sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O vocabulário anti-político da amizade.

Estou prestando atenção no tipo de vocabulário que as pessoas estão mobilizando para fazer campanha eleitoral: amigo, amizade, respeito, afeto, "me representa", "nos representa", carinho etc. O mais interessante é que as campanhas mais tradicionais, mais conservadoras, na história política do Brasil, sempre foram feitas com esse mesmo vocabulário. Não é interessante que o vocabulário tradicional, conservador, seja usado por frentes de esquerda? É sociologicamente muito interessante. Inclusive, surgiu uma nova estratégia retórica: os velhos e os novos, os que estão na luta há muito e os recém-chegados, sem história de luta. Existe violência simbólica maior do que esta? Afirmar o monopólio da luta nas mãos daqueles a quem se admira, a quem se tem respeito, é muito conservadorismo, não? Esse tipo de classificação é, além de muito Ancien Régime, estúpido por querer consagrar posição de poder por antiguidade, tudo aquilo que 1968 criticou, também esconde pretensões aristocráticas, pois apenas quem possui uma imagem aristocrática do mundo recorre à herança, ao patrimônio, ao legado, à antiguidade da cepa etc. É tudo ou desonesto demais ou inconsciente demais. Mas que uma campanha eleitoral se baseie na desonestidade, parece que é até aceitável pela maioria, todavia, se basear em inconscientes que escondem sentimentos de supremacia dos poucos e bons, aí é, sinceramente, muito ridículo. #NãoVaiTerVoto

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