terça-feira, 22 de maio de 2018

O meio-termo está na cadeia

Penso que uma vida sociocultural orientada para o mercado e organizada pelas dinâmicas da economia de mercado não é coletivamente boa para a democratização da vida boa. Mercado livre é um mito. Onde o mercado virou princípio de tudo, a população está em sérios apuros, ou seja, quase em todo o mundo. O modo-empresa de viver não é universalizável. Ser de esquerda e aceitar a economia de mercado como componente não problemático foi o que gerou a atual crise. É preciso escolher entre economia ou ecologia. A postura "meio-termo" está na cadeia. Na sociedade de classes, jovens das classes populares viram trabalhadores muito cedo. Das classes médias, estudam muitos e muitos anos e são sustentados pelos pais até ficarem jovens adultos com alto capital educacional. Nas classes altas, ou são gestores executivos ou vivem na mordomia, enquanto gestores contratados fazem seus lucros crescerem mais e mais. Ocorre que para os primeiros, não há mais trabalho. Para os segundos, não há mais carreiras. E, para os últimos, não há mais capacidade gerencial que aguente a pressão dos acionistas por liquidez. O capitalismo social desmoronou faz tempo. O capitalismo desorganizado está a todo vapor. A guerra dos ricos contra os pobres virou um massacre de grandes proporções. O empobrecimento das classes médias começou faz tempo. Está vindo a galope. Um grande banco fez uma pesquisa e descobriu que um milhão de famílias caiu da classe de alta renda para média renda. Isso empurra quem estava na média renda para baixo. E assim por diante. O pobre está sendo empurrado para a miséria. Isto já era uma tendência do segundo governo Dilma, que se agravou depois do golpe. Mas já era tendência. As classes médias norte-americanas estão aos frangalhos. Arrasadas. Pagar pelos serviços privados de saúde e educação, isso já leva quase a renda toda da classe média alta. E as classes médias saíram dos serviços privados, foram para os públicos, no momento em que querem acabar com isso. Imaginou o tamanho da desgraça?

Nenhum comentário:

Postar um comentário