segunda-feira, 25 de março de 2013

Melancolia ou revolução? Eis a questão.

O maior risco é manter-se fechado. O fechamento é mesquinho, em conformidade com o rebanho, o contrário da solidão criativa, esta é aberta. O solitário está em meio à multidão, faz parte do rebanho onde despeja sua perversa e paranoica sujeição. A solidão, ao contrário, liberta. Estar só é condição da liberdade, retirar-se do rebanho é forma de acessar o fora da ordem que caracteriza a experiência do pensamento. O ruído da multidão está em função das funções comunicativas do sistema de dominação simbólica. Ser anti-comunicativo é imprescindível. Os adoradores de morte são hiper-comunicativos. Os escravos adoram o farfalhejar da nuvem de gafanhotos no deserto sedentos em busca de mel. Falar de pensamento crítico é redundância. Só há pensamento fora da ordem (Hannah Arendt). O pensamento é sempre uma experiência radical, crítica, reflexiva e que se realiza em função de uma retirada diante do rebanho. O conhecimento das contradições do modo de produção capitalista sem pensamento não vale nada do ponto de vista da transformação radical da realidade. Sem Marx, sem Nietzsche, sem Freud, sem Walter Benjamin, sem Arendt, sem Foucault e sans cullotes, fica muito difícil fazer alguma revolução que valha o nome, a melancolia é diante da vergonha alheia, ou falta dela, marcada pelo abandono líquido e certo da aventura do pensamento. Se militâncias obreiras e anti-intelectualistas continuarem acreditando na integração marginal de indivíduos pela aquisição de diplomas de treinamento para o mercado, sinceramente, não se conseguirá propor modelos alternativos de socialidade livre, criativa e igualitária, tanto no sentido pós-capitalista, quanto no sentido pós-socialista, como pós-anarquista. Essas ideologias da modernidade são obscurantistas, apesar de delas sermos herdeiros históricos. As heranças pesam sobre nossos ombros e nós não podemos vestir as fantasias que elas carregam em nós. Melancolia ou revolução? Eis a questão!

sexta-feira, 22 de março de 2013

A cada dia, uma rebelião!

Gostaria de lembrar aos materialmente confortáveis que suas prisões mentais continuam atuando a todo vapor. E aos materialmente desconfortáveis que seus sonhos de conforto material não passam de ilusões criadas para lhes amaciar o couro. O ato de acordar é um ato de revolta. Mesmo tendo sido eleito, não confie nos governantes. Não sorria pra eles. Não aperte a mão do seu patrão. Não dê bom dia para o opressor. Não acredite em boas notícias dadas pelos jornais. Não leia jornais, escreva o seu próprio jornal. Não use as drogas recomendadas pelos padres, nem pelos traficantes, nem pelos pastores, nem pelos policiais. Não use as drogas do sistema. Não aceite o sadismo e a perversão do governante como algo normal. Boicote-os. Não seja o alvo do desejo de morte de ninguém. Não use a linguagem dos manuais. Corrompa-os. Quebrem os códigos. Não usem chave certa pra abrir porta certa. Quebrem as chaves nas portas. A ordem do dia é desobedecer. Não ingiram as drogas que nos empurram goela abaixo e que narcotizam nossa capacidade de criar novos contextos. Tomem de café da manhã, desobediência mental na veia! Criemos transtornos mentais e psíquicos para quem nos submete. Para adoradores da morte, para os que desejam o desejo do Estado, da Igreja e do Capital, diga-lhes terríveis palavras obscenas e desbocadas justamente quando esperam de você palavras dóceis e domesticadas. Vamos por fim aos empregos domésticos, e todos os são. Não sejamos domésticos, não desejemos domésticas. Lave seu próprio banheiro, como você limpa o seu próprio rabo. Não vejam TV. Não leiam revistas, nem jornais. Exceto a TV, a revista e o jornal que investe contra o carrasco que há em você, o que é muito raro, mas sejamos raros. Inventemos novas formas de subjetividades. Rasguem as receitas tarja preta. Pois o ato de acordar para um novo dia só vale a pena se for um ato de revolta contra o sistema. Think about it! Se atrase para o trabalho na empresa, volte para a cama e faça amor nesta sexta-feira de oxalá! Muita sapiência, nenhuma obediência. Faça o que lhe der na telha, imaginação livre. Mesmo nas celas, podemos sonhar sonhos de liberdade. Não entre em disputas e competições para ser o chefe da cela. Negue o presídio. Faça a rebelião.

O ato de acordar para um novo dia é um ato de revolta contra o sistema.

Bom dia, Vietnã! Bom dia, Fortaleza! Para você que está no conforto material de sua residência nos "bairros nobres" ou para você que está no desconforto material de seu barraco nos bairros e favelas do povão, atenção! É preciso acordar cheio de interrogações. Que os materialmente confortáveis lembrem de que suas prisões mentais continuam atuando a todo vapor. E que os materialmente desconfortáveis saibam que seus sonhos de conforto material não passam de adesão às ilusões criadas pelos poderosos para lhes amaciar o couro e exaurir a esperança. O sistema de dominação acordou funcionando em sua cabeça. Rebele-se. Se o carcereiro diz para sair da cela, não obedeça no primeiro chamado. Se o sistema lhes diz para dar o primeiro passo, recuse-se. Qual contestação você vai empreender hoje? Sejamos os empreendedores da nação, não fiquemos um dia sem malhar os bastardos que nos governam, os imbecis que nos exploram e os perversos e sádicos que fazem as políticas públicas atuarem como meios de fantasia e de satisfação dos clientes dispostos artificialmente em classes A,B,C,D ou E. Não seja um bom cliente, nem um bom patrão, nem um bom empregado. Cuspa no prato em que comeu. Erre o hino nacional. Estropie as frases do português. E não fale inglês com acento britânico, nem nova iorquino. Se tiver que falar inglês, fale com o acento dos guetos da Jamaica. E o francês com o sabor acre da escravidão que destruiu a rebelião no Haiti. E mande os pastores, padres e policiais à merda. E faça da sua boca, a podridão de todos os nomes feios, palavrões e xingamentos jamais aprendidos, logo após ter escovado os dentes, como a mamãe ensinou. E não se esqueçam jamais de que somos a pura negatividade. Que somos livres e mortais. E se quiserem nos por para comer o pão que o diabo amassou, mastigue o diabo e o cuspa entre os dentes antes de entrar em sua igreja. E na igreja, arrote. Fique de costas para o púlpito, cuspa no altar. Peide. Vamos contestar. Vamos protestar. Vamos empalar os filhos da puta que nos submetem. Acorde o vietcongue que há em você. Não chupe drops hoje para não chupar no dops amanhã. Não estabeleça vínculos sadios, apenas doença e adoecimento salvam da higienização forçada. Seja um decrépito. Não dê bom dia para o seu algoz. Fale em alto e bom som que babaquice de felicidade, satisfação e conformidade ao que aí está é coisa dos fracos (ou dos perversos executivos que fazem de suas pequenas mãos os operadores maiores das prisões e torturas preparadas pelo mercado da sofreguidão). Declare guerra. Tome o café da manhã frio. Se mortifique antes de dar os primeiros passos em direção ao paraíso, e lá chegando, dê meia-volta, mergulhando de cabeça no inferno. Tenham um ótimo dia de desconstrução de si. Não façam sexo, façam orgasmos múltiplos! Saudações libertárias!

sexta-feira, 15 de março de 2013

A nova gestão "socialista" de Fortaleza.

No dia 29 de dezembro de 2012, eu escrevi no Twitter o seguinte: "Na realização de uma cidade-mercadoria, no Brasil conduzida pelo PT, Roberto Cláudio será, certamente, mais petista do que sua antecessora." Sinceramente, fui muito peremptório e cometi um erro de avaliação. Pensei que pior do que estava não poderia ficar, a gestão do novo prefeito não encontraria obstáculos para com rapidez superar o quadro negativo da paralisia do governo de Luizianne Lins. Pois não é que agora, em março de 2013, tenho que morder a língua. Cidade de Fortaleza está suja e com muito lixo nas ruas e calçadas, sombria, sem iluminação adequada (aliás, adequada apenas para assaltos), insegura, portanto. E continua muito desigual. Nova gestão da cidade afirmou ter como desafio superar a desigualdade, derrubar o muro da vergonha, como disse novo prefeito. E que teria prazo para isso! Muita bazófia para um começo tão medíocre de gestão. A campanha de Roberto Cláudio foi toda em cima de apontar "incompetência" da gestão anterior. E ainda continua, já no poder, com discurso acirrado de campanha, apontando incompetência alheia. Quem aponta incompetência do outro tem de fazer, realizar, superar com alta capacidade, pois, do contrário, vira bravata e hipocrisia. Se RC não começar a fazer o mínimo, disciplinar o trânsito que está abandonado e retirar lixo das calçadas, fará (será que sim) o máximo? Se a meta máxima é superar desigualdade, deixar a cidade suja, o trânsito digno de um faroeste e as ruas sombrias e perigosas, há algo de podre no reino da Dinamarca. RC vai desmoralizar o Meireles, esse bairro "nobre" dos "doutores" capazes que compõem a nova gestão ou que a apoiam? Onde está a gestão por resultados? As equipes vão passar um ano em planejamento? Mas isso não era uma incompetência que RC denunciou na campanha? A denúncia de que Luizianne Lins passou 4 anos fazendo planejamento e mais 4 fazendo a propaganda do planejamento que fez exige uma atitude de super competência dos novos gestores, ou não? Entendo que a moderação exige que se diga que é cedo demais para cobrar resultados, mas não concordo com esse argumento, acho-o indulgente. Se discurso de RC foi entrar fazendo com alta capacidade gestão por resultados, por que lhe dar a prerrogativa da moderação de expectativas?

A função dos partidos de massas.

Partidos deseducam em massa. A função dos partidos de massas é deseducar as massas.

domingo, 10 de março de 2013

Desunidos no desentendimento contra as cúpulas.

As instâncias de controle pretendem mediar na totalidade as experiências das pessoas na relação com o fora, com o exterior, com os mundos possíveis que se atualizam nos mundos dos outros. O exercício livre da inteligência e do pensamento crítico e reflexivo exige das pessoas uma atitude de recusa ativa dessas instâncias mediadoras absorventes, totalizantes e anestesiantes, pois tais agências de poder (o Partido, a Igreja, a Família, a Universidade, a Escola, a Mídia, a Droga, etc.) são agências de controle das dispersividades e das ações livres das pessoas enquanto criadora de relações relativamente autônomas com os outros sem a mediação da política da identidade. É na recusa ativa do Estado onde reside a base histórica concreta e local de constituição da liberdade. E o modus operandi das agências reguladoras é sempre incitar as pessoas a se expressarem livremente no interior delas, a fim de produzir contexto de observação controlada do que há de livre nas pessoas tendo em vista a imposição de um padrão de comportamento que restringe o potencial criativo e põe sob tutela o exercício das capacidades agentivas, por isso é sempre bom lembrar que expressar a liberdade sob demanda das ditas agências é favorecer o próprio processo de destituição e captura que estas pretendem realizar, não necessariamente anulando a liberdade das pessoas, mas fazendo dessa liberdade apenas um sentimento fugidio da liberdade, uma dose de veneno para mortificar o corpo e fustigá-lo de tal maneira que o abandono das supostas veleidades daquelas pessoas que agem livremente será promovido ao cargo de auto-censor e estabelecerá as condições de assujeitamento de seu próprio descenso pelo auto-flagelo de uma adesão feliz às razões do Estado e das agências de poder que lhes são concorrentes, portanto, solidárias no crime que inaugura sua pretensão de monopólio pelas linguagens heterônomas que impõem a todos os adeptos.

sábado, 9 de março de 2013

As bases contra a verticalização das novas cúpulas do Partidão.

Estratégia revolucionária democrática sem aliança de classes? Vamos dar uma reviravolta nas teses do V Congresso de 1958 do PCB? Ou então, como diz Hakim Bey, fomentar revoltas, pois revoluções são processos de construção de novas dominações? Revoltas permanentes e zonas de autonomia temporária? Seria possível uma zona de autonomia permanente? Será que o "campo popular democrático" não continua nos assombrando como um fantasma que nos impede de repensar nossas posições? Políticas públicas viraram o grande engodo desse fantasma, nós mesmos estamos sob hegemonia dessa agenda política que reivindica políticas públicas. Parece-me que as retóricas das políticas públicas nos escravizam o pensamento contra-hegemônico. Não seria o caso de apostarmos, do ponto de vista da política institucional, na luta parlamentar municipal, estadual e federal radical? Novos radicais, sem esquerdismo, portanto, mais virulentos, mais devastadores na crítica negativa do capital? Devires-minoritários não podem ficar reféns de políticas de identidade, as políticas de identidade e as políticas públicas estão fazendo capturas conservadoras e retirando a potência de devires-minoritários. Devires-minoritários como políticas e estéticas de existência não precisam ser lidos numa chave pós-moderna da fragmentação, pelo contrário, podemos pensar a totalidade, mas totalidade não está mais acima de nós, está ao lado, um novo modo de pensar a totalidade que se realiza a partir da chamada das multiplicidades (que realiza a crítica do dualismo monismo-pluralismo que domina o pensamento político das esquerdas na modernidade). Não é suficiente, por exemplo, que parte da militância, para se sentir esquerda, qualifique o outro partido de esquerda como de direita, esses deslocamentos são meramente simbólicos e só satisfazem ao ego do militante que passa a se achar o autêntico militante da esquerda combativa (mesmo que isso seja verdade, pouco importa, pois a verdade é minada pelo ato de dominação instaurado). Gasta-se uma energia enorme nessa política de identidade e de afirmação da militância, há uma questão de entropia política aí, desgastando a própria militância. Camaradas militantes não conseguem entrar nas discussões, ou quando conseguem é com muita dificuldade, o pessoal precisa se preparar mais para a disputa no sentido exógeno, questões de formação mesmo, nesse ponto é algo decisivo sair da clausura.

Boicotar as cúpulas partidárias das frentes de esquerda nas próximas eleições: a tarefa política principal.

As cúpulas partidárias precisam ser fustigadas em suas zonas de conforto parlamentar. Nas próximas eleições, vamos dar o troco. Ou as cúpulas partidárias estão em condições de nos excluir de seus cálculos eleitorais? Podem se dar ao luxo de perder capilaridade social? Acordei pensando em Agildo Barata e Hermínio Sachetta e a defesa da radicalização democrática das estruturas partidárias. Abaixo o Partidão! Defendo o boicote generalizado às candidaturas das frentes de esquerda a cargos executivos para as próximas eleições. Vamos também boicotar candidaturas parlamentares das cúpulas partidárias. Chegou a hora das cúpulas baixarem a crista e perderem eleições. Quando parte considerável de militâncias "socialistas e radicais" ficam de joelhos, dizendo amém para cúpulas partidárias, só Jesus salva. As cúpulas partidárias mijando na cabeça das bases e estas irão fazer a próxima campanha eleitoral para aquelas? Defendo boicote total. Vamos ver se as cúpulas vão eleger alguém apenas com assessores parlamentares militando. A hora do troco. Estamos costurando no boca a boca.

Militâncias de "esquerda" funcionam como mercado aquecido.

E as militâncias continuam ávidas por cargos comissionados. Estar no "movimento" hoje é estar no mercado das assessorias. Triste! Práticas pelegas do partidão continuam dando rumo. Movimentos, etc. por puro dirigismo. Só se preocupam com mercado parlamentar e cabides. Modelo de cooptação de lideranças via OP é referência de toda a "esquerda". Assessorias parlamentares reproduzem em pequena escala isso.

O PSDB foi liquidado na política? Tem certeza disso?

Já chequei e há dos dois tipos: tucano de bico preto e de bico vermelho. Existe também tucano de bico amarelo? E de bico verde? Sei que os bicos são ocos. Os tucanos possuem bicos ocos para poderem guardar despojos da rapinagem que fazem contra os insetos. Enchem o papo. São majestosos. Os tucanos quando se misturam com aves de rapina mudam de cor e a nova penugem pode ser multicolor. Amarela, verde, vermelha, azul, etc. Filhotes bastardos de tucanos com aves de rapina adoram comissionados e vivem de máquinas de governo. São tacanhos e sisudos e curtos. E existem em profusão.

O credo libertário e a fuga permanente de si.

Nas lutas políticas, não há lugar para delicadezas. É conflito de paranoias em alto grau. Não tenho pique, nem estrutura, nem sangue frio...É mil graus. Estou observando e é chocante. Há fascismos de direita e fascismos de esquerda se espalhando por todos os lados. É polícia demais! Com armas do Estado, atirando pra matar em nome de governos "socialistas" no CE. E a boa vizinhança? Ganhou duas eleições. Entre polícia e política, o "socialismo" se implanta nas terras alencarinas. Da esquerda libertária, somos anti-fidelistas, anti-stalinistas, anti-trotskistas, anti-chavistas e anti-nós mesmos. Revolta contra si é uma tarefa radical. Desconstruir fascismo que nos habita, que se apodera de nossos corpos, contrariar espírito de corpo/porco, é o que entendo por radicalidade. Para a retórica da esquerda radical e libertária (a minha inclusa), o que importa são trajetos de desaprendizagem. Sei que sou retórico, que não sou revolucionário, que estou pela melancolia, em vez da revolução: mas eu sei! E me recuso a ser este eu-sou. Não faço política. Só faço guerra. Ou, de preferência, amor. Paz e amor é ainda um lema belicista. O lema não-belicista é Guerra e Paz. "Há quem me julgue perdido, porque ando a ouvir estrelas. Só quem ama tem ouvido para ouvi-las e entende-las.." (Olavo Bilac). Parnaso vive!