segunda-feira, 8 de abril de 2019

Hipóteses infernais

Por que as altas faixas de renda são as que mais aprovam o governo do destroço? São homens brancos, velhos, ricos, rentistas, patrões, que são beneficiados pela desregulamentação, entre outras características, como racistas, autoritários, defensores de um regime de morte para os que vivem escravizados por eles. Esta é minha hipótese. Posso estar enganado, cientificamente falando, mas politicamente, acho que não estou. O atual governo é um governo de exclusão aberta e deslavada. Como ainda não estouraram protestos generalizados contra isso? A Argentina, seguindo as receitais dos bancos, está na miséria. O Chile, que foi o campo de ensaio do neoliberalismo autoritário, desde 1973, gerou uma massa enorme de sofrimento social, suicídios, adoecimentos e morte, lá eles estão desfazendo o que fizeram e que é modelo para os de cá. A luta contra a governança neoliberal é literalmente contra as políticas de morte e extermínio que estão reservadas para os que são classificados pelos brancos ricos como "fracassados" e contra a pauperização crescente das classes médias, que é algo que acomete também os EUA. Precisamos minar as bases de circulação do discurso neoliberal com sua face encantatória, que seduz até o típico "fracassado", que se acha alguém de sucesso, sem ser. Não há sucesso em uma sociedade de criminosos alimentando a desigualdade. Nenhum sucesso possível. Parece que a população em geral introjetou fortemente a ideia de que miséria e pobreza são de responsabilidade individual. Ou será que não? A impressão é de que há um neoliberalismo popular muito bem irrigado pelo sistema da fé religiosa, que alimenta o imaginário do ungido de sucesso como um dos objetos de desejo mais difusos entre muitos segmentos da população. O que vai acontecer na passagem de 2019 para 2020 é imprevisível, mas pelo que observo nas ruas, conversando com as pessoas, o desespero está se generalizando, um mercado aquecido para a expansão de mais igrejas. Bancos, igrejas e milícias parecem ser um verdadeiro consórcio. Os bancos difundem a fé, as igrejas fazem a gestão dos fluxos monetários e as milícias cuidam da oferta mercadológica dos bens de salvação.

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