domingo, 10 de março de 2013

Desunidos no desentendimento contra as cúpulas.

As instâncias de controle pretendem mediar na totalidade as experiências das pessoas na relação com o fora, com o exterior, com os mundos possíveis que se atualizam nos mundos dos outros. O exercício livre da inteligência e do pensamento crítico e reflexivo exige das pessoas uma atitude de recusa ativa dessas instâncias mediadoras absorventes, totalizantes e anestesiantes, pois tais agências de poder (o Partido, a Igreja, a Família, a Universidade, a Escola, a Mídia, a Droga, etc.) são agências de controle das dispersividades e das ações livres das pessoas enquanto criadora de relações relativamente autônomas com os outros sem a mediação da política da identidade. É na recusa ativa do Estado onde reside a base histórica concreta e local de constituição da liberdade. E o modus operandi das agências reguladoras é sempre incitar as pessoas a se expressarem livremente no interior delas, a fim de produzir contexto de observação controlada do que há de livre nas pessoas tendo em vista a imposição de um padrão de comportamento que restringe o potencial criativo e põe sob tutela o exercício das capacidades agentivas, por isso é sempre bom lembrar que expressar a liberdade sob demanda das ditas agências é favorecer o próprio processo de destituição e captura que estas pretendem realizar, não necessariamente anulando a liberdade das pessoas, mas fazendo dessa liberdade apenas um sentimento fugidio da liberdade, uma dose de veneno para mortificar o corpo e fustigá-lo de tal maneira que o abandono das supostas veleidades daquelas pessoas que agem livremente será promovido ao cargo de auto-censor e estabelecerá as condições de assujeitamento de seu próprio descenso pelo auto-flagelo de uma adesão feliz às razões do Estado e das agências de poder que lhes são concorrentes, portanto, solidárias no crime que inaugura sua pretensão de monopólio pelas linguagens heterônomas que impõem a todos os adeptos.

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