sábado, 16 de junho de 2018

Uma nova crítica política da Copa

Pela primeira vez no BR, vejo várias agências procurando demonstrar que temos o dever de gostar da Copa. Quando isso acontece, de ter de haver controle direto do discurso, estímulo ao desejo de algo, é que algo se quebrou. Alguma espontaneidade foi perdida. Nunca houve isso de ter que convencer o povo a aderir à Copa. Isso é inédito. A adesão massiva sempre foi automática e apaixonada, ao mesmo tempo. Ter de bombardear um "deseje a copa" é sintomático. E as pesquisas de opinião sobre a não adesão subjetiva estão aí também, circulando. E muita gente está nervosa com isso. O discurso contra a Copa, desta vez, não está vindo das elites, nem das classes médias letradas, isso está passando despercebido para muita gente. São indivíduos das camadas populares que estão criticando, dizendo que o futebol foi vetado aos pobres, que deixou de ser a paixão do pobre. Foi esse o detalhe que mais me chamou a atenção. Não é o discurso politizado da classe média letrada de esquerda que está pautando, nem de longe. É pessoal da periferia mesmo. É um "racha" de periferia. Tem gente que ama futebol criticando a Copa. A crítica que está circulando que mais me chamou a atenção aponta para outro lado. As elites e as classes médias altas estão super bem à vontade com e adaptadas para a Copa que foi feita sob medida para eles/elas. A associação entre futebol e paixão do pobre caducou no que tange à Copa. O futebol continua sendo uma paixão popular, mas a Copa não. Se minha leitura estiver no caminho certo, pode-se dizer que a crítica contra a Copa é uma crítica popular. Não é elitista. É contra o elitismo que representa a Copa, atualmente.

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