domingo, 13 de maio de 2018

Militar para ser dominante?

A partir do momento que ser militante de algum coisa passou a ser "lutar" pela inclusão no campo das posições dominantes, abandonando uma perspectiva revolucionária da emancipação humana, deixou de ser atraente se dizer de esquerda, afinal, se é para competir, se é para ter o direito de competir como um dominante, que seja cada um por si. Não há espaço para ser solidário com quem adota padrões dominantes de não-solidariedade como meta de inclusão. Não? Por isso, me sinto totalmente deslocado no atual campo de esquerda. O senso comum da esquerda hoje é poder ter poder como o dominante tem. Que é bom e desejável ser dominante, então todo mundo deve ter o direito de desejar sê-lo. Democratizar o desejo e a fantasia de ser o dominante. É uma contradição performativa, afinal, se há dominantes, há dominados. A esquerda virou uma máquina de ascensão social individual com políticas compensatórias de terapêutica da pobreza. A direita é uma máquina de ascensão social individual sem políticas compensatórias de terapêutica da pobreza. Gostaria de estar totalmente errado, equivocado. Mas acho que não. Como propõe Wallerstein, a crise atual é a crise da esquerda.

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