quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O fantasma da ditadura

As pessoas que viveram ou nasceram e cresceram durante a ditadura civil-militar inaugurada em 1964 e finda em 1985 sabem quão estúpido, embrutecido, tacanho, néscio e cruel foi o militarismo querendo fazer de um país inteiro um quartel. A brutalidade, a tortura e o medo, autorizados aos governos militares, foram a expressão mais rasteira da inépcia das classes dominantes no Brasil, e também do efeito de adesão de maiorias sociais ao fenômeno autoritário. Por outro lado, nesse momento atual de crise quase morredoura da Nova República, devido à capitulação da sociedade civil aos encantos corruptores, clientelistas e elitistas manobrados pelo PT e pelo PSDB, esses desertores face ao compromisso histórico da revolução democrática brasileira, nós, brasileiros, descobrirmos atônitos que a luta por democracia real não pode ser esgotada por nenhum regime político, por nenhuma institucionalidade dada. Que dinheiro, sucesso e poder, como referências de socialidade, levam-nos a um caminho sem fim em direção ao fundo do poço. Que sem projeto coletivo de nação, o Brasil chafurda na mais medíocre plutocracia de um regime autocrático burguês capitaneado por segmentos mercenários das classes médias. O Brasil precisa se reinventar, e não será pelo retorno às ilusões já perdidas, precisa conquistar pelo pensar e pelo agir, como tarefas coletivas, os rumos de uma socialidade fraterna, sem paternalismo, igualitária, sem autoritarismo, e livre, sem desigualdades. Ou que pelo menos se ponha no horizonte de imaginação que a missão principal da política que se faz contra a política do crime é a felicidade das pessoas, o que não se realizará sem que se afronte o sistema de opressões e desigualdades de oportunidade de sentido.

Agir contra e contra

Agir contra a unificação do movimento, agir contra a mobilização, agir contra discursos e práticas de totalização. Quanto mais desentendimento houver, mais múltiplo, mais pujante. Qualquer coisa que ameaça a formação de cúpulas, partidos, coletivos e outras instâncias de controle da dispersão me interessa como forma de política contra a política estatal que domina a cabeça de tantos e tantas.