domingo, 14 de abril de 2019

Double Bind

Como professor e pesquisador, se chamo um estudante para o jogo, estou chamando para a lógica concorrencial do mercado, para ser precariado, mas se eu não chamo para o jogo, eu o estou excluindo da possibilidade de ser precariado. Se eu chamo para a luta, para a luta contra o sistema, não tenho cacife para tanto, afinal, quem sou eu e onde estou para chamar os outros para a luta? Um mato sem cachorro. Uma vida de contradições. Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. De qualquer modo, chamo para ser precariado e para ser da luta ao mesmo tempo, mas não é fácil, uma coisa nem outra, pra ninguém. Não há solução viável nesse contexto atual. Mas, e aí? Vamos partir para um tudo ou nada? Sei lá, não faço a menor ideia. Minha única certeza é que o ódio ao existente é condição de liberdade.

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