terça-feira, 23 de julho de 2019

mercados e mercados

Grosso modo, as ciências sociais funcionam como um mercado. Faz-se investimento para capitalizar, impulsionando trajetórias de empreendedores ganhadores. Altamente elitizado, com marcadores de raça, etnia, gênero e classe bem atuantes nas reproduções de desigualdades regionais e de capital acadêmico em geral. Do ponto de vista de classe, é um mercado relativamente aberto para quem vêm de classes populares, pois menos competitivo, se comparado com outros mercados acadêmicos que são monopolizados por brancos, homens e ricos. Contudo, os poucos indivíduos de classes populares que ascendem socialmente pela inserção no mercado das ciências sociais, rapidamente, passam a atuar como classes médias letradas urbanas bem integradas, com raras exceções, seguem o padrão dominante. As análises e as críticas formuladas são, em geral, domesticadas e moderadas. Giram em torno de alguma versão de social-democracia. Os indivíduos buscam brilhar, se destacar, dominar o mercado, mas tudo muito endógeno e periférico. Uma vaidade que marca a illusio do campo e que é sintoma de que somos café com leite. Classes médias urbanas letradas, tentando permanecer nessa posição, conservando um estilo de vida intelectual que se afirma como estando próximo das elites globais. Não é só isso, mas é isso também.

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