segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Nada de indulgência

Ser indulgente com o outro como forma de compensar algum tipo de história de privação que marca o outro é reforçar a exclusão. Romper com a indulgência e com a autoindulgência é fundamental para a emancipação que se busca. O desejo de poder possui muitos disfarces, é repleto de ardis. A subalternidade é reproduzida pelo paternalismo, pele assistencialismo e pelo prêmio compensatório, que cega o outro na cegueira da paixão. Um tipo de violência que pouco se compreende como violência, pois uma violência cheia de sorrisos, abraços, afetos e palavras bonitas. A armadilha nem parece ser uma armadilha. Parece ser a própria re-existência e potência. Mas no fundo é subalternização, exclusão e apagamento. Rejeitar o brilho, recusar o lugar que o bondoso oferece para o outro possa estrelar, romper com o desejo de celebridade que é próprio do subalterno quando capturado pela subjetividade narcisista e acumuladora de likes do opressor, enfim, são muitos os desafios. Nenhum é fácil de ser enfrentado. Mas precisaremos de alguma honestidade para ultrapassar esse imbróglio paralisante.

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