quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Contrariar o Racismo de Estado

Quando a intelectualidade branca assume o despotismo esclarecido como sua atitude básica no racismo de Estado no BR, assume uma atitude amplamente reconhecida socialmente no sistema de dominação social. O intelectual branco que recusa esse caminho "natural" se torna uma aberração, um desenrraizado. Não ser porta-voz nem do meu lugar de fala é minha forma ainda que tímida de revolta. Afinal, sei que fui educado e treinado para ser portador daquela atitude.

Esquerda oligárquica

A ideia de que estamos a serviço do aperfeiçoamento das instituições é um senso comum de algo que entrou em decadência no mundo todo. Como deslocar essa herança da modernidade sem cair no imobilismo? O problema é que para a maioria agir é se engajar na política do despotismo esclarecido da modernidade autoritária e tecnocrática. Criticar tais pressupostos é ser acusado de traidor ou de desertor. Principalmente, quando se atua no Ceará, onde o governo oligárquico é quase um consenso geral. Ser de esquerda no CE é ser aliado "progressista" da oligarquia. E isso funciona assim há muito tempo.

E o horror à autocrítica?

Sempre é preciso lembrar, lamentavelmente, que aqueles a quem alguns de vocês (que são muitos) acusam de golpistas são seus próximos aliados nas eleições. Dizer que não há problema nisso é tapar o sol com a peneira. Dizer que o problema é do sistema tem sido a desculpa para tudo fazer, para tudo ser possível, para agir de modo aético. Existe um campo de decisões que funciona no campo do sistema e adentrar nele é um ato político. Dizer que agiu porque o sistema exigiu que se agisse assim ou de tal modo é algo próximo demais da má-fé. Seria dizer que não temos saída a não ser deixar que o sistema faça de nós incorrigíveis aéticos. Pior do que a fala do crime isso.