domingo, 22 de abril de 2018

Ódio ao existente

Precisamos aprender a odiar. Odiar o existente. Odiar o mal. Odiar a alienação social. Quanto mais ódio tivermos do odiável existente, mais seremos capazes de amar de modo desesperançado o porvir. Libertação e liberdade não rimam com esperança e utopia. O amor é a negação da troca de equivalentes. O amor é o ódio ao mal existente. É a revolta contra a submissão e sua maldade intrínseca.

Sentimentos de ordem ou de desordem?

A estrutura capitalista é uma estrutura de medo social. A ação racional no universo da irracionalidade objetiva do sistema é motivada pela angústia de ser excluído, de ser aniquilado. A estrutura da dominação social é baseada no amor compulsivo ao existente. Um tipo de amor que aprisiona. Um amor erigido pela ameaça constante de regressão. Um amor à ordem existente, à normalidade.

A esquerda oficial e sua seletividade

Quando os ruralistas estavam mandando e desmandando no governo do PT, super representados, as ações armadas contra lideranças indígenas e rurais, sustentadas pela relação PT-ruralismo foram "esquecidas", não se entendeu ou não se quis entender que ali já era o primeiro tiro. Lembro que as militâncias oficiais eram altamente omissas, não vinham nas redes protestar contra massacres anunciados de pistoleiros do ruralismo no poder do governo federal do PT. Agora que tudo desandou, fica parecendo que as coisas aconteceram do nada, mas não foram. Houve conivência da militância oficial da esquerda com o sistema da pistolagem do ruralismo da Kátia Abreu, a comadre da Dilma. Isso não dá para esquecer. Querem truncar a realidade dos fatos, como a direita faz. A esquerda oficial não foi solidária com as mortes anunciadas do ruralismo governista petista e agora querem solidariedade de todos, não é? Sim, claro, contem com a solidariedade de todos os mortos que mancharam as mãos de vocês de sangue, mas ninguém queria saber disso, para não atrapalhar a governabilidade. Esqueceram de tudo? Estão parecendo a direita. A tentativa das esquerdas oficiais de domesticar o sistema de dominação, e a crença de que tinham conseguido isso, que o sistema estava na mão, estava no bolso, resultou no atual choque de realidade. Quando criminalizaram os movimentos sociais que não estavam cooptados pelos governos, deram o primeiro tiro. Não há como tapar o sol com a peneira. O golpe começou em 2013. Estou convencido de que esquerda é para ser de luta, não é para administrar o capitalismo.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Esclarecer?

Quase tudo aquilo que a esquerda oficial pretende fazer com a direita, tentar esclarecer a direita sobre a verdade, pode também ser usado pela esquerda não oficial contra a esquerda oficial que age de modo muito semelhante com aqueles que critica como sendo de direita. Essa é a crise. Vamos unificar? Unificar sob a hegemonia da esquerda oficial? De novo? Penso que o momento é de retomar esquerdas de luta, esquerdas de base, esquerdas libertárias, esquerdas contra o desejo negativo de poder das esquerdas oficiais. A crise é da esquerda. Concordo com Wallerstein nesse ponto. A direita é apenas um efeito perverso da crise da esquerda. Não adianta transferir a culpa. Vamos assumir a responsabilidade histórica pelas decisões espúrias e perversas da esquerda oficial ou ficar com papo de vitimismo? E não adianta vir com o jogo do cinismo e da ironia, da tentativa de desqualificar quem critica à esquerda a esquerda oficial. Esse jogo é o jogo dos coxinhas e dos fascistas explícitos. Quer desqualificar para não entrar no debate? Tem lance mais de direita do que isso?

Entre fascismos e fascismos

Os fascismos de esquerda clamam por unificação sob a égide do Partido para fazer crer que os fascismos de direita são uma força aglutinadora para as esquerdas oficiais partidárias e seu desejo fascista de Estado. Os fascistas sempre apontam o fascismo como um atributo de uma forma absoluta de alteridade. Tentam esconder seus desejos fascistas ao acusar o fascismo como uma substância do Outro. Mas se organizam em torno do desejo do Outro, mobilizando seus desejos negativos de poder. Unificar é a senha do fascismo. Frentes amplas contra o fascismo em nome do Partido são o modo fascista de esconder o próprio fascismo.

A tarefa da crítica e a ruptura com os clichês

Não tenho nenhum desejo de que "meu representante" assuma a direção do Estado. Desejar a Autoridade de conduzir o Estado, essa vontade de poder do Partido. A tarefa da crítica sempre foi destruir mitos e não alimentá-los. O desafio é não disseminar clichês, é fazer o contramovimento.

Dirigentes da desigualdade

Qual o problema? São vários. São homens. São dirigentes. São vaidosos. São carreiristas. Acreditam que são bons moços. São brancos ou na pele deles. O bom mocismo é um problema horrível. Acham que apenas eles, ao assumir a Autoridade do Estado do Capital, poderão, devido a sua estatura moral e ética superior, dar novos rumos ao uso hegemônico que se faz do Estado. Como se a estrutura do Estado não fosse a de uma distribuição diferencial do capital e do poder.

Esquerda eleitoral e oficial e o sistema de opressões

A celebração do homem branco e rico como dirigente do Partido afundou a luta popular no seu pior. Esquerdas eleitorais sob a hegemonia de frações da classe dominante que fazem do Partido um modo de ocupar posições no campo do Estado oligárquico. A esquerda eleitoral deseja o Bom Patrão. O Patrão camarada. Nunca antes as retóricas radicais estiveram conforme à integração perversa dos Senhores. É triste ver a capitulação. A esquerda eleitoral com suas bases carnavalescas de subordinados ao Estado do Capital, via Partido, via Patrão branco bom, homens brancos altos e bem alimentados da alta sociedade sendo celebrados como dirigentes do "Povo". E homens brancos das camadas populares sendo gerentes desses dirigentes. A estrutura da esquerda oficial e eleitoral é a estrutura da opressão do racismo e da desigualdade de gênero. É o mecanismo de neutralização da revolta e recusa ativas contra o Estado do capital.

Sob a hegemonia dos dominantes

Os homens brancos e ricos que são os dirigentes do Partido não estão nas praças com seus subordinados. Os subordinados usam retóricas radicais enquanto seus patrões do Partido jantam nos melhores restaurantes da burguesia. Militam sob ordens de burgueses oligarcas . Homens brancos das cúpulas. Massa de manobra de partidos dirigidos por frações da burguesia, que faz descarrego emocional da subalternidade, reforçando no ato de descarrego a própria situação de subalternidade. Onde estão as lutas independentes das estruturas de mando oligárquicas dos homens brancos e ricos que dominam a "esquerda" eleitoral?

domingo, 15 de abril de 2018

PT é contra Lula, mas é claro!

Lula preso e cúpulas do PT nos restaurantes da burguesia. A vida segue. Lula preso e militâncias do PT nos cabides das oligarquias em aliança com PMDB. As cúpulas do PT estão interessadas é em saber para onde irão dirigir seus interesses no campo da classe dominante. O PT foi o trampolim para a consolidação de uma nova classe dominante em conluio com frações antigas dela. PT é um partido da classe dominante. Por isso, não há revolta fomentada pelo PT contra a prisão de Lula. Lula virou um joguete. Ele está mais ou menos consciente disso. Mas acho que ele vai se foder. Não contava que fosse traído pelo próprio partido. Ele vai ser traído por todos os homens brancos da burguesia que mandam no partido dele nas oligarquias regionais que ele ajudou a montar, em esquemas asquerosos de poder e dominação. O inimigo do Lula não é o Moro, é o PT do Alckmin. É o homem branco da cúpula do PT que diz em off que prefere o Alckmin no poder, para estabilizar as coisas. É o PT que se identifica com os homens brancos do PSDB por uma questão de classe. Não há revolta popular contra a prisão do Lula, pois as cúpulas do PT, que são da burguesia, não desejam isso. Abafam a luta popular em nome do pertencimento à classe dominante do país. O Lula que se foda, é o que estão a dizer. PT é um partido controlado por homens brancos da burguesia. Homens brancos, oligarcas, racistas e capitalistas. Estou mentindo? Até o Lula confirma isso. Fazia parte da estratégia política dele. Agora, ele se fodeu. Se fodeu, pois confiou demais nesses caras. Achava que ia ser poupado. Não contou com o preconceito de classe de seus próprios dirigentes e aliados.

Prisões toleráveis são prisões efetivas

A direita brasileira foi habilidosa. Conseguiu prender Lula e o mundo nem caiu. A direita mostrou que a prisão de Lula é aceitável pelos seus seguidores. Se realmente os seguidores de Lula fossem contra a prisão dele, o país estaria em guerra. Se tivessem prendido o Lula em 1989, tinha sido guerra na certa. Exército sabia disso. Se prendeu agora, sabia que não seria. Que seria aceito pelas militâncias de esquerda. No fundo, ele está preso pois foi mais conveniente. Até ele, Lula, achou mais conveniente. Por isso, ele se entregou. Se fosse o líder inconteste , nunca seria preso. Seria morto, mas não preso. A esquerda eleitoral se acovardou, deixou Lula ser preso. Pusilanimidade. Quando PT permitiu seu líder histórico ser preso, deixou de ser relevante. Tem condições nem de lutar pelo seu líder, imaginem liderar o Estado. PT morreu ao deixar Lula ser preso. Lula está preso pois o "Lula Livre" é uma encenação, uma história para boi dormir. Não há determinação real de luta. As pessoas só querem seguir suas vidas. Lula foi a peça de uma encenação de revolta. Mas não houve revolta popular de fato. Revolta é outra coisa. Ninguém controla. Lula está preso, pois Lula está só. A foto dele sendo abraçado pelo redemoinho de gente é apenas uma performance pós-moderna. Meteu medo em ninguém. Quem tem medo da revolta das bases lulistas ou petistas? Ninguém. Tudo água com açúcar. Fazem é entregar os lutadores e as lutadoras para a polícia. São a Polícia. Lula foi abandonado pela covardia de seus seguidores. Pela falta de determinação para a luta por democracia real. A prisão do Lula está lembrando a renúncia do Jânio Quadros. Achou que era uma coisa, mas era outra. Lula está na prisão, pois a falta de compromisso do petismo com a luta por democracia real se tornou uma forma de capitulação, uma covardia e demissão da luta coletiva. Virou liberalismo social água com açúcar. O PT é o golpe! O PT prendeu Lula. É omisso e cúmplice da prisão de seu líder histórico. Ninguém parou o país. Tudo balela. Só encenação midiática. Está tudo na maior normalidade autoritária e todo mundo calado, vivendo suas vidinhas, no máximo, usando um "Lula Livre" nas redes virtuais. Luta real igual a zero. Quantos militantes petistas estão presos por terem protestado contra a prisão do Lula? É assim que o Exército avalia. Avaliação real.

sábado, 14 de abril de 2018

Racismo de Estado na atualidade

Por ser branco, é frequente que brancos abertamente e intencionalmente racistas venham espontaneamente fazer confissões no dia a dia para mim, sem nem saberem quem eu sou e que tento não aderir subjetivamente a essas estruturas, que recuso o racismo que me/nos habita, eles me procuram apenas pela preposição preconceitual de que também devo ser um racista como eles, o que de algum modo me implica no racismo deles, pois me reconhecem, apesar de eu não me reconhecer como eles me reconhecem. Ao longo dos anos, como pesquisador, tenho coletado esse material. Já fiz um relato dele para integrantes do movimento negro da Bahia. O material apenas confirmava empiricamente o que elas e eles já sabiam. Mais recentemente, eleitores brancos de Bolsonaro têm dito cada coisa para mim no dia a dia que fiquei estarrecido, está difícil segurar as pontas de pesquisador e ficar apenas na escuta, mas estou fazendo isso, e mantendo o diário de campo sobre o assunto. O racismo de Estado é o problema central que não se quer discutir. Gênero, raça e classe. As leituras americanas (de colegas dos EUA) ajudam, mas as do BR podem ser independentes, dialogar, e serem até mais contundentes. Existe Estado mais racista do que o brasileiro? Sim, deve existir. Mas este não fica atrás de nenhum outro.

Isto não é um cachimbo. O esfumaçamento da esquerda.

A esquerda eleitoral é o PMDB. É o que fica implícito. Nas próximas eleições, vou seguir o conselho do PSOL e não vou votar mais no PSOL, mas sim no PT. É a hora da união! (isto não é um cachimbo). O autoritarismo tomou de conta . Ditadura já foi implantada. O que vamos fazer? Disputa eleitoral? Abraçar o Lula e dizer que é pela democracia? Acho que estamos no fim do poço. E sem respostas de luta à altura. Luta desde baixo e contra os de cima. O preço pode ser alto, já está sendo. Não convence. A vigilância já está no encalço. Por toda parte. Estou vendo a hora começar todo mundo ser preso. Muitas vezes, a gente super estima a inteligência dos dominantes. Conseguiram unir o que estava totalmente fragmentado. Conseguiram refundar o PT. São uns imbecis. E agora que a esquerda eleitoral está forte e unida, 1980 voltou. Lula lá, brilha uma estrela, Lula lá, é de esperança... Efeitos inesperados para ações estúpidas. Em 1989, a gente saía na rua com uma camiseta do Lula e enquanto se caminhava pela rua se ouvia os gritos vindo dos automóveis dos ricos: baderneiro, vagabundo, maconheiro, viado. Era assim. A gente dava um cotoco e eles por vezes mostravam as armas de retorno.

Entre golpes

Se a Lava Jato não fosse seletiva, desmontava o próprio Estado. O golpe de estado é o modo "normal" de funcionamento do Estado.

A ordem cínica do fim da classe média

Do mesmo modo que os membros da oligarquia protegem os filhos uns dos outros, num sistema de transferência hereditária de altas posições, os membros das classes médias recorrem à proteção das oligarquias, colocando-se em posição de subalternidade perante elas, a fim de reforçar mecanismos que impeçam processos de ascensão de novas classes médias, que, por sua vez, possam entrar em processos de luta concorrencial com os já estabelecidos, rebaixando o preço dos diplomas e credenciais da condição subalterna. O desejo de ampliação da classe média num momento de declínio da classe média no plano global, puxado pelos EUA, disparou processos políticos de restrição às condições de acesso às classes médias, notadamente, o acesso a bens informacionais. De modo cínico, as classes médias estabelecidas há mais tempo, ameaçadas pelo declínio geral, estão usando contra o desejo de classe média dos segmentos da classe trabalhadora o recurso do "prenda-me se for capaz", "siga-me se for capaz". O sistema da meritocracia não é apenas uma ideologia, é também um dispositivo de hierarquização das condições subalternas intermediárias face à estrutura oligárquica do mando. As classes trabalhadoras, pelo menos aqueles segmentos que puderam sonhar com desejos de classe média, caíram numa armadilha. Só descobriram agora que o processo era de integração perversa no sistema de meritocracia. E a maioria ainda nem descobriu, continua pensando como classe média enquanto é massacrado justamente por isso. O choque de ordem do liberalismo do capitalismo de Estado contra o liberalismo social do capitalismo de Estado é a ordem do dia. Quem vai ser empregado de quem? Esta é a questão.

A esquerda é o PMDB

A base da esquerda eleitoral é a governabilidade garantida pelo PMDB. Não há frente única de esquerda eleitoral sem essa costura. Antes de ser preso, Lula, PT e PMDB estavam fechando alianças eleitorais em vários estados. Abraçar uma frente única eleitoral seria dar continuidade ou não ao esforço de Lula. Se a resposta for não, o trabalho é inútil. De um jeito ou de outro, esquerda eleitoral voltada para executivo virou pó. A ironia da história: PSOL nos manda votar no PT e PT nos coloca nos braços do PMDB.

Recusa ativa do mando futuro

Faço questão de perder as oportunidades que são oferecidas, pois estas, em geral, estão inseridas num arranjo que envolve aceitação da subalternidade no sistema para lutar de modo concorrencial pelo lugar de mando, no futuro, que está ocupado por quem gera atualmente a oportunidade no presente. Ao recusar as oportunidades, a gente se isola, perde posições, e ganha em autonomia relativa. Mas não é automático esse processo de ganho de autonomia relativa, pois não há saída no isolamento. O isolamento é a recusa da troca, da economia de trocas, mas não é garantia suficiente da independência de pensamento. A liberdade é uma conquista. E é uma luta coletiva contra os arranjos de subalternização. A recusa do subalterno em se tornar uma subalternidade subjetivamente motivada para um processo de ascensão, a fim de subalternizar os recém chegados no esquema, é o sentido da própria vida. Vida é recusa da adaptação e da integração em esquemas que negam a vida em nome da "vida" (uma hipostasia da vida burguesa).

Pós-boululismo

E o que dizer do Boulos a assumir o discurso clássico da Social Democracia nessa altura do campeonato? Depois acusam a direita de não entender de história. Boulos está defendendo o que PT e PSDB defenderam quando foram fundados. Que desserviço! Que falta de massa crítica. Sinto muito, mas essa esquerda eleitoral do Boulos está mais perdida do que cego em tiroteio. Ninguém sabe, ninguém viu. Não analisam sequer o que está se passando no capitalismo mundial contemporâneo. Vivem de discursos fáceis. Eleitorais e oportunistas. E também autoritários. Ou foi um show de democracia a ascensão do Boulos lulista no PSOL? Até a militância do PT já fala em pós-lulismo, aí vem o Boulos para refundar o lulismo. Precisamos de uma esquerda pós-Boulos! Pelo pós-boululismo.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

A situação engrossou

Quando PSDB e PT se tornaram cúmplices do sistema de corrupção, clientelismo e conciliação pelo alto, abriram o espaço para o golpe, tornaram factível o fim da Nova República e o abandono da constituição cidadã a sua própria sorte. Poderia ter sido diferente? Não sei. Mas agora as consequências são terríveis, pois a democracia liberal volta a se dissociar do capitalismo. E a democracia social se torna a porta de entrada do fascismo. O modelo autocrático da empresa retoma seus processos internos de militarização num sentido novamente expansionista. Empresa-militar em rede com bases em massas racistas, fascistas e ultra fóbicas. O liberalismo vira totalitarismo. O direito vira vingança. O estado vira pura polícia. A cultura vira igreja. E a mercadoria continua mercadoria em expansão. O teatro cívico não vai colar, não tem lastro moral entre as bases da população. Até o apoiador "cívico" virou polícia. Só a luta antifa, como fator de multiplicação da resistência, poderá, talvez, movimentar algo, e olhe lá. Mas o pau vai comer.

Esquerda eleitoral e suas vicissitudes

O dia de hoje me convenceu que o voto é do PT. Apenas do PT. A unificação nas urnas! Ironia à parte, é um raciocínio plausível. Continuo na esquerda não eleitoral, quando digo que PT é a única opção viável de esquerda eleitoral, estou levando muito a sério as coisas. De fato, acho que PSOL e PC do B são tendências. Partido eleitoral só o PT. A única candidatura que deveria prevalecer. Boulos e Manuela são apenas oportunistas eleitorais. Ele e ela precisam do PT. Fiquemos com o PT. É muito melhor como esquerda eleitoral. Mais experiente em administrar as contradições do capitalismo. PT mostrou sua força. Merece ser a única bandeira eleitoral da esquerda. Acho que PSOL e PC do B devem cancelar suas candidaturas. Todo apoio eleitoral deve ser para candidatos do PT.

Recusar o partido

A recusa individual de se submeter ao partido gera represálias. A principal delas é a evitação. Os que se submetem ao partido elogiam a si mesmos como tendo espírito de sacrifício, mas escondem uma fogueira de vaidades. Os que se recusam fazem-no por vaidade, mas escondem um tremendo espírito de sacrifício, aquele que abdica da fama, da reputação, da validação pelos aliados. Estamos entre a cruz e a espada e no mesmo barco. Só não vê quem está tomado pelo consumo de sensações de poder e sucesso mascarados pela adesão a uma causa "comum".

Uma conversa perdida na memória

Uma vez, conversei com Lula. Foi em 1986. O sinal fechou. Ele estava no carro ao lado. Foram alguns minutinhos de conversa. Uma conversa de janela à janela. Quando ele vinha à Fortaleza, era uma alegria. Não desejo a prisão do Lula. Também acho um absurdo que num país com Michel Temer presidente, ele seja impedido dessa forma de ser candidato. Além dos outros livres e soltos que são perigosíssimos e foram acobertados pelo sistema. Fiz todas as campanhas do Lula. A de 1989 foi a mais emocionante. Não era do PT, mas a gente fazia a campanha com o mesmo empenho da militância do PT. O PT capitulou e levou consigo o projeto mais amplo do campo democrático popular, que não se restringia ao PT. PT foi engolido, mas foi engolido no seu desejo de poder, não foi um cordeirinho sendo engolido pelo lobo mau. A militância sabe disso, pelo menos a que vivenciou de perto. Hoje é um dia muito tenso. De um jeito ou de outro, há uma perda. Mas é uma perda que foi anunciada. Uma perda de projeto. Sei mais nem o que pensar. Só no nervosismo mesmo.

Silêncio como função da ordem

O silêncio é uma função da ordem. Desejo autoritário de silenciar os outros é intolerável. Inaceitável. O desejo do desejo da Ordem é um desejo de morte, de nada, de aniquilação de si. A liberdade é uma conquista. É uma luta que se faz com o desejo livre para falar de modo livre contra a ordem existente. O pensamento é uma atividade contra a ordem, contra o existente que é imposto como único e possível existente. O existente é o que precisa ser negado. Nada de adaptação e integração ao existente. O desejo de adaptação e integração por parte do subalterno resulta em mais subalternidade. A luta é contra a subalternidade. Uma luta contra o sistema de dominação. Uma luta contra as desigualdades de capital, sentido e poder que restringem de modo estrutural o campo das realizações de sentido e valor. A linha de fala livre é a linha de fala do desejo contra as forças intoleráveis do Abuso, do Arbítrio e da Tirania do Estado do Capital.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

A paz dos cemitérios?

As frações da classe dominante que estão liderando o golpe estão recusando a postura conciliadora da maioria esmagadora da esquerda brasileira? Isso quer dizer o quê? Eles desejam uma esquerda não conciliadora? Será? O desejo de conciliação entre senhores e escravos é o princípio da unificação da esquerda brasileira. Isso é fato. Afinal, quem é "o doido" de querer entrar para esquerda não conciliadora, é só pau, pedra e cemitério clandestino, né? O problema é que os senhores dos escravos estão negando o desejo de conciliação do escravo, dando as costas ao desejo do escravo pelo senhor, aí o bicho pegou. Virou um impasse. A esquerda quer paz e amor com os dominantes e os dominantes estão pouco se lixando para esse desejo de conciliação. A esquerda oficial tentará então com amplo apoio mais uma vez realizar o teatro da conciliação nas eleições, vamos ver no que vai dar. O problema sério é que os dominantes e suas bases amplas estão se mostrando intransigentes. Não querem mais conciliar. Impasse total.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Quem está no poder?

Peguem os nomes dos professores das federais que estão assinando os documentos oficiais do governo Temer, vasculhem, que vão descobrir que muitos lulistas e dilmistas estão colaborando ativamente no segundo e terceiro escalão do governo golpista. Estão lá assinando tudo, legitimando, como especialistas disso ou daquilo. Por que não boicotaram o governo golpista? A questão que não quer calar. Quando um colega dilmista ou lulista diz que está atuando oficialmente, colaborando com governo Temer, pois se ele ou ela não estivesse lá as coisas iam ser bem piores para o povo, fico com náuseas. Ainda se pintam de heróis! Estamos lá para salvar o povo. Aí nas redes sociais postam Fora Temer, contra o golpe, etc. E na prática, assinam documentos oficiais do governo Temer e ganham com isso (poder, sucesso, dinheiro). E ainda tem o PSOL para abraçar PT e PMDB se aliando no país para próximas eleições. Mas é em nome da democracia contra o fascismo, né?

Vão prender o Lula?

Essa estratégia do "somos todos Lula" foi a coisa mais desastrosa que se podia ter para o campo das esquerdas não eleitorais e não oficiais. Enterrou a luta das ruas. Instaurou palanques para lá de duvidosos. Será deserto por mais tempo, infelizmente. Os caras vivem de eleições e tentam mascarar isso , mas não convencem ninguém. O abraço do PSOL ao PT e PC do B enterrou a gente vivo. Esse abraço vai custar caríssimo. E todo mundo vai pagar essa conta. PSDB, PT e PMDB se tornam cúmplices, brigam e a gente abraça um deles, dizendo que é do povo, que é o da democracia. Fudeu. O oportunismo eleitoral do PSOL na tem limites? Se Lula tivesse sem capital eleitoral, estaria sendo abraçado ou apedrejado? Essa tentativa de herdar capital eleitoral do lulismo foi um dos lances mais desonestos que já presenciei. Associar na grande mídia o lulismo à democracia contra o fascismo foi o fim da picada. Minou a luta por democracia real.