quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Uma mensagem numa garrafa para camaradas que estão à esquerda.

Os indivíduos que estão funcionando prioritariamente como maiorias nutrem desejos perversos de porem os outros para falar, enquanto continuam eternamente na posição de espectadores sentados na poltrona comendo pipoca e protegendo-se de qualquer perda de evidência. Para estes indivíduos a palavra pronunciada não passa de representação para a diversão das massas ou para a fofoca nos grupelhos de poder dos quais participam. A palavra-agir que nos interessa só alcança quem também está na palavra-agir. Teremos que pensar novas formas de ação pela palavra-agir. Os circuitos de poder das maiorias estão adentrando num funcionamento microfascista que vai nos expor a todos e a todas a vários vexames e intimidações. Durante a ditadura soviética, as heterodoxias da esquerda libertária, para não serem dizimadas pela forças policiais do stalinismo, tiveram que manter pequenos segmentos espalhados, difusos, sem ligação uns com os outros, enviando mensagens cifradas em garrafas laçadas ao mar, onde não se sabia quem as enviava nem quem eram os destinatários, e assim conseguiram fazer um trabalho político de memória subterrânea da revolta, para garantir que novas gerações pudessem ter acesso às discussões. Percebo que uma série de discussões importantes da esquerda libertária (que pra mim é sempre heterodoxa, as ortodoxias não pensam, por definição) não chegam mais nem mesmo nos partidos políticos que atualmente se dizem frentes de esquerda. As tradições culturais e intelectuais de pensamento de luta, de esquerda, estão bloqueadas, lacradas e encalacradas, banidas, fragmentadas. E agora com a perseguição policial efetiva, como vamos fazer? Negócio pegou e está sério.

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