de frente de esquerda, que atua como menino de recado de dirigente partidário, carregando até cosméticos para adornar um pouco a máscara rapace do dirigente, preparando-o para o espetáculo, e também faz cara feia de bicho bravo, chamando os adversários de "seu bobão, seu feião" numa performance meio "o pau dele é meu, todo meu, o pau dele é o meu pau", afinal, o rapaz "revolucionário" quer dirigentes "homens", sempre homens, já notaram, não é? Um modo de juntar na cúpula do partido um pauzão bem grandão para bater sobre a mesa e dizer, do mesmo jeito que diz o playboy "socialista" no poder: "meu dirigente é pica grossa". Que nem a Dilma que teve que bater com o pauzão na mesa para virar a dirigente do país. É preciso escrever uma Introdução à Crítica da Economia Política do Sexo no Poder. É muito desejo de Estado que se investe nas fantasias de grupo dos "revolucionários" de meia-tigela.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Psiquiatrização de oposições políticas

Ouvi falar que os partidos da frente de esquerda estão importando um estudo sobre práticas de psiquiatrização de oposições e heterodoxias políticas e vão abrir um instituto para "tratar" das falas opositoras. Há quem diga que com a ditadura do proletariado implantada pelos marxistas-leninistas travestidos de gramscianos, quem falar mal de dirigente vai direto para o choque psiquiátrico. Atenção, camaradas com perturbações psíquicas diante de dirigentes, temos que prestar muita atenção.

Partidos como instâncias morais

Partidos políticos de frentes de esquerda são instâncias morais de controle das dissidências de esquerda que estão à esquerda dos partidos que são braços e mãos do Estado burguês (se é legal, o partido é burguês, não é não? Aceita a legalidade do Estado burguês). Qual o conhecimento da realidade produzido hoje pelos "intelectuais" dos partidos das frentes de esquerda? Alguém me diz qual é o conhecimento produzido da realidade, por favor? Onde é que estão produzindo conhecimento "dialético" sobre o real? Vão catar coquinho, bando de positivistas!

Desejo de devir-minoritário

Eu desejo muito intensamente sempre permanecer minoria, ou melhor dizendo: no devir-minoritário. Há governo? Há partido? Há igreja? Há estado? Há indivíduo? Há sociedade? Há convicções? Há crenças? Sou contra. Terminantemente e irredutivelmente do contra. Vão mandar me prender, me internar ou me matar, por acaso? Sou a favor do amor! Da liberdade e do amor. Saudações libertárias!

Malditos assessores de governo!

Pessoal, assessores de governo estão a essa hora no Twitter espalhando informações falsas, desqualificando manifestações, fazendo auto-elogios, elogiando a si mesmos e os governos para os quais trabalham, enfim, quase meia-noite, eu aqui na minha casa, estudando, preparando as primeiras aulas do semestre que vai iniciar, e essa desolação que é acompanhar pessoas submissas, trabalhando para a sujeição, se assujeitando para os que assujeitam. Esses assessores de governo são terríveis. Não são gente! Certamente, não são gente. São ratos. Mas aí fiquei com pena dos ratos.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sobre a certeza

Se há alguma certeza, ela se dirige para as coisas do passado, e, mesmo assim, a certeza estaria em função das lutas políticas do presente em torno da memória social, ou seja, o presente, como o campo de batalha, faz das certezas do passado a dissolução da unidade real entre os objetos e o sujeito do pensamento, distorcendo-os, fazendo-os perder qualquer unidade, exceto a mítica, que se refaz na mitológica das sombras e ruínas de uma memória orientada ao inexistente, cuja única força é a da organização aberta, infinita, inacabada, que se atualiza a partir dos meios de fantasia de grupo que se lhe impõem.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Contra os partidos da frente de esquerda

Máquinas partidárias são incompetentes e intolerantes em lidar com vozes dissidentes. Quando vozes dissidentes começam a criticar o exercício do poder no campo de práticas de um partido, as militâncias "mais orgânicas", ou seja, os aprendizes de dirigentes, atacam com ferocidade, recorrendo a padrões de ataque pessoal, emocional e repleto de mau-caratismo explicitamente perverso e, sobretudo, mal-informado. A relação com o partido é um masoquismo? É uma identificação com o grande papai? Militâncias partidárias estão cada vez mais medíocres e limitadas. Espero que algumas cabeças bem pensantes consigam se livrar dessa tralha que é a centralização partidária e o amor/medo pelo "dirigente".

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A maioria observadora espectadora e os protestos das minorias

O que define o impacto da intervenção política de uma minoria, na contestação radical da ordem, não é o poder intrínseco dessa minoria (afinal, uma minoria é facilmente aniquilada quando governos podem fazê-lo, seja pela violência da tortura ou seja pela simples execução sumária de minorias de militantes). O maior ou menor impacto de intervenções de minorias está em função de como "a maioria observadora, entretida pelo espetáculo" (Arendt) se comporta diante do fluxo das opiniões que dão legitimidade aos governos. O ato silencioso dessa maioria em evitar levantar o dedo e apoiar a opinião do governo é o que define a força da intervenção da minoria. Basta a maioria levantar o dedo apoiando a opinião do governo de modo resoluto que a minoria é esmagada, sem que para isso se precise da violência policial contra ela. Quando os governos precisam mobilizar forças policiais para espancar minorias em seus protestos, a lição que esses eventos dão aponta para uma chantagem da maioria observadora e entretida pelo espetáculo face aos governos. Um modo silencioso de expressar insatisfação e de chantagear seus próprios representantes, o que evidencia que a maioria é justamente a base principal de apoio do governo, quer se omita, quer acabe com o dilema ao expressar opinião pública. (inspirado diretamente em Arendt).

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Cristãos na política brasileira.

O cristão hoje é um consumidor querendo fazer parte da "nova classe média". Haja cristão! Haja dinheiro! Assim as igrejas como empresas vão ficar abarrotadas de mercadorias de outras empresas. É tanto pano, é tanto laço, é tanta "fé" de virar para as bandas do lado de cima do Senhor e renegar a orgiem de comunidade, a origem pé no chão, que eu fico é com vontade de ler Goethe no original, mas como não sei alemão, vou tergiversando pra cima dos irmãos, pois me pergunto se as favelas vão ficar caladas sem saber onde está o Amarildo. É tudo alemão esses cristãos do consumo promissor? É tudo cordeiro da salvação na mão dos patrão branco? Tudo na obediência. Estado pode matar e os cristãos ficam em silêncio? Só pensam na pomba do Feliciano? Onde estão os cristãos desse país que fazem barulho para consumir mercadorias e não reclamam do estado onde está o corpo do nosso irmão Amarildo?

Santa vaidade partidária!

Os representantes fazem campanhas onde colocam sua auto-imagem pessoal pública numa repetição ad infinitum. São eleitos e fazem discursos contra a vaidade humana, enquanto se pavoneiam quando entram em lugares públicos e são reconhecidos. Partido é instrumento? Sim, sei. Só se for instrumento de espelhamento: Espelho, espelho meu! Há alguém mais vaidoso do que eu? Instrumento de promoção pessoal.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A produção do bicho bruto

A quantidade de bicho bruto que é produzida como mecanismo de pura agressividade física disponível para uso de governos contra corpos de pessoas é impressionante. Se houvesse mais arte, amor e liberdade, haveria um exército de reserva menor de bicho bruto à disposição nos mercados de bichos brutos. A produção de bicho bruto é hoje a base da economia de mercado.

sábado, 15 de junho de 2013

Análise do discurso da polícia.

PM envia a seguinte palavra de ordem para quem ousar exercer protestos de cidadania ativa: "não será permitida a perturbação da ordem pública e nem qualquer tipo de ameaça à realização do jogo e ao público participante dessa grande festa". Ou seja, vida social sem perturbação, nem qualquer tipo de ameaça à realização do jogo e ao público participante de festas. Gente, que maravilha isso! (digo do ponto de vista da análise do discurso). "Não será". A palavra de ordem da polícia militar começa usando o verbo ser no futuro com uma negativa, ou seja, o futuro não será. Mas o que não será no futuro? Não será dada uma permissão, portanto, haverá uma proibição, mas essa proibição, apesar de se dirigir a um bloqueio da abertura para aquilo que não é ainda (o futuro) e por isso o tempo verbal é o futuro, é no presente que se encerra a proibição, é no encerramento do horizonte futuro pela proibição de se lançar na abertura de um futuro que ainda não é. E este ato de se lançar para o futuro que ainda não, o que implica movimento, transformação, ação que gera um novo contexto de ação, isso tudo é categorizado pela categoria "perturbação". A perturbação é tudo aquilo que remete à mudança, ao fluxo, ao movimento que se dirige para o que ainda não é, ou seja, o futuro é considerado como uma ameaça ao que é, e aquilo que é é a "ordem pública", em relação a qual não "será permitida" igualmente nenhuma "ameaça". A ameaça é lançar o desejo em direção ao futuro, àquilo que ainda não é, lançar-se no devir, no fluxo do desejo criador, é uma ameaça à ordem enquanto tal. Há uma metafísica da ordem suportando o dispositivo moral da palavra de ordem da polícia. Uma metafísica da morte, pois negar o que será é negar o ato de nascimento, o ato de nascer, que é o ato de emergência de um novo sujeito, de novas formas de subjetividade humana, capazes de se lançar em direção ao que ainda não é, o impedimento é a proibição do nascimento, em nome da ordem, do dado, mas não é qualquer ameaça que a polícia está proibindo é a ameaça a uma realização que é a realização de um jogo. Ora, realizar um jogo é o que se pode definir como simulacro. Realizar o ser, realizar a potência do ser é o que está sendo proibido, afinal a realização de algo implica que algo devenha algo de novo, o devir, o nascer incessante do ser para o ser, do ser como tendo a primazia diante do não ser, daquilo que ainda não é, mas sem o que o ser não será. O que é considerada uma perturbação e que suscita a interdição, a falta de permissão, é aquilo que ameaça a realização do jogo, não a realização do ser, e a realização do jogo é a realização do nada, pois o jogo é do âmbito da ação dissociada daquilo que é, é da ordem da fantasia coletiva. A polícia e sua palavra de ordem buscam garantir a realização de algo que não é, a realização de um jogo, de uma fantasia coletiva, sem a qual a ordem pública será perturbada, ou melhor, não será perturbada, uma vez que a perturbação é desde o início, pela negatividade que se apõe ao será do verbo ser, algo impensável. É na condição de público participante de festas que a ordem pública não será perturbada. Enfim, a palavra de ordem da polícia é uma ocasião significativa para nos pensarmos a nós próprios, se é que ainda há um nós e se há algo que nos seja próprio.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Na busca pacífica por democracia real: o uso político da brutalidade policial é a fraqueza do sistema, é crise de legitimação.

A meu ver, a luta contra o fascismo é a luta principal. A busca pacífica por democracia real terá de enfrentar toda a brutalidade do sistema de dominação. Ocorre que quando a polícia é usada diretamente para massacrar protestos civis isso é sinal de muita fragilidade da autoridade política, ou seja, não é sinal de força, é sinal de fraqueza. Não vamos esquecer esse princípio. Quanto mais repressão policial for lançada contra nós, mais certos estaremos de que o sistema está frágil e abalado, pois não possui recursos simbólicos para se proteger, para se perpetuar. Transformações à vista. Mas a brutalidade policial vai recrudescer, precisamos ter cuidado, pois os policiais estão super brutalizados também, brutalizados pelo sistema de opressão, afinal, são hiper-reprimidos para se tornarem repressores. A nossa luta não é contra os policiais, não temos nada contra as pessoas dos policiais, nossa luta é contra o sistema policial, contra o Estado policial, do qual os policiais são também massacrados, vivem em geral sujeições que restringem bastante sua vida pessoal. Mas os embrutecidos tendem a se embrutecer e transferir aos outros o embrutecimento. O embrutecimento é do sistema e é contra o sistema que vamos continuar a lutar. Manter as formas pacíficas de manifestação, mesmo que resultem em sermos massacrados é essencial. A experiência internacional das ocupações vai toda nesse sentido. A brutalidade policial torna-se ainda mais brutal frente à forma pacífica da manifestação de reivindicação. Vamos recrudescer nosso pacifismo. A luta é organização inteligente.

A compreensão

"O apoio mais eficaz da memória é a compreensão: para compreender, por exemplo, o bolchevismo, será que basta saber que Trotski, originariamente menchevique, aproximou-se de Lenin, e que, ambos marxistas, dirigiram com êxito uma insurreição em 1917? Não é mais útil descobrir que, em 1905, Trotski adotou uma concepção ditatorial da revolução, defendendo ao mesmo tempo uma organização democrática do partido, enquanto Lenin defendia um partido militarizado, mas uma "ditadura democrática"? E que, em 1917, Trotski aderiu à concepção leninista do Partido e Lenin à concepção trotskista da revolução? Que o acordo, portanto, de um lado e de outro, foi feito em torno da escolha da "solução ditatorial", em detrimento da "solução democrática"?" (François Châtelet, Olivier Duhamel, Evelyne Pisier-Kouchner).

segunda-feira, 10 de junho de 2013

NÓS, AS PESSOAS DE NADA, ESTAMOS NA LUTA POR DEMOCRACIA REAL

Somos pessoas de nada, pessoas sem qualidades, sem o mérito dos que se julgam os melhores e sem a riqueza dos poucos, mas não somos escravos, somos livres, somos a base da liberdade na comunidade política: somos a parcela dos sem-parcela, "o povo não é uma classe entre outras. É a classe do dano que causa dano à comunidade e a institui como 'comunidade' do justo e do injusto" (Rancière). Somos a massa indistinta das pessoas comuns. É a interrupção dos efeitos de dominação social dos ricos sobre os pobres que é a condição da política. "A política existe quando a ordem natural da dominação é interrompida pela instituição de uma parcela dos sem-parcela. Essa instituição é o todo da política enquanto forma específica do vínculo" (Rancière). É o que define o comum da comunidade política que está dividida, baseada no dano. Fora da política ou há ordem de dominação ou desordem da revolta. A luta dos pobres contra os ricos, enquanto guerra servil do escravo revoltado contra os ricos, não é a luta de classes. Certo marxismo erra quando pensa a política como expressão da guerra econômica entre classes detentoras e classes despossuídas. O economicismo dessa visão não possibilita pensar a luta de classes como fenômeno eminentemente político, mesmo que o sentido do que seja político não seja o habitual ou corriqueiro. Na verdade, do ponto de vista do sistema de dominação, o que se etiqueta com o nome de política não é a política, mas a gestão, a administração, que é uma função de neutralização da política e de desqualificação da política. "A guerra dos pobres e dos ricos é assim a guerra sobre a própria existência da política" (Rancière). Mas o fundamento da política não está nem na ordem natural, nem nas convenções sociais, a política é o sem fundamento, "é a ausência de fundamento, é a pura contingência de toda ordem social" (Rancière). Toda hierarquia repousa sobre uma base de anarquia, de negação hierárquica da anarquia. "A instituição da política é idêntica à instituição da luta de classes. A luta de classes não é o motor secreto da política ou a verdade escondida por trás de suas aparências. Ela é a própria política, a política tal como a encontram, sempre já estabelecida, os que querem fundar a comunidade com base em sua arkhé" (Rancière). Não é por que há grupos sociais em luta e conflito de interesses que há política. O proletariado não é uma classe. É a dissolução de todas as classes. Bom para pensar.

sábado, 6 de abril de 2013

Elias morderia a língua...

Em 1971, o sociólogo Norbert Elias, um dos mais importantes estudiosos dos processos de desenvolvimento, escreveu que "um ou dois séculos atrás, o 'progresso' era comumente visto como um axioma; o conceito se referia, geralmente, à sociedade humana, e o progresso, tanto no futuro como no passado e no presente, era tido muito mais como certo; o conceito parecia não requerer explicações". Se ele tivesse vivido para conhecer a realidade do "socialismo" no Ceará, onde a ideologia do "progresso" uniu vermelhos, amarelos, verdes e azuis em prol da geração de emprego e renda para a população, ele teria mordido a língua!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Melancolia ou revolução? Eis a questão.

O maior risco é manter-se fechado. O fechamento é mesquinho, em conformidade com o rebanho, o contrário da solidão criativa, esta é aberta. O solitário está em meio à multidão, faz parte do rebanho onde despeja sua perversa e paranoica sujeição. A solidão, ao contrário, liberta. Estar só é condição da liberdade, retirar-se do rebanho é forma de acessar o fora da ordem que caracteriza a experiência do pensamento. O ruído da multidão está em função das funções comunicativas do sistema de dominação simbólica. Ser anti-comunicativo é imprescindível. Os adoradores de morte são hiper-comunicativos. Os escravos adoram o farfalhejar da nuvem de gafanhotos no deserto sedentos em busca de mel. Falar de pensamento crítico é redundância. Só há pensamento fora da ordem (Hannah Arendt). O pensamento é sempre uma experiência radical, crítica, reflexiva e que se realiza em função de uma retirada diante do rebanho. O conhecimento das contradições do modo de produção capitalista sem pensamento não vale nada do ponto de vista da transformação radical da realidade. Sem Marx, sem Nietzsche, sem Freud, sem Walter Benjamin, sem Arendt, sem Foucault e sans cullotes, fica muito difícil fazer alguma revolução que valha o nome, a melancolia é diante da vergonha alheia, ou falta dela, marcada pelo abandono líquido e certo da aventura do pensamento. Se militâncias obreiras e anti-intelectualistas continuarem acreditando na integração marginal de indivíduos pela aquisição de diplomas de treinamento para o mercado, sinceramente, não se conseguirá propor modelos alternativos de socialidade livre, criativa e igualitária, tanto no sentido pós-capitalista, quanto no sentido pós-socialista, como pós-anarquista. Essas ideologias da modernidade são obscurantistas, apesar de delas sermos herdeiros históricos. As heranças pesam sobre nossos ombros e nós não podemos vestir as fantasias que elas carregam em nós. Melancolia ou revolução? Eis a questão!

sexta-feira, 22 de março de 2013

A cada dia, uma rebelião!

Gostaria de lembrar aos materialmente confortáveis que suas prisões mentais continuam atuando a todo vapor. E aos materialmente desconfortáveis que seus sonhos de conforto material não passam de ilusões criadas para lhes amaciar o couro. O ato de acordar é um ato de revolta. Mesmo tendo sido eleito, não confie nos governantes. Não sorria pra eles. Não aperte a mão do seu patrão. Não dê bom dia para o opressor. Não acredite em boas notícias dadas pelos jornais. Não leia jornais, escreva o seu próprio jornal. Não use as drogas recomendadas pelos padres, nem pelos traficantes, nem pelos pastores, nem pelos policiais. Não use as drogas do sistema. Não aceite o sadismo e a perversão do governante como algo normal. Boicote-os. Não seja o alvo do desejo de morte de ninguém. Não use a linguagem dos manuais. Corrompa-os. Quebrem os códigos. Não usem chave certa pra abrir porta certa. Quebrem as chaves nas portas. A ordem do dia é desobedecer. Não ingiram as drogas que nos empurram goela abaixo e que narcotizam nossa capacidade de criar novos contextos. Tomem de café da manhã, desobediência mental na veia! Criemos transtornos mentais e psíquicos para quem nos submete. Para adoradores da morte, para os que desejam o desejo do Estado, da Igreja e do Capital, diga-lhes terríveis palavras obscenas e desbocadas justamente quando esperam de você palavras dóceis e domesticadas. Vamos por fim aos empregos domésticos, e todos os são. Não sejamos domésticos, não desejemos domésticas. Lave seu próprio banheiro, como você limpa o seu próprio rabo. Não vejam TV. Não leiam revistas, nem jornais. Exceto a TV, a revista e o jornal que investe contra o carrasco que há em você, o que é muito raro, mas sejamos raros. Inventemos novas formas de subjetividades. Rasguem as receitas tarja preta. Pois o ato de acordar para um novo dia só vale a pena se for um ato de revolta contra o sistema. Think about it! Se atrase para o trabalho na empresa, volte para a cama e faça amor nesta sexta-feira de oxalá! Muita sapiência, nenhuma obediência. Faça o que lhe der na telha, imaginação livre. Mesmo nas celas, podemos sonhar sonhos de liberdade. Não entre em disputas e competições para ser o chefe da cela. Negue o presídio. Faça a rebelião.

O ato de acordar para um novo dia é um ato de revolta contra o sistema.

Bom dia, Vietnã! Bom dia, Fortaleza! Para você que está no conforto material de sua residência nos "bairros nobres" ou para você que está no desconforto material de seu barraco nos bairros e favelas do povão, atenção! É preciso acordar cheio de interrogações. Que os materialmente confortáveis lembrem de que suas prisões mentais continuam atuando a todo vapor. E que os materialmente desconfortáveis saibam que seus sonhos de conforto material não passam de adesão às ilusões criadas pelos poderosos para lhes amaciar o couro e exaurir a esperança. O sistema de dominação acordou funcionando em sua cabeça. Rebele-se. Se o carcereiro diz para sair da cela, não obedeça no primeiro chamado. Se o sistema lhes diz para dar o primeiro passo, recuse-se. Qual contestação você vai empreender hoje? Sejamos os empreendedores da nação, não fiquemos um dia sem malhar os bastardos que nos governam, os imbecis que nos exploram e os perversos e sádicos que fazem as políticas públicas atuarem como meios de fantasia e de satisfação dos clientes dispostos artificialmente em classes A,B,C,D ou E. Não seja um bom cliente, nem um bom patrão, nem um bom empregado. Cuspa no prato em que comeu. Erre o hino nacional. Estropie as frases do português. E não fale inglês com acento britânico, nem nova iorquino. Se tiver que falar inglês, fale com o acento dos guetos da Jamaica. E o francês com o sabor acre da escravidão que destruiu a rebelião no Haiti. E mande os pastores, padres e policiais à merda. E faça da sua boca, a podridão de todos os nomes feios, palavrões e xingamentos jamais aprendidos, logo após ter escovado os dentes, como a mamãe ensinou. E não se esqueçam jamais de que somos a pura negatividade. Que somos livres e mortais. E se quiserem nos por para comer o pão que o diabo amassou, mastigue o diabo e o cuspa entre os dentes antes de entrar em sua igreja. E na igreja, arrote. Fique de costas para o púlpito, cuspa no altar. Peide. Vamos contestar. Vamos protestar. Vamos empalar os filhos da puta que nos submetem. Acorde o vietcongue que há em você. Não chupe drops hoje para não chupar no dops amanhã. Não estabeleça vínculos sadios, apenas doença e adoecimento salvam da higienização forçada. Seja um decrépito. Não dê bom dia para o seu algoz. Fale em alto e bom som que babaquice de felicidade, satisfação e conformidade ao que aí está é coisa dos fracos (ou dos perversos executivos que fazem de suas pequenas mãos os operadores maiores das prisões e torturas preparadas pelo mercado da sofreguidão). Declare guerra. Tome o café da manhã frio. Se mortifique antes de dar os primeiros passos em direção ao paraíso, e lá chegando, dê meia-volta, mergulhando de cabeça no inferno. Tenham um ótimo dia de desconstrução de si. Não façam sexo, façam orgasmos múltiplos! Saudações libertárias!

sexta-feira, 15 de março de 2013

A nova gestão "socialista" de Fortaleza.

No dia 29 de dezembro de 2012, eu escrevi no Twitter o seguinte: "Na realização de uma cidade-mercadoria, no Brasil conduzida pelo PT, Roberto Cláudio será, certamente, mais petista do que sua antecessora." Sinceramente, fui muito peremptório e cometi um erro de avaliação. Pensei que pior do que estava não poderia ficar, a gestão do novo prefeito não encontraria obstáculos para com rapidez superar o quadro negativo da paralisia do governo de Luizianne Lins. Pois não é que agora, em março de 2013, tenho que morder a língua. Cidade de Fortaleza está suja e com muito lixo nas ruas e calçadas, sombria, sem iluminação adequada (aliás, adequada apenas para assaltos), insegura, portanto. E continua muito desigual. Nova gestão da cidade afirmou ter como desafio superar a desigualdade, derrubar o muro da vergonha, como disse novo prefeito. E que teria prazo para isso! Muita bazófia para um começo tão medíocre de gestão. A campanha de Roberto Cláudio foi toda em cima de apontar "incompetência" da gestão anterior. E ainda continua, já no poder, com discurso acirrado de campanha, apontando incompetência alheia. Quem aponta incompetência do outro tem de fazer, realizar, superar com alta capacidade, pois, do contrário, vira bravata e hipocrisia. Se RC não começar a fazer o mínimo, disciplinar o trânsito que está abandonado e retirar lixo das calçadas, fará (será que sim) o máximo? Se a meta máxima é superar desigualdade, deixar a cidade suja, o trânsito digno de um faroeste e as ruas sombrias e perigosas, há algo de podre no reino da Dinamarca. RC vai desmoralizar o Meireles, esse bairro "nobre" dos "doutores" capazes que compõem a nova gestão ou que a apoiam? Onde está a gestão por resultados? As equipes vão passar um ano em planejamento? Mas isso não era uma incompetência que RC denunciou na campanha? A denúncia de que Luizianne Lins passou 4 anos fazendo planejamento e mais 4 fazendo a propaganda do planejamento que fez exige uma atitude de super competência dos novos gestores, ou não? Entendo que a moderação exige que se diga que é cedo demais para cobrar resultados, mas não concordo com esse argumento, acho-o indulgente. Se discurso de RC foi entrar fazendo com alta capacidade gestão por resultados, por que lhe dar a prerrogativa da moderação de expectativas?

A função dos partidos de massas.

Partidos deseducam em massa. A função dos partidos de massas é deseducar as massas.

domingo, 10 de março de 2013

Desunidos no desentendimento contra as cúpulas.

As instâncias de controle pretendem mediar na totalidade as experiências das pessoas na relação com o fora, com o exterior, com os mundos possíveis que se atualizam nos mundos dos outros. O exercício livre da inteligência e do pensamento crítico e reflexivo exige das pessoas uma atitude de recusa ativa dessas instâncias mediadoras absorventes, totalizantes e anestesiantes, pois tais agências de poder (o Partido, a Igreja, a Família, a Universidade, a Escola, a Mídia, a Droga, etc.) são agências de controle das dispersividades e das ações livres das pessoas enquanto criadora de relações relativamente autônomas com os outros sem a mediação da política da identidade. É na recusa ativa do Estado onde reside a base histórica concreta e local de constituição da liberdade. E o modus operandi das agências reguladoras é sempre incitar as pessoas a se expressarem livremente no interior delas, a fim de produzir contexto de observação controlada do que há de livre nas pessoas tendo em vista a imposição de um padrão de comportamento que restringe o potencial criativo e põe sob tutela o exercício das capacidades agentivas, por isso é sempre bom lembrar que expressar a liberdade sob demanda das ditas agências é favorecer o próprio processo de destituição e captura que estas pretendem realizar, não necessariamente anulando a liberdade das pessoas, mas fazendo dessa liberdade apenas um sentimento fugidio da liberdade, uma dose de veneno para mortificar o corpo e fustigá-lo de tal maneira que o abandono das supostas veleidades daquelas pessoas que agem livremente será promovido ao cargo de auto-censor e estabelecerá as condições de assujeitamento de seu próprio descenso pelo auto-flagelo de uma adesão feliz às razões do Estado e das agências de poder que lhes são concorrentes, portanto, solidárias no crime que inaugura sua pretensão de monopólio pelas linguagens heterônomas que impõem a todos os adeptos.

sábado, 9 de março de 2013

As bases contra a verticalização das novas cúpulas do Partidão.

Estratégia revolucionária democrática sem aliança de classes? Vamos dar uma reviravolta nas teses do V Congresso de 1958 do PCB? Ou então, como diz Hakim Bey, fomentar revoltas, pois revoluções são processos de construção de novas dominações? Revoltas permanentes e zonas de autonomia temporária? Seria possível uma zona de autonomia permanente? Será que o "campo popular democrático" não continua nos assombrando como um fantasma que nos impede de repensar nossas posições? Políticas públicas viraram o grande engodo desse fantasma, nós mesmos estamos sob hegemonia dessa agenda política que reivindica políticas públicas. Parece-me que as retóricas das políticas públicas nos escravizam o pensamento contra-hegemônico. Não seria o caso de apostarmos, do ponto de vista da política institucional, na luta parlamentar municipal, estadual e federal radical? Novos radicais, sem esquerdismo, portanto, mais virulentos, mais devastadores na crítica negativa do capital? Devires-minoritários não podem ficar reféns de políticas de identidade, as políticas de identidade e as políticas públicas estão fazendo capturas conservadoras e retirando a potência de devires-minoritários. Devires-minoritários como políticas e estéticas de existência não precisam ser lidos numa chave pós-moderna da fragmentação, pelo contrário, podemos pensar a totalidade, mas totalidade não está mais acima de nós, está ao lado, um novo modo de pensar a totalidade que se realiza a partir da chamada das multiplicidades (que realiza a crítica do dualismo monismo-pluralismo que domina o pensamento político das esquerdas na modernidade). Não é suficiente, por exemplo, que parte da militância, para se sentir esquerda, qualifique o outro partido de esquerda como de direita, esses deslocamentos são meramente simbólicos e só satisfazem ao ego do militante que passa a se achar o autêntico militante da esquerda combativa (mesmo que isso seja verdade, pouco importa, pois a verdade é minada pelo ato de dominação instaurado). Gasta-se uma energia enorme nessa política de identidade e de afirmação da militância, há uma questão de entropia política aí, desgastando a própria militância. Camaradas militantes não conseguem entrar nas discussões, ou quando conseguem é com muita dificuldade, o pessoal precisa se preparar mais para a disputa no sentido exógeno, questões de formação mesmo, nesse ponto é algo decisivo sair da clausura.

Boicotar as cúpulas partidárias das frentes de esquerda nas próximas eleições: a tarefa política principal.

As cúpulas partidárias precisam ser fustigadas em suas zonas de conforto parlamentar. Nas próximas eleições, vamos dar o troco. Ou as cúpulas partidárias estão em condições de nos excluir de seus cálculos eleitorais? Podem se dar ao luxo de perder capilaridade social? Acordei pensando em Agildo Barata e Hermínio Sachetta e a defesa da radicalização democrática das estruturas partidárias. Abaixo o Partidão! Defendo o boicote generalizado às candidaturas das frentes de esquerda a cargos executivos para as próximas eleições. Vamos também boicotar candidaturas parlamentares das cúpulas partidárias. Chegou a hora das cúpulas baixarem a crista e perderem eleições. Quando parte considerável de militâncias "socialistas e radicais" ficam de joelhos, dizendo amém para cúpulas partidárias, só Jesus salva. As cúpulas partidárias mijando na cabeça das bases e estas irão fazer a próxima campanha eleitoral para aquelas? Defendo boicote total. Vamos ver se as cúpulas vão eleger alguém apenas com assessores parlamentares militando. A hora do troco. Estamos costurando no boca a boca.

Militâncias de "esquerda" funcionam como mercado aquecido.

E as militâncias continuam ávidas por cargos comissionados. Estar no "movimento" hoje é estar no mercado das assessorias. Triste! Práticas pelegas do partidão continuam dando rumo. Movimentos, etc. por puro dirigismo. Só se preocupam com mercado parlamentar e cabides. Modelo de cooptação de lideranças via OP é referência de toda a "esquerda". Assessorias parlamentares reproduzem em pequena escala isso.

O PSDB foi liquidado na política? Tem certeza disso?

Já chequei e há dos dois tipos: tucano de bico preto e de bico vermelho. Existe também tucano de bico amarelo? E de bico verde? Sei que os bicos são ocos. Os tucanos possuem bicos ocos para poderem guardar despojos da rapinagem que fazem contra os insetos. Enchem o papo. São majestosos. Os tucanos quando se misturam com aves de rapina mudam de cor e a nova penugem pode ser multicolor. Amarela, verde, vermelha, azul, etc. Filhotes bastardos de tucanos com aves de rapina adoram comissionados e vivem de máquinas de governo. São tacanhos e sisudos e curtos. E existem em profusão.

O credo libertário e a fuga permanente de si.

Nas lutas políticas, não há lugar para delicadezas. É conflito de paranoias em alto grau. Não tenho pique, nem estrutura, nem sangue frio...É mil graus. Estou observando e é chocante. Há fascismos de direita e fascismos de esquerda se espalhando por todos os lados. É polícia demais! Com armas do Estado, atirando pra matar em nome de governos "socialistas" no CE. E a boa vizinhança? Ganhou duas eleições. Entre polícia e política, o "socialismo" se implanta nas terras alencarinas. Da esquerda libertária, somos anti-fidelistas, anti-stalinistas, anti-trotskistas, anti-chavistas e anti-nós mesmos. Revolta contra si é uma tarefa radical. Desconstruir fascismo que nos habita, que se apodera de nossos corpos, contrariar espírito de corpo/porco, é o que entendo por radicalidade. Para a retórica da esquerda radical e libertária (a minha inclusa), o que importa são trajetos de desaprendizagem. Sei que sou retórico, que não sou revolucionário, que estou pela melancolia, em vez da revolução: mas eu sei! E me recuso a ser este eu-sou. Não faço política. Só faço guerra. Ou, de preferência, amor. Paz e amor é ainda um lema belicista. O lema não-belicista é Guerra e Paz. "Há quem me julgue perdido, porque ando a ouvir estrelas. Só quem ama tem ouvido para ouvi-las e entende-las.." (Olavo Bilac). Parnaso vive!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O paredão do amor.

Seis em cada dez militantes de grupelhos de esquerda entram no coletivo por causa dos belos olhos de alguém. Os outros quatro entram por puro ressentimento, são os que lutam em geral pelas posições de direção. São pequenos Stálin sem amor. Mas para quem entra no Partido por amor, a recomendação é: não faça sexo com todo mundo ao mesmo tempo. Amor livre é poder e querer escolher com quem se quer fazer amor. Nada de bacanais movidos a paixões revolucionárias. E evitem, sobretudo, os stalinistas do Partido, os piores são os que se escondem do rótulo, não o assumem. São terríveis. São implacáveis. A falta de amor lhes endureceu o músculo brutal. Lembro de uma vez que os dirigentes nacionais estavam chegando e aí os dirigentes locais (de homens para homens) recrutaram as militantes "gatinhas" para fazerem a recepção dos camaradas. Ah, como são fascistas esses dirigentes de esquerda, de um fascismo atroz, pois não aceitam se dizer na própria perversão. E as meninas, constrangidas, tiveram que desfilar, uma ou outra acabou por deitar, com os dirigentes nacionais do Partido. E havia uns que eram homossexuais que caçavam homossexuais, não para fazer amor, mas para estraçalhá-los e expulsá-los das fileiras morais da Revolução. É tão doce a Revolução! Docemente perversa e estúpida. É preciso se revoltar contra a Revolução. Fazer revoluções contra a Revolução. Destruir os dirigentes do Partido antes que nos enviem para o Paredão do Amor.

Pequeno manual para jovens militantes de grupelhos de esquerda.

A melhor coisa que um militante orgânico pode fazer em relação ao Partido é faltar as reuniões do Partido, principalmente, as de formação, em geral conduzidas pelos elementos mais pernósticos e de visão estreita. A dica é: beber cerveja com a galera na esquina falando de poesia, filosofia, amor, sexo e revolução. Os olhos brilham, a mente agradece e o corpo estremece. Saudações libertárias.

O povo de Deus está à frente...

"Nem direita, nem esquerda. Estamos à frente" (Marina Silva). Esse tema é bíblico, envolve Aliança com Deus. O povo de Deus está à frente. Aliança de Perdão, Adoração e Obediência com Deus na fé compartilhada para superar individualismo: em vez de Arca, Rede de Aliança com Deus. Ex-anjos do PT, PV, PSDB, PSOL e PDT tornam-se arcanjos, marcham à frente na Rede da Aliança na Fé. Nem à esquerda, nem à direita do Senhor. Campo da política no Brasil está precisando de "purificação"? Purificação pela fé? Pela atitude religiosa de estar fora do mundo? À frente?

O tucano de bico vermelho

Vocês sabiam que existe tucano de bico vermelho? Ele tem dois pés virados para frente e dois pra trás, bico é oco, se alimenta de parasitas.

Ações financiadas

Quando observamos ações que se dizem apartidárias, é irmos em cima e achar o patrão, o caudilho e o poder político por trás delas. É batata! Onde há fumaça, há fogo. Dica: Bastidores "remunerados" da luta pelo poder político estão pegando fogo com manobras por todos lados: atacar governo a qualquer custo.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Contra o radicalismo masculino que nos domina

Crítica feminista radical ao radicalismo masculino, que se crê dirigente nato, é caminho pra destituição da figura do Dirigente partidário.

Trajetos de desaprendizagem

Do ponto de vista radical e libertário, a tarefa primeira é aprender a traçar trajetos de desaprendizagem que nos ponham em xeque-mate.

Lutar contra lutas concretas.

Desfetichização do concreto é tarefa central do pensamento radical e libertário. Crítica ao positivismo de ortodoxias de esquerdas, também.

New Left Review é o ó do boró!

A desgraçada da New Left Review vende artigos a 35 pounds. Ô, nova esquerda fuleragem essa, viu? Galera do bem tinha era que derrubar do ar. Eu tentando pegar artigo sobre resistência e luta política contra sistema numa revista de esquerda e a revista querendo me vender o artigo. "Subscribe for just £35 and get free access to the archive". Just 35 pounds? Essa nova esquerda de Londres acha que a gente planta dinheiro? Vendendo artigos sobre a revolução a 35 pounds. Eu, hein!