sábado, 14 de abril de 2018

Racismo de Estado na atualidade

Por ser branco, é frequente que brancos abertamente e intencionalmente racistas venham espontaneamente fazer confissões no dia a dia para mim, sem nem saberem quem eu sou e que tento não aderir subjetivamente a essas estruturas, que recuso o racismo que me/nos habita, eles me procuram apenas pela preposição preconceitual de que também devo ser um racista como eles, o que de algum modo me implica no racismo deles, pois me reconhecem, apesar de eu não me reconhecer como eles me reconhecem. Ao longo dos anos, como pesquisador, tenho coletado esse material. Já fiz um relato dele para integrantes do movimento negro da Bahia. O material apenas confirmava empiricamente o que elas e eles já sabiam. Mais recentemente, eleitores brancos de Bolsonaro têm dito cada coisa para mim no dia a dia que fiquei estarrecido, está difícil segurar as pontas de pesquisador e ficar apenas na escuta, mas estou fazendo isso, e mantendo o diário de campo sobre o assunto. O racismo de Estado é o problema central que não se quer discutir. Gênero, raça e classe. As leituras americanas (de colegas dos EUA) ajudam, mas as do BR podem ser independentes, dialogar, e serem até mais contundentes. Existe Estado mais racista do que o brasileiro? Sim, deve existir. Mas este não fica atrás de nenhum outro.

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