quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O astuto morreu

A competição está fundada na desigualdade. Uma competição sem desigualdade se chamaria cooperação. Ocorre que o sistema da competição baseado na desigualdade não pode ocorrer sem uma base de cooperação. Esta não pode ser totalmente anulada, pois é o que garante a produção da riqueza. Mas como a competição é na desigualdade, esta forma de organizar as coisas exige uma fratura permanente entre a base cooperativa de "colaboradores" e a sangria promovida pelos acionistas. Os acionistas saqueiam tudo no curtíssimo prazo, não há base para projeto comum de médio e longo prazo sob tais condições. Não há como manter uma política de conciliação entre classes na administração social da fratura. A fratura está exposta. O neoliberalismo de guerra depende de mais violência, mais pobreza e mais miséria para fazer o jogo funcionar, um jogo de supremacia. Sem isso não teria como ter a afirmação do vencedor. O vencedor como o mais brutal e o mais violento, o mais armado. O mais astuto deixou de ser a figura principal do jogo, como foi no capitalismo social democrata, que morreu. O astuto agora é um executivo sob controle dos acionistas, que são astutos apenas subsidiariamente.

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