segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A maioria observadora espectadora e os protestos das minorias

O que define o impacto da intervenção política de uma minoria, na contestação radical da ordem, não é o poder intrínseco dessa minoria (afinal, uma minoria é facilmente aniquilada quando governos podem fazê-lo, seja pela violência da tortura ou seja pela simples execução sumária de minorias de militantes). O maior ou menor impacto de intervenções de minorias está em função de como "a maioria observadora, entretida pelo espetáculo" (Arendt) se comporta diante do fluxo das opiniões que dão legitimidade aos governos. O ato silencioso dessa maioria em evitar levantar o dedo e apoiar a opinião do governo é o que define a força da intervenção da minoria. Basta a maioria levantar o dedo apoiando a opinião do governo de modo resoluto que a minoria é esmagada, sem que para isso se precise da violência policial contra ela. Quando os governos precisam mobilizar forças policiais para espancar minorias em seus protestos, a lição que esses eventos dão aponta para uma chantagem da maioria observadora e entretida pelo espetáculo face aos governos. Um modo silencioso de expressar insatisfação e de chantagear seus próprios representantes, o que evidencia que a maioria é justamente a base principal de apoio do governo, quer se omita, quer acabe com o dilema ao expressar opinião pública. (inspirado diretamente em Arendt).

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