domingo, 10 de fevereiro de 2019

A favela paradoxal

Achar que não faz parte da favela é a maior ilusão. Seja favela como estigma ou como raiz da riqueza cultural e econômica. A favela é tratada como campo de extermínio pelo Estado. É produzida como campo de extermínio. Mas, ao mesmo tempo, a favela é quem sustenta a produtividade para garantir a vida rica das classes ociosas que mandam no Estado. A favela é alvo de uma política de morte. Mas a favela é a força de trabalho e de combate da nação. É a força que gera riqueza sendo excluída de seus benefícios. Gera riqueza para classes privilegiadas que se esmeram em manter a favela sob controle, seja com polícia, crime ou igreja. A favela é o Brasil. Mas nem todo Brasil está na favela. Mas a grande maioria está, mesmo quando não quer aceitar que está. Os conflitos sociais estão nas últimas décadas oscilando entre vergonha ou orgulho de ser favela, submissão à ordem senhorial ou insubmissão contra a casa-grande, contra a ordem escravocrata e colonial, que não sai de nós.

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