terça-feira, 28 de agosto de 2018

O militante em competição

Campanha eleitoral virou competição pela capitalização do voto. A eleição é toda neoliberal em sua atitude básica. Ninguém fica de fora do jogo da capitalização e da mercantilização. Nem quem se acha herói. O militante de esquerda eleitoral basicamente é um narcisista em alto grau. Parece vendedor de sabão em pó. Só que se vende de modo neoliberal, usando retóricas radicais de crítica do sistema. Quando observo a realidade da militância profissional de esquerda eleitoral, só vejo ascensão social individual dos militantes: esse é o produto não intencional da "luta". Virar classe média ou quase isso. Mas o desejo individual de vencer na vida fica ali bem escondido em meio a retóricas de luta coletiva. Uma mascarada sem limites. Dizem que são contra o sistema de meritocracia, mas a militância eleitoral de esquerda é a competição neoliberal mais aberta entre indivíduos lutando por mostrar capacidade individual de capitalização de votos, o que geral capital eleitoral para ocupar posições remuneradas indicadas pelos seus partidos. Um monte de gente vive disso. Funcionário de esquemas neoliberais de partidos ditos de esquerda ou extrema-esquerda. Tem de ter visão muito mistificadora para enxergar numa campanha eleitoral potencial emancipatório de qualquer coisa que o valha. Tem de delirar e fazer delirar, tem de mercantilizar sorrisos e abraços de "camaradagem na luta", a fim de que sejam vendidos como imagem de capital, como mercadoria eleitoral. Não tem como escapar, está no mercado do voto, no mercado mais acirrado do sistema de corrupção do capital. Estão em campanha eleitoral e não transformam nada, apenas fazem o neoliberalismo funcionar em seus corpos de militantes em competição.

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