quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Mais um dia sem Deus

Nesta segunda-feira pela manhã, acordo para a vida, mais um dia sem Deus no coração, exulto, comemoro, a alegria emerge no meu espírito ao lembrar da condição radical de finitude, e o fato de não crer na crença me dá forças para um novo dia de trabalho, de criação e de trocas humanas significativas, mediadas pela arte, pela literatura, pelos saberes, pela música, mas, fundamentalmente, pela pesquisa e pela dúvida, essas danadas em eterna danação, e pelo pensamento crítico e radical enquanto experiência da finitude no devir. Gostaria muitíssimo a agradecer às criações humanas que nos fazem sentir que o desafio de si e a tarefa de inventar o próprio sentido da existência são para além do bem e do mal, o que há de mais prazeroso e desafiante, mesmo na dor e nos sofrimento, nunca dar as costas para a vida em busca do além-mundo, viver sem angústias, sem culpas, sem carolices, sem transferência do aguilhão do escravo para o outro, apenas respirando o entorno humano de um mundo misturado e impuro e matéria rica na impureza que nos instaura no próprio desafio do que estamos sendo, na pluralidade do sem Um. Liberdade humana se faz sendo. Graças à criatividade que distorce o compromisso com a realidade supostamente dada do que é ofertado pelos códigos de arrebanhamento. Uma semana de muita música, arte, amor, beijo na boca e transgressão. Muita transgressão! Contra a ordem insana, façamos amor no caos!

Não servem mais

Estado e sociedade civil não são categorias políticas e muito menos analíticas com as quais se pode pensar e agir sobre algo na atualidade do funcionamento das coisas. São categorias fantasmas. Reféns de um modelo político-institucional, modelo jurídico da soberania, que é o grande fantasma, ancorado na teoria geral do sujeito. Se não houver novas maneiras de pensar, as atuais maneiras de agir não passarão de performances com nomes estrangeiros.

O desejo opressor do oprimido

O que fazer quando os oprimidos, de tão oprimidos, sentem ódio dos que são também oprimidos e desejam a morte e o aniquilamento para os oprimidos, tornando-se um instrumento da opressão, contra seus próprios irmãos e irmãs, e a favor dos opressores, pois desejam o lugar de opressores? O que fazer quando os oprimidos escolhem como meta de vida consumir mercadorias baratas que imitam as consumidas pelos opressores no shopping center dos opressores? O que fazer quando os oprimidos escolhem como caminho da salvação a religião dos opressores? Situação complexa, não é?

Fajutices de militantes de luta

Não sei se vocês já repararam que aqueles e aquelas militantes "de luta" que reclamavam da teoria, queriam as coisas mais simples, chamavam para a prática, para a ação, para fazer e falar menos, como obreiros de partidos, em geral, se tornaram cargos comissionados de governos, assessores parlamentares, e vivem da distribuição de cargos na base do jogo de influência. Prefiro ficar no plano da crítica a "construir" coisas como tais fajutices. Aliás, toda vez que algum militante vem com papo de "vamos deixar de blá-blá-blá e fazer", em poucos meses a renda familiar está sendo paga por algum vereador, deputado ou pelo próprio governo. Querer fazer as coisas na prática, sem conversa fiada e tal, é a bravata do capacho do poder.

A lei do cão

Pessoal, eu ouvi falar que amanhã todos vão respeitar as leis, é verdade? E que todos que desrespeitarem a lei em tais condições serão justamente punidos, contrariando a grande maioria esmagadora que obedecerá à lei, inclusive, pagando impostos, é verdade? Me disseram que até o juiz que vende sentenças, o policial que vende armas, o desembargador que vende banha e o governador que vende a mãe vão respeitar a lei, né? Estou animado com este evento de cidadania. Super empolgado! O Brasil tem jeito, sim! Só precisamos ter fé e confiar no pastor e no padre, aí vamos ser melhores como seres humanos e cidadãos da nação.

Dreams

Pessoal, eu sonhei que os militantes dos partidos das frentes de esquerda não estavam interessados em cálculos eleitorais, nem em arregimentar quadros para a reprodução da estrutura do partido, nem desejando centralizar decisões, nem estabelecer instâncias dirigentes como dispositivos morais e nem mesmo querendo eleger parlamentares e gestores públicos para distribuir cargos entre os quadros do partido. No mesmo sonho, sonhei que os assessores de governo não estavam mais querendo lamber as botas dos governantes em troca de uma viagem para Miami com a sogra. E, para finalizar, sonhei que juízes não vendiam sentenças, policiais não vendiam armas, professores da universidade não vendiam o corpo em atividade prostituinte, desembargadores não vendiam serviços de pistolagem para empresários e empresas não vendiam drogas lícitas e ilícitas para formar caixa-dois de governos e partidos. Enfim, sonhei, mas acordei. Quem é da base, como eu, como nós, só resta trabalhar, pagar impostos, se endividar para não ter de viver na ilegalidade, e torcer por uma morte menos dolorosa do que a do próximo. E que os militantes "revolucionários" dos partidos políticos e os assessores "socialistas" de governo continuem nos bares e restaurantes, sorrindo e se abraçando uns aos outros, enquanto nós trabalhamos. Saudações libertárias!

A recusa ativa.

A recusa ativa é negar ser fonte de reconhecimento para representantes, sejam quais forem, sejam de onde forem. Não aceitar ser um elemento ou um agente da política de reconhecimento financiada pelos ativos de fantasia de grupo que se investem no e como Estado. É claro que a recusa ativa que fazemos tem um preço. Recusar ativamente a representação é tornar-se alvo das práticas de vingança, de crueldade e de retaliação, movidas pelo imenso acúmulo de ressentimentos que chamamos de Estado. Recusar ativamente reconhecer a autoridade enquanto autoridade, o representante enquanto representante, os governantes enquanto governantes, essa recusa acarreta em perdas no jogo do sucesso, do dinheiro e do poder, então, só entre para as frentes libertárias de resistência se estiver seguro de que não irá sofrer com a perda de dinheiro, sucesso e poder que acompanha qualquer atitude de recusa ativa dos "poderosos", dos "endinheirados" e das pessoas de "sucesso". É preciso ter coragem para recusar. Um pouco de loucura, um pouco de coragem e alguma dignidade própria, é claro. Assim, a gente entorna o caldo para o lado dos bastardos que se consideram superiores às bases que produzem coletivamente a riqueza, ficando com as dívidas de modo permanente. Saudações libertárias!

Crítica política censurada pelo jornal verde-amarelo da nação.

E o rapaz, militante de partido de frente de esquerda, que atua como menino de recado de dirigente partidário, carregando até cosméticos para adornar um pouco a máscara rapace do dirigente, preparando-o para o espetáculo, e também faz cara feia de bicho bravo, chamando os adversários de "seu bobão, seu feião" numa performance meio "o pau dele é meu, todo meu, o pau dele é o meu pau", afinal, o rapaz "revolucionário" quer dirigentes "homens", sempre homens, já notaram, não é? Um modo de juntar na cúpula do partido um pauzão bem grandão para bater sobre a mesa e dizer, do mesmo jeito que diz o playboy "socialista" no poder: "meu dirigente é pica grossa". Que nem a Dilma que teve que bater com o pauzão na mesa para virar a dirigente do país. É preciso escrever uma Introdução à Crítica da Economia Política do Sexo no Poder. É muito desejo de Estado que se investe nas fantasias de grupo dos "revolucionários" de meia-tigela.