sábado, 25 de agosto de 2018

Elucubrações em tempos difíceis

Quando vejo pessoas dizendo que o pessoal da direita liberal é burro porque chama o nazismo de socialista só por causa do nome nacional-socialismo, fico lá com minhas dúvidas. Não é totalmente certo, mas também não é uma aproximação completamente indevida. Tanto o nacional-socialismo quanto o comunismo revolucionário foram baseados num mesmo princípio: o da mobilização total. Foi algo que H. Arendt discutiu longamente. Eram concorrentes, inimigos, mas inimigos guiados por um modo comum de destruir o Estado liberal para fundar ditaduras de governos que se confundem com partidos-dirigentes. Os nazistas também eram contra a sociedade burguesa de classes. Pensavam em termos de elites dirigentes e massas, sendo as primeiras substituíveis, pois provinham de quaisquer elementos das massas. Daí a prática comum de nazismo e stalinismo em sortear a cabeça de dirigentes, para gerar a rotina, segundo a qual, quem se tornou dirigente, com exceção do líder máximo, está a caminho do campo de trabalhos forçados ou da forca. Enfim, só uma tentativa de relativizar as coisas. Tanto nazistas como comunistas eram inimigos das burguesias liberais tidas como "decadentes" ou "inimigas do povo". Ambos preconizavam regimes massivos, de homogeneização total. E outra coisa. Se fascismo, nazismo e comunismo não estivessem num mesmo horizonte de disputas que os fazia se tocar e se influenciar mutuamente, não teria ocorrido a passagem de tantos indivíduos de um lado para o outro. Nazistas que viraram a casaca e comunistas que viraram fascistas, nazistas, etc. Nos anos 1930, era uma confusão isso. É um lance delicado. As figuras intelectuais de Sorel e Pareto, por exemplo, que eram amigos. Mussolini foi um jovem socialista antes de se tornar líder fascista. Croce era liberal e apoiou a ascensão do regime autoritário na Itália.

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