terça-feira, 23 de abril de 2019

O vacilão em evidência

Tem pessoal que acha que vida acadêmica é brilhar em eventos. São especialistas em letreiros. Deixem de enrolação. Vão estudar! Aproveitem a crise para estudar. Mas ainda tem um pessoal que acha que pode virar estrela da noite para o dia. Agem como se estivessem no estrelato, mas mal começaram, mal chegaram. Sequer mostraram para o que chegaram. O recém-chegado que vira estrela. Pessoal cansativo da porra. Adota estilo celebridade sem ter onde cair morta, a pessoa merece piedade? O pior é que usam a linguagem do espetáculo e do capitalismo cognitivo como se fosse uma revolução. Só se for a do atraso. Uns 50 anos de atraso. Deixem de se passar. Não vão chegar a lugar nenhum assim. É preciso aprender a se fingir de morto para sobreviver. Não tentar estar em evidência. É o pior caminho. Tentar ser socialmente agradável é uma merda. Redes que caem em duas semanas. Alianças que duram nem um ano. Trapaças embaralhadas aos sorrisos, tudo isso mata, e mata rápido. O que salva é a luta do trabalho vivo contra o trabalho morto.

Capitalismo universitário faz mal para a saúde

Há o que alguns autores chamam hoje de "capitalismo universitário". A universidade na forma-empresa. Uma injunção que tem de ser enfrentada por todos. Contudo, há os acumuladores, os empreendedores, os agentes que funcionam como pequenas mãos desse capitalismo de empresariamento de recursos humanos e gestão de competências. Os grandes comedores são grandes acumuladores nesse processo. Os que querem abraçar tudo, querem estar em todas as instâncias, não querem ficar de fora de nenhum campo de decisão. São os agentes do adoecimento e da morte. E muito cuidado, pois em geral são simpáticos e calorosos. São carismáticos, populistas. E são homens brancos cuja fala se sobrepõe a de todos. Falam mais alto. Falam com o poder de mando na cabeça. Seja real ou suposto. Não deixem que colonizem suas agendas. Uma agenda acumuladora que engole as agendas dos "parceiros" não é uma agenda parceira. Saiam de perto de agendas comedoras. O grande comedor é tóxico.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Em nome da luta

Acho lamentável quando usam retóricas militantes e ativistas para mascarar percursos individualistas de mobilidade social ascendente. O desejo de poder e a ansiedade de status falam linguagens de coletivos "de luta". Manipuladores do déficit. Capitalismo militante com máscaras de sorrisos e afetos. O coletivo como trampolim de poder. Nas igrejas e nos partidos. Neoliberais, de fato.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Ungidos para a morte

Notícias de uma segunda-feira pela manhã: mercados de armas muito aquecidos, desemprego nas alturas. Muitas armas e muito desemprego. A nova era. A boa nova. Governo ungido. Homens brancos, mais velhos, que ganham acima de 5 salários, evangélicos, sulistas, defensores de violência em nome de Jesus. É o único perfil nesse momento que apoia muito o governo ungido para a morte. Os próximos 8 anos serão de muita destruição. Essa autopunição infligida pelo brasileiro a si mesmo. Uma vontade de se aniquilar, de exterminar sua própria vida, algo que produz mais adoecimento, miséria e morte.

domingo, 14 de abril de 2019

Double Bind

Como professor e pesquisador, se chamo um estudante para o jogo, estou chamando para a lógica concorrencial do mercado, para ser precariado, mas se eu não chamo para o jogo, eu o estou excluindo da possibilidade de ser precariado. Se eu chamo para a luta, para a luta contra o sistema, não tenho cacife para tanto, afinal, quem sou eu e onde estou para chamar os outros para a luta? Um mato sem cachorro. Uma vida de contradições. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. De qualquer modo, chamo para ser precariado e para ser da luta ao mesmo tempo, mas não é fácil, uma coisa nem outra, pra ninguém. Não há solução viável nesse contexto atual. Mas, e aí? Vamos partir para um tudo ou nada? Sei lá, não faço a menor ideia. Minha única certeza é que o ódio ao existente é condição de liberdade.

Liberdade, igualdade e solidariedade.

A governança neoliberal do capitalismo desorganizado depende da desdemocratização para funcionar. Neoliberalismo rima com autoritarismo. Até a democracia liberal mais água com açúcar é tratada como inimiga. A adesão imediata ao neoliberalismo revela um profundo desejo de morte e autoritarismo. Todos contra esse regime de desigualdades e crueldades. A luta por democracia real é uma luta desde baixo contra os senhores da guerra e seus prepostos. Educação, saúde, alimentação, moradia e muita arte garantidos para todos, sem exceção. Contra os mercados da morte, nos insurjamos.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Capitalizar a falta de capital

As pessoas estão se sentindo mais respaldadas pelo atual contexto em não mudar seus hábitos, em não aceitar críticas, querem permanecer nas caixinhas sem ser questionadas. A atividade da educação está sendo rejeitada pelas pessoas com baixo ou médio capital informacional, estão se protegendo usando o fato de que são representadas pelo governo federal. Já notei isso na minha experiência de sala de aula. O atual governo valida o mediano em seu orgulho de si, permite esse orgulho de si em situação de incompetência arrogante que se desconhece como incompetência. Muito crítica a situação intersubjetiva da educação no país. Pessoas com baixíssimo capital educacional e cultural usam o estilo bem adaptado, o estilo "sou da ordem, bem adaptado" para cobrir o déficit de competências e habilidades de suas formações de baixa qualidade. Estão usando a adesão à normalidade adaptativa como recurso de sobrevivência, pois não tem outros recursos para competir no mercado altamente concorrencial. Deste modo, pessoas com baixa competência estão assumindo posições de mando e chefia em todas as organizações, começando pelo governo federal. Basta se mostrar da ordem, adaptado, que corre junto com as armas e as suas empresas, se vestir de chefe, se vestir de Deus, e vira dominante. O neoliberalismo na sua versão descamisada é uma forma de capitalizar a falta de capital para aparentar poder capitalizar o capital que não se tem, mas se deseja ter. Pessoas que ascenderam de posições excluídas para incluídos subalternos durante o grande RH dos governos petistas, hoje estão em posições que eram de seus chefes e estão muito orgulhosas, pois deram a volta por cima e desbancaram politicamente indivíduos que não teriam como desbancar na lógica concorrencial do mercado. Usam a política para defender o neoliberalismo de Estado, o neoliberalismo para inglês ver.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Hipóteses infernais

Por que as altas faixas de renda são as que mais aprovam o governo do destroço? São homens brancos, velhos, ricos, rentistas, patrões, que são beneficiados pela desregulamentação, entre outras características, como racistas, autoritários, defensores de um regime de morte para os que vivem escravizados por eles. Esta é minha hipótese. Posso estar enganado, cientificamente falando, mas politicamente, acho que não estou. O atual governo é um governo de exclusão aberta e deslavada. Como ainda não estouraram protestos generalizados contra isso? A Argentina, seguindo as receitais dos bancos, está na miséria. O Chile, que foi o campo de ensaio do neoliberalismo autoritário, desde 1973, gerou uma massa enorme de sofrimento social, suicídios, adoecimentos e morte, lá eles estão desfazendo o que fizeram e que é modelo para os de cá. A luta contra a governança neoliberal é literalmente contra as políticas de morte e extermínio que estão reservadas para os que são classificados pelos brancos ricos como "fracassados" e contra a pauperização crescente das classes médias, que é algo que acomete também os EUA. Precisamos minar as bases de circulação do discurso neoliberal com sua face encantatória, que seduz até o típico "fracassado", que se acha alguém de sucesso, sem ser. Não há sucesso em uma sociedade de criminosos alimentando a desigualdade. Nenhum sucesso possível. Parece que a população em geral introjetou fortemente a ideia de que miséria e pobreza são de responsabilidade individual. Ou será que não? A impressão é de que há um neoliberalismo popular muito bem irrigado pelo sistema da fé religiosa, que alimenta o imaginário do ungido de sucesso como um dos objetos de desejo mais difusos entre muitos segmentos da população. O que vai acontecer na passagem de 2019 para 2020 é imprevisível, mas pelo que observo nas ruas, conversando com as pessoas, o desespero está se generalizando, um mercado aquecido para a expansão de mais igrejas. Bancos, igrejas e milícias parecem ser um verdadeiro consórcio. Os bancos difundem a fé, as igrejas fazem a gestão dos fluxos monetários e as milícias cuidam da oferta mercadológica dos bens de salvação.

sábado, 6 de abril de 2019

Situação abissal

Não estão percebendo que o país caminha a passos largos para o abismo sem fundo? Uma geração inteira será arrastada para dentro do buraco de um esgoto clandestino. Velhos e crianças estão sendo lançados ao mar, afogados, na maior desfaçatez. Vai ser pior do que na Grécia. Vai ser uma carnificina. Já começou. As primeiras vítimas serão as mais desavisadas e as outras, as mais desinformadas. A matança já começou. A produção estatal da matança. Governo assassino. Quanto mais sem escolha se fica, mais se exige escolha livre e racional. Aumenta lógica concorrencial como critério de tudo, uma celebração da morte. Quem mais precisa de solidariedade, celebra um estilo de competição generalizada. Processo agressivo de desdemocratização. E há considerável adesão a isso. Expandir jogo do risco para produzir adesão à desigualdade como princípio. Trata-se de varrer do mapa quem está em menor vantagem para adentrar no jogo da concorrência acirrada. As apostas assim se concentram tendencialmente naqueles que possuem as melhores chances de ganhar. E estas "melhores chances" são potencializadas na medida em que se reduzem as chances dos com poucas chances. Duas jogadas de uma mesma partida cujo ganhador é de antemão aquele que abraçar com mais agressividade o princípio da desigualdade como modo normal de operação. Não tem como não explodir, a gente só não sabe como, quando e onde. Vai explodir, mas quando acontecer a repressão será inaudita, governo está atuando para provocar uma explosão que possa ser um tubo de ensaio de um processo intensivo e abrupto de estado policial, apenas uma ampla repressão policialesca a movimentos de protesto pode salvar o governo neste momento. O governo não tem outra saída, precisa de um novo 2013 para funcionar, para azeitar a máquina.