sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Falar onde começa o deserto

O importante é poder ter a liberdade de pregar no deserto. Poder falar para ninguém, se assim o desejar. Essa liberdade é imprescindível para a existência. Os mecanismos de controle da fala, as instâncias de controle da fala, usam os recursos do reconhecimento, ou seja, da luta pelo poder, afinal, acumular estima social, prestígio, ser visto publicamente, reconhecido, é a função da política. Não faz sentido usar no campo da política idiomas da ética, nem da amizade. Uma política da amizade é o que passa ao largo do campo do poder, da luta pelo poder político no sentido convencional. Os idiomas convencionais da política são tradicionais, conservadores, baseados em fundamentos de crença social, avessos à crítica e ao deslocamento, pois estes põem em xeque a ordem simbólica em que se baseia qualquer autoridade, seja ela qual for. Fazer política com argumentos conservadores é o pior desserviço, mas também o mais eficiente serviço no sentido de captação de votos. #NãoVaiTerVoto

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