quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Quer dizer que não é violência?

Quer dizer que não é violência o filho do Eike Batista fazer uma conta de 16 mil reais numa noite numa boate? O dinheiro é dele, né? Sei. Quer dizer que não é violência o fato de haver constituição sem garantias, os direitos negados à maioria e os deveres cobrados pela polícia? Quer dizer que não é violência a concentração de riqueza privada? Quer dizer que não é violência domesticar os sentimentos de revolta, canalizando-os para eleições? Não é violência ser eleitoreiro? Num momento crucial de contestação da ordem, militâncias partidárias de frente de esquerda tudo se refestelando com eleições nas redes sociais virtuais, comemorando eleições do ano que vem? Não é ridículo isso? Quer dizer que não é violência uma criança brasileira nascer numa favela com IDH de 0,3? Mas é violência que uma minoria dessas crianças nascidas na falta de garantias constitucionais cometa em algum momento da vida alguma violência criminal, né? Por que o cidadão é de bem, aí pode não ver violência na exclusão, mas pode ver violência no resultado dela? E por que o cidadão de bem não vê violência nos crimes cometidos pelos ricos e poderosos, muito pelo contrário, faz é se orgulhar de votar neles, de ter criminosos ricos e poderosos como representantes e dirigentes do Estado?

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Censuras e mais censuras

Facebook do Obama só pode estar frescando comigo: ontem me baniram e pediram cópia do meu RG para eu ser aceito de novo, hoje estão pedindo meu telefone. Zorra é essa? Eu que sou um colaborador da empresa, operário padrão do Facebook, e estou tendo que brigar para não ser demitido. Lá vai! Já enviei RG, agora vou enviar meu telefone celular, que querem confirmar quem eu sou. Valha minha nossa senhora! Diabo é isso?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Depois da Lei de Segurança Nacional...

A partir de hoje, minha página no Facebook não é mais recomendável nem para crianças, nem para a maioria silenciosa, por uma determinação da Lei de Segurança Nacional. Só não consigo entender por que a maioria silenciosa que nunca lê o que eu escrevo continua ignorando a posição de se manifestar sobre aquilo que a deixaria numa condição de relação com a exterioridade da maioria silenciosa. Vão ficar entregando nós pra polícia só na maciota, é? Só no segredo, só no silêncio? Tudo amigo de nóis e se mantendo no silêncio de maioria que nos entrega pro pau de Arara? Olha lá!!! A arara passou...

Um passarinho verde me contou que...

Somos desqualificados em bloco como grupelhos, quando sabemos que isso não é verdade, entre nós há uma grande heterogeneidade de pensamento, a grande diferença é que nós tentamos conviver com a pluralidade, pois gostamos moralmente e esteticamente da pluralidade. O fato de se referirem a nós, como uma ameaça à hegemonia cidista, que estamos aqui buscando criticar, fazer reflexões, propor outras maneiras de existir, é um indício de que o que escrevemos aqui não é de todo inofensivo. Saudações libertárias.

Democracia policial militar no Brasil.

Não deixa de ser sintomático que PM, instituição falida, com baixa confiança da população tenha se tornado a menina dos olhos dos políticos. A PM, reprovadíssima nas pesquisas de confiança institucional, que mete medo em todos e todas, que tortura, que faz extermínio, que faz armas circulares, que faz seus membros se suicidarem, que é terrível inclusive com os indivíduos que estão sequestrados por ela, é a instituição mais importante da democracia no Brasil? Quando governantes dependem de forças policiais de segurança para se proteger de protestos com repressão policial, a população vira inimiga, qual foi a instituição que foi criada para agir com este objeto, a população inimiga? A PM brasileira. Ou seja, o que era obsoleto, virou da hora! Espero que possamos gerar coletivamente uma onda de insubmissão diante do intolerável.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Por que será?

Por que será que pessoas altamente intelectualizadas estão vindo com papos anti-intelectualistas e, em outro registro, pessoas altamente distantes dos cotidianos de luta das camadas populares só falam em ação direta nas ruas como o supra sumo da ação política? Questões que não querem calar. De um lado, intelectuais falando mal da vida intelectualizada. De outro, segmentos de classe média sem história de enraizamento em lutas populares, apresentando-se como a essência da luta, apenas por fazerem campanhas eleitorais para camadas médias em lugares da cidade destinados para o uso e a moradia de camadas médias e médias altas. Apenas questões para se pensar.

Crime de endividamento ilícito.

Uma vez uma pessoa entrou em contato comigo para me ameaçar, uma pessoa do governo, assessora de governo (não foi uma única vez), mas nesse caso a ameaça era clara: "amigo, Leonardo!" (vocês sabiam disso? Os assessores de governo sempre nos chamam de amigos?), "amigo, Leonardo! Olhe que tem gente com telhado de vidro e que fica dando uma de moralista mas que a casa também pode cair!". Ele estava falando de mim, é claro. Esse era o recado. Sabem o que eu respondi? Denuncio com a segurança ontológica de quem possui dívidas que ultrapassam a soma de qualquer soma de conta corrente, patrimônio e bens que eu possa ter. Ou seja, um homem com dívidas é um homem livre! Quem deve, não teme! Como posso ter telhado de vidro se minha herança é em dívidas? Existe crime de endividamento ilícito? O ditado popular está errado, neste caso.

Alguma ironia é possível.

Do jeito que a timeline está quente, só está faltando o pessoal num arroubo começar a dizer que apoia a luta armada contra o Estado. Está por uma peinha. Já vimos esse filme na história recente do Brasil. Com o detalhe de que o pessoal só começou a falar de luta armada depois de 4 anos de ditadura e após o AI-5. Negócio está meio exagerado demais, não, galera? Um monte de gente que não sabe nem pegar numa arma, só sabe ler livros e escrever, começar a falar de luta armada, pra mim é uma furada sem tamanho. É uma precipitação sem tamanho. E é um erro, um erro histórico que não precisa ser repetido.

Contra a militarização de qualquer tipo.

Na minha avaliação, a luta armada das esquerdas na década de 1970 foi um erro, foi um erro político, foi um erro ético, foi um erro histórico. Sou contra qualquer tipo de luta armada, qualquer tipo de militarização de luta extra-política, no sentido revolucionário. Ou seja, eu não sou revolucionário. A revolução é o mecanismo da guerra moderna. Sou contra revoluções. Sou a favor da revolta radical e libertária contra o sistema, sem uso da violência, de modo pacífico, fazendo da organização popular a força da transformação. Não é o povo armado que derruba nada, isso é ilusão vanguardista e arrogante, lugar de onde a Dilma veio, Serra e Dirceu, lugar de arrogantes. É o povo organizado que pode se contrapor ao funcionamento do sistema de dominação capitalista. Precisamos de mais radicalismo de pensamento e menos radicalismo muscular, quem gosta de músculo é milico, seja milico de direita, seja milico de esquerda. Está todo mundo cedendo a discursos muito rasteiros e cegos quanto à dimensão histórica da luta política contra o Estado. É a minha avaliação, se vocês dispõem de uma avaliação melhor apresentem. Só não apresentem soluções ilegais. Para isso, é melhor vocês entrarem na ilegalidade logo de vez. O que para mim seria um grande erro. Contra os partidos é uma coisa, militarizar a luta é outra muito diferente. Lutas militarizadas não me interessam, apenas lutas literárias, estéticas, filosóficas, artísticas, ou seja, lutas com formas de pensamento que transformam a realidade. Saudações libertárias.

Pelo menos, não é?

Se um dia tivermos que ser presos políticos novamente, que sejamos presos políticos por causa de livros, poesias, peças, músicas e outras formas de ação cultural que foram consideradas subversivas. Não há nada de subversivo em usar a massa muscular, nada mesmo. Subversão se faz com o cérebro, não se faz com os músculos. Sempre fui na escola do lado dos que não sabiam usar os músculos, sempre me bati de frente com quem usava os músculos para humilhar os outros. Vou permanecer até morrer nesse lado fraco da força, o lado dos que só sabem ler, escrever, fazer música, poemas, críticas e dizer coisas desconcertantes para os que exercem o poder.

Sou pacifista?

Eu sou pacifista. Sou contra a guerra revolucionária. Revoluções são sangrentas. Sou contra as revoluções, pois são sangrentas e fazem emergir novos estados que são mais ditatoriais do que os estados que foram derrubados. Quem diz revolução, diz o Estado. O Estado e a revolução, de Lenine, a disciplina da fábrica com contra-disciplina revolucionária. E também os comentários de Engels às críticas de Marx à forma com anarquistas revolucionários estão apregoando a revolução sem questionar a forma histórica do estado capitalista. Sem falar em Sobre a revolução, da H. Arendt. Aliás, sem falar no tema da revolução como tema central da reflexão de Kant. Na modernidade, revoluções produzem estados, não? Sim, estou falando faticamente. Apenas faticamente. Sem filosofia da história. A revolução tal qual concebida na modernidade é a invenção histórica do novo estado. É uma questão que remete a um campo de historicidade, não a uma ontologia da forma estado e à revolução como categoria central de mediação de tal realização. Antropologicamente, não há nem humanidade, há multiplicidade de práticas humanas, quem inventou negócio de humanidade foi Hegel.

Dogmatismo cega.

Quando as pessoas param de escutar o que os outros dizem, quando acham que aquilo que os outros dizem é uma grande bobagem que não merece nenhuma atenção, quando as pessoas adotam uma atitude de abraçar seus próprios pontos cegos, sem tentar enxergar com a ajuda de outras pessoas, pois da ajuda de outras pessoas para enxergar algo todxs precisamos, ocorre quando as pessoas foram tomadas pelo puro dogmatismo, e puro dogmatismo, é descarga de emoções, e descarga de emoções é aquilo que alimenta práticas fascistas de direita e de esquerda. É hora de escutarmos uns aos outros. Vocês estão ficando isolados. Estão falando apenas para si mesmos. Apenas entre si. Não deu para perceber ainda o isolamento? Se liguem. A fala de vocês ficou endógena. Não está convencendo nem pessoas próximas. A violência vai aumentar. A intimidação também. Não é hora para ficar alimentando pontos cegos. Vai todo mundo entrar no corredor polonês desse jeito, pois são muito poucos. Pouquíssimos. E estão todos mapeados.

Problematizar a relação com o estado.

Problematizar nossa relação com o Estado, com os partidos, com os dispositivos de segurança, com o sistema de saúde, de educação, de previdência, enfim, discutir as situações de dependência, seja no modo da integração marginal ou da marginalização integrada, é um tema que precisa compor as agendas específicas de vários fóruns. A tarefa política contemporânea passa pela problematização da relação dos indivíduos com essas entidades sociais estatais que promovem certos modos de vida em detrimento de outros, mas, principalmente, em detrimento das autonomias relativas de indivíduos e coletivos. Certa aversão de segmentos ditos de esquerdas a esse debate tem favorecido um apropriação quase que monopolizadora por segmentos conservadores, ultra-conservadores ou neoconservadores (ditos de esquerda e de direita) desse tema. Os meios de fantasia que estão sendo investidos pelas políticas de governo estão promovendo a difusão de maneiras fascistas de se relacionar com os outros e também maneiras autoritárias de centralização do exercício do poder público pela concentração do investimento em modos de vida que são autorizados pelas fantasias de grupo de segmentos fascistas (de direita e de esquerda). A socialidade contra o Estado e a recusa ativa das formas de dependência impostas pelas políticas de governo são atitudes que multiplicam, no campo de forças reais, as práticas políticas que lutam por autonomias relativas e negociações em torno de relações de interdependência mútua que não estejam centralizadas em mecanismos de subjugação do outro, como no caso das situações de dependência por integração marginal ou por marginalização integrada que parecem ocupar as pautas de ação dos governos ditos de direita ou de esquerda e também dos pequenos partidos que se dizem das frentes de esquerda, que não dizem muita coisa contra o Estado por que sonham dele se apoderar para implantar ditaduras, nomeando-as com nomes bonitos como "democracia popular" ou "campo democrático", o sonho de todo partido, como é o sonho de toda empresa, é monopolizar o mercado, destruindo concorrentes.

Maioria silenciosa.

Tenho mais medo da maioria silenciosa que é nossa vizinha, nossa colega de trabalho, etc. do que da PM espumando pela boca querendo matar e torturar pois são indivíduos de "espiritualidade elevada", obedientes nos quartéis e nas igrejas, como a maioria silenciosa. Todavia, a maioria silenciosa quer ver todxs nós pendurados no pau de arara, sempre foi assim, não iria mudar em 30 anos. Então, vamos ter muito cuidado com a polícia da maioria silenciosa. A polícia fardada, no fundo no fundo, só faz morder, quando alguém solta o bicho, se colocar o bicho na coleira de novo, ficam lá latindo no canil, fazendo ordem unida e levando grito do comandante o dia todo. Mas a maioria silenciosa não, é composta de indivíduos ressentidos que tem ódio de si, e que nos odeiam muito, são vizinhos, pessoas de bem, colegas. Muita atenção é pouca.

fatos da vida.

Observação inocente da realidade: nunca eu encontrei com militantes do PSTU em bares e restaurantes da alta burguesia que eu costumo frequentar de vez em quando, moderando na conta do cão (cartão de crédito). Mas sempre eu encontro militantes do PSOL nesses lugares, em geral, homens, brancos, com cara de bom moço e destinados a serem dirigentes do Partido. Por que será? É apenas uma observação, sem nenhum veneno, é claro. E, por favor, não compartilhem essa minha pequena sacanagem, beleza? É só por que hoje é sábado!

Apanhar da polícia não é bom.

São tantos os registros de cidadãos e cidadãs apanhando da polícia no Brasil que estou começando a achar normal, como se fosse algo da Natureza Humana. Mas tem gente que baba e mostra os dentes, vendo as fotos de pessoas sendo massacradas. Um pessoal que cairia com um tapa no pé do ouvido, chorando. Por isso amam os filhos da Nação, amam a PM, o Brasil ama a PM, apesar de detestá-la. A farda da PM é a única instituição política do Estado Democrático de Direito no Brasil que ainda funciona. Estamos bem! Pois são muitas as pessoas de bem compondo a Nação.

O artista no Ceará dá certo!

No Ceará, só tem um jeito de artista dar certo, é abraçando o jeito Tasso de ser ou o jeito que os traidores do Tasso deram pra ser, é tudo no traço. Só na competência e no sorriso e no abraço apertado, no aperto de bochecha e declarações de amor e amizade para todo o sempre . A polícia dos artistas se faz sem política, ou seja, com muitos abraços e declarações de amor, desde a infância perdida em que todo mundo estava se amando junto e misturado, menos a favela, onde apenas se vai fazer sexo e cheirar o suor do povo. É tudo tão repetitivo, não é? Já era assim na década de 1970, 1980, 1990, etc. Os artistas do Ceará são sempre uma piriquitinha, uma bucetinha, uma bundinha, um pauzinho de governo. Tudo na melhor das intenções, celebrando Sampa, Rio e se houver champanha paga com dinheiro do titio Tasso, dá pra chegar em Paris, Nova York e para os que querem brilhar, passando-se por inteligentes por mais da conta, Berlim. Meninada sadia! Viva a moçada e a rapaziada criativas do Ceará. Tanto glamour. Tanta macaxeira. Tanto esquecimento. Tanta broca. (estou mentindo?)

A ilusão da maioria.

Que porra de ilusão de maioria é essa! Que fantasia é essa de acharem que podem ser maioria nessa palhaçada. Não são maioria. Só na performance de si. Quem deseja ser maioria é partido.

à esquerda dos fracos.

Prefiro ser da esquerda Woody Allen do que dessa nova esquerda Brad Pitt, cheia de músculos para brigar com a polícia. Às vezes, fico com a impressão que o pessoal está fazendo mais malhação do que lendo livros, vendo filmes e lendo poemas de amor de Neruda. Entre a esquerda que nasceu para ser vítima e a esquerda que nasceu para ser dos 300 de Esparta, prefiro a primeira: a esquerda inteligente e atrapalhada que não sabe usar os músculos. A esquerda dos fracos.

Ninguém convence ninguém.

Ninguém convence ninguém. O que parece evidente, jamais é evidente. Camaradas, não há luta ideológica em curso. A luta é da ordem da crueldade. É diferente. Não se exponham aos vizinhos. O vizinho foi quem instaurou a ditadura militar no Brasil. O vizinho é mais perigoso do que a PM. Prefiro apanhar da PM do que ser submetido à observação cuidadosa das pessoas astrais, alternativas, descoladas e cosmopolitas que formam os governos que soltam os cães da PM sobre nós. Ninguém convence ninguém.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Ode às segundas-feiras.

E nesta segunda-feira, agentes policiais do Estado Democrático Popular do Brasil continuam sendo adestrados nos quartéis para bater, torturar e matar cidadãos e cidadãs no dia a dia das cidades, tenham cometido crimes ou não, reprimindo e massacrando a população do próprio Estado Democrático de Direito que representam, como agentes da lei. Juízes continuam vendendo sentenças e a presidenta da República vendendo o país, usando o Exército para não haver contestações da ordem política e social, quando até mesmo a Petrobras diz ter dúvidas sobre o que estão a fazer. A maioria silenciosa continua silenciosa. Os fascistas continuam no poder e andando engravatados em restaurantes caros. As igrejas continuam ensinando o que é o certo, ou seja, conseguir dinheiro e ir passear no shopping center, como todo filho de Deus. E a agenda de trabalho da gente continua lotada, pois a base não pára de produzir riqueza para que os senadores e governantes possam fazer banquetes caríssimos com dinheiro público. Um viva para a República brasileira de Puerto Rico, senhores e senhoras!

domingo, 20 de outubro de 2013

Sonhos fascistas e stalinistas são nossos piores pesadelos.

Sabe o sonho fascista e stalinista por excelência? Decretar que todas as manifestações contra governos, patrões, autoridades públicas, políticos profissionais, partidos, igrejas, ou seja, todas as manifestações contra a opressão, a dominação, a exploração e a injustiça serão punidas com prisão ou pena de morte sumárias sem julgamento e com requintes de crueldade pelos algozes remunerados pelo Estado para isso. Os sonhos do Estado são os nossos piores pesadelos. É preciso resistir. Saudações libertárias!

Não há luta sem maneiras de pensar como agir.

Como seria lutar sem palavras? Lutar sem maneiras de pensar imbricadas às maneiras de agir? Como seria lutar sem sentimentos? Como seria lutar sem imagens de pensamento? Como seria lutar sem poesia? Sem reflexividade? Não seria lutar, a meu ver, seria consumir mercadorias fazendo uso do corpo como cliente. Se não houver pensamento nas barricadas, não há por que fazer barricadas. Se não houver pensamento no agir corporal, não há força de luta, apenas movimento e movimento não é ação. Agir é transformar pela força do pensamento, no campo das práticas, os sentidos impostos ao corpo dado. O corpo para se revoltar precisa se livrar de si mesmo, precisa arrancar de si os aguilhões de ordem, pois o corpo pode estar enfeitado como estiver, dispondo de estilos de corpo dispostos em prateleiras de supermercados, se não estiver numa relação de contraposição a si próprio, fazendo do corpo um objeto contra o qual se realiza uma revolta, contra a ordem que se apodera do corpo, dificilmente, haverá algo diferente do que se passa com o corpo quando se encontra prisioneiro das encruzilhadas da satisfação ou da insatisfação de seus desejos, que são os desejos socialmente produzidos. Sem pensamento, não há corpos possíveis, e não há revolta. O pensamento torna possível fazer algo diferente do que se fazia. Sem a força do pensamento, no campo das práticas reais, não há constituição de espaço livre. Tenho profunda desconfiança diante daquilo que é dito espontâneo, natural, que vai de si, que segue a música, que brotaria de algum lugar puro de um sujeito que grita a revolta nua de um sujeito nu, muito melodramático demais para o meu gosto moral e político. A mistificação do movimento pelo movimento, movimento de corpos dados, de corpos ordenados até mesmo quando contestam algo, não constitui revolta contra a ordem propriamente dita. Expressa mais insatisfação, e a insatisfação é algo da ordem do consumo, do dinheiro, da mobilidade urbana.

sábado, 19 de outubro de 2013

Problematizar a relação com o Estado: uma tarefa política.

Problematizar nossa relação com o Estado, com os partidos, com os dispositivos de segurança, com o sistema de saúde, de educação, de previdência, enfim, discutir as situações de dependência, seja no modo da integração marginal ou da marginalização integrada, é um tema que precisa compor as agendas específicas de vários fóruns. A tarefa política contemporânea passa pela problematização da relação dos indivíduos com essas entidades sociais estatais que promovem certos modos de vida em detrimento de outros, mas, principalmente, em detrimento das autonomias relativas de indivíduos e coletivos. Certa aversão de segmentos ditos de esquerdas a esse debate tem favorecido um apropriação quase que monopolizadora por segmentos conservadores, ultra-conservadores ou neoconservadores (ditos de esquerda e de direita) desse tema. Os meios de fantasia que estão sendo investidos pelas políticas de governo estão promovendo a difusão de maneiras fascistas de se relacionar com os outros e também maneiras autoritárias de centralização do exercício do poder público pela concentração do investimento em modos de vida que são autorizados pelas fantasias de grupo de segmentos fascistas (de direita e de esquerda). A socialidade contra o Estado e a recusa ativa das formas de dependência impostas pelas políticas de governo são atitudes que multiplicam, no campo de forças reais, as práticas políticas que lutam por autonomias relativas e negociações em torno de relações de interdependência mútua que não estejam centralizadas em mecanismos de subjugação do outro, como no caso das situações de dependência por integração marginal ou por marginalização integrada que parecem ocupar as pautas de ação dos governos ditos de direita ou de esquerda e também dos pequenos partidos que se dizem das frentes de esquerda, que não dizem muita coisa contra o Estado por que sonham dele se apoderar para implantar ditaduras, nomeando-as com nomes bonitos como "democracia popular" ou "campo democrático", o sonho de todo partido, como é o sonho de toda empresa, é monopolizar o mercado, destruindo concorrentes.

Uma reflexão sobre hegemonia e contra-hegemonia.

Em geral, a resposta à pergunta sobre "qual o problema" a ser resolvido opera com um reconhecimento social que faz desconhecer os pressupostos implícitos do problema dado. A pergunta "por que o problema" existe, também, em geral, leva à consideração de atribuições de causas que estão disponíveis no repertório da agenda hegemônica. A dedicação à questão sobre como "superar" problemas pode ser uma tremenda armadilha, uma vez que quase sempre parte-se de uma agenda dada de problemas para buscar respostas que seriam "alternativas", mas a agenda é o que define o mecanismo de hegemonização e não o leque de caminhos de superação de problemas. Neste sentido, penso que práticas políticas contra-hegemônicas precisam problematizar os problemas dados, desconstruir a agenda de problemas dados, tentar superá-los, sem fazer a desconstrução pela problematização daquilo que o problema dado não diz sobre si, pois buscar superar problemas dados seria reafirmar a hegemonia da pauta dominante de problemas que diz quais problemas merecem ser reconhecidos como problemas relevantes, publicamente importantes. Superar problemas é um discurso que remete a questões de gestão e vem sendo usado para despolitizar a política em nome de questões de gestão. A prática política é a negociação da relação de poder na constituição da agenda de problemas socialmente reconhecida e politicamente investida de agenciamentos múltiplos, e não apenas estatais. A criatividade é para problematizar novos problemas que não são reconhecidos pela pauta dada e não para superar problemas dados pela pauta dada.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O delírio é nosso!

Por favor, não vamos esquecer que todos e todas, sem exceção, inscrevemos formas de delírio na realidade. Então, antes de apontarem o dedo para o delírio do Outro, fazendo do delírio do Outro um atributo de sujeito que assujeita o Outro em alguma identificação de paranoia como entidade clínica dada, voltem-se para uma auto-análise ou análise das práticas de partilha de delírio que quase ninguém percebe como tais, exceto quando não se as toma como naturais, uma vez que nas práticas de delírio com que denunciamos a realidade como demasiadamente brutal para nossa fragilidade, realizamos as mais distintas e inglórias produções de miséria humana, principalmente, no nosso entorno.

Sobre a participação do PSOL do Ceará em comissão fantasma da Câmara Municipal de Fortaleza e crítica à nota de esclarecimento do partido.

Quem denunciou a comissão fantasma na câmara municipal de Fortaleza foi o jornal O Povo, ok? Quer dizer então que o PSOL não foi vanguarda na denúncia? Dormiram em serviço? Estavam numa comissão fantasma e não a denunciaram? Não denunciaram que era uma comissão fantasma? Participaram de uma comissão fantasma sem denunciá-la? Só adotaram atitude republicana de transparência depois da denúncia feita pelos outros, pela imprensa burguesa? Vergonha alheia, hein? Nota zero para o "vanguardismo denuncista" do psolismo, nota zero. Um partido que se afirma radical e que sua principal tarefa é denunciar a velha política em nome da nova política e acaba vítima "inocente" de denúncia de manter cargo em comissão fantasma? Sem falar que a nota de esclarecimento do PSOL (vocês podem lê-la lá no site deles), em nenhum momento, assume algum tipo de responsabilização pelo fato de ter um assessor numa comissão fantasma. A culpa é toda do outro. Isso vai na contramão da noção contemporânea de co-responsabilização, de compartilhamento da autoridade e do exercício de poder, discurso que o PSOL usou na campanha eleitoral, de accountability social no setor público, de prestação de contas. Se há participação numa decisão da presidência de uma instituição da qual se faz parte, essa participação efetiva se configura como virtual co-responsabilidade na tomada de decisão. Se há co-responsabilidade virtual, é preciso haver co-responsabilização efetiva de algum modo, guardando as devidas proporções de implicação no processo, mesmo que os pesos e as medidas dessa responsabilização estejam estabelecidos de modo desigual, não se pode fugir da co-responsabilização, não se pode, ao menos fugir de assumir o erro, a nota não assume nenhum erro, apenas se auto-elogia, é infantil nesse ponto. O fato da nota do PSOL não assumir nenhuma responsabilização pelo fato de ter assessor em comissão fantasma, mas simplesmente dizer: nós que fazemos tudo certo, somos puros e éticos, e trabalhamos de fato, fomos surpreendidos por isso, é o mesmo tipo de argumento que o PT vem usando nesses anos todos para justificar que está sendo sempre vítima de armadilha e de perseguição. As falas de políticos do PT sempre são assim. O PT não assume nunca a responsabilização sobre os casos em que se constata irresponsabilidade compartilhada, o que exige algum nível de auto-responsabilização. O PSOL parece ter herdado essa cultura política do PT. Por isso, não confio no PSOL, como herdeiro da cultura política do PT, como as evidências vem mostrando também no plano nacional com as atitudes de Randolfe e Ivan Valente. Não assumir nenhuma responsabilização numa nota de esclarecimento é pueril, em primeiro lugar, mas é também arrogante, é algo pretensioso, pois por mais que se diga que tudo vai bem, algo não estava bem, o PSOL estava sim, de fato, ocupando um lugar numa comissão fantasma, isso é um fato que nem o PSOL negou. Disse que não sabia. Mas pelo que eu saiba, na ordem jurídica, não se pode fazer uma defesa alegando desconhecimento da lei, né? Ademais, houve o reconhecimento pelo PSOL de que praticou desvio de função do assessor. Recebendo por uma comissão fantasma e trabalhando de fato para outra. Ou seja, assumiu que se valeu de uma gambiarra que não é legalmente respaldada. Essa prática foi já criticada pelo PSOL, pois era amplamente usada na gestão Luizianne Lins. Ou seja, PSOL não assumiu o executivo, apenas um mandato parlamentar, e perde o controle sobre essa prática? Imaginem na escala de uma gestão de uma metrópole? Não convence a nota de esclarecimento. É fraca e arrogante. Não assume o erro. Perde confiança do eleitor.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Liberdade de pensamento. Desobediência civil. Democracia absoluta.

Muita atenção e nenhuma obediência. A pior polícia é a polícia que esmaga o pensamento. É a neutralização do ato de pensar. O núcleo forte da força é o pensamento, não há correlação de forças sem pensamento. Pensar é buscar o sentido de algo enquanto objeto de pensamento. Pensar é por-se fora da ordem. Pensar é radical.

Nenhum desejo em ser maioria.

A única coisa que me deixa tranquilo é que eu nunca na vida tive desejo de ser maioria. Apenas para quem nutre este desejo, o cenário é insuportável. Para mim, a maioria sempre foi insuportável. Desejar o insuportável é um contra-senso. Faz mal à saúde. Devir-minoritário é uma forma de vida de quem escapa ou tenta escapar do mal da maioria, o mal de rebanho, o que não quer dizer que também não façamos parte de rebanhos, não há seres alados nesta conversa, apenas seres rastejantes. Mas há quem rasteje chafurdando na maioria, refestelando-se nela, e há quem rasteje na maioria, empurrando-a de lado, lançando-se para os cantos, para as beiras, para os buracos negros que a atravessam.

A polícia é a fundamentação?

Quem tiver um critério de verdade que possa funcionar como critério naturalmente ou politicamente ou epistemologicamente ou axiologicamente superior de unificação do conjunto das relações sociais, por favor, apresente-o argumentativamente com uma fundamentação racional que não seja metafísica. Em nome de quem? Em nome de quê? Não é tão fácil, não é? Se fosse fácil, não haveria polícia na fundamentação última do real.

Esses bastardos! Lembrando de Diário de um ano ruim.

Os governos brasileiros reprimem a população como se fossem arautos da mais elevada realização do Estado Democrático de Direito, e não são, são uns bandidos cafonas que não foram incriminados por atuarem usando o campo da política para assumir estruturas de governo e se refestelar na remuneração com dinheiro público. Não são nem aqui nem na China representativos do que quer que se possa chamar de Democracia, esses canalhas estelionatários. São governantes corruptos, sem compromisso, violentos, desonestos, salafrários e covardes que cometem vários crimes, que se associam com grupos criminosos de todo tipo, principalmente, grupos criminosos que detêm altas somas de capital. A revolta contra o governo brasileiro em todas as esferas é a coisa mais legítima e necessária que possamos pensar nesse universo torpe da estrutura política no país. Espero que as revoltas se intensifiquem e tornem a vida dos governantes, esses estúpidos e bastardos governantes, com seus partidos políticos decadentes e bandidos, um inferno. Fazer da vida do governante um inferno é o princípio de exercício da cidadania ativa nesse país. "Os sonhos do Estado são os nossos piores pesadelos". Democracia absoluta ou barbárie! Anarco-punk vive! Já fui criança, eu sei.

Pimenta nos olhos dos outros é refresco!

Democracia nos olhos dos outros é refresco. E haja democracia especializada em técnicas policiais ditatoriais da porra! Desse jeito, com repressão policial contra manifestações, com tortura, com execuções sumárias, prisões ilegais e muito abuso das autoridades, vamos ter de usar o porta-estandarte do Estado Democrático de Direito para limpar...as lentes dos óculos, embaçados de tanto gás lacrimogêneo. Se o cão de guarda perverso não te der uma mordida na bunda antes com uma bala de borracha, é claro. O que esse pessoal anda estudando nas faculdades de direito e academias de polícia do país, hein? Carl Schmitt? Lei de Talião? Lei Chico de Brito? Ou simplesmente está todo mundo no silêncio do cada macaco no seu galho? Por que então foram inventar brincar de democracia? Quem com ferro fere, com ferro será ferido? A democracia real bateu na porta da frente para visitar a casa e o Sinhorzinho mandou esconder os capangas na cozinha, tomando cafezinho na companhia das iás? Oligarquia nos olhos dos outros é refresco, isso sim! Estado Democrático de Direito é o apelido do mascote da polícia. Democracia real ou barbárie. Escolham seus papeis.