quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O bicho vai pegar

E o pessoal que adora estar em evidência, ser celebridade, mas que foge do trabalho de base como o diabo foge da cruz? Vivem aprisionados por fantasias fragmentadoras e sem conexão com suas condições proletárias. O desejo de não ser proletário e de ser um consumidor competente rico e integrado se tornou fonte de muito adoecimento psíquico. O orgulho proletário, base da resistência do trabalho vivo contra o trabalho morto, foi destruído pelo liberalismo social. Para muitos, a universidade em vez de ser preparação para o mundo do trabalho virou refúgio contra o mundo do trabalho, pois o mundo do trabalho é, em geral, o lugar da desrealização maior. Ocorre que é também o lugar da luta do trabalho vivo contra o morto. Por vezes, a Universidade funciona como fuga disso. Como se fosse possível se exiliar no campus. Aí, quando o campus atua como organização do trabalho, desperta ansiedade e angústia. Faz tempo que já é empresa, mas apenas agora que a moratória está ameaçada que um monte de gente está se desesperando. O bicho vai pegar. Vai ser um massacre. O capitalismo sempre foi pós-trabalho. Isso inclui estudantes e professores. A fábrica adoece. Mas se pode lutar contra ela, fazendo da disciplina da fábrica a base da contra-disciplina revolucionária. Sair da crise, que é uma crise da esquerda, vai depender da reemergência de lutas anticapitalistas desde baixo e contra quaisquer hierarquias controladoras com suas cúpulas ávidas por acumulação. O boicote da ex-querda às forças antissistêmicas produziu o bolsonarismo como continuidade do dilmismo e do lulismo. São continuidades impressionantes, só troca de sinal. Opostos complementares. O afundamento da possibilidade de recusar o existente é a continuidade. É a luta contra o existente e não a conciliação com o existente que vai dar o rumo a seguir.

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