sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Os de cima e os de baixo.

Em que momento, fiz da recusa um ato de resistência? Abdicar ao desejo de mandar é uma salvaguarda importante de meu próprio desejo. Boicotar em mim a possibilidade de ser portador da estrutura de mando destinada aos homens brancos. Esse boicote de mim desperta desconfiança nos de cima e ressentimento nos de baixo. Nada fácil. Os de cima leem a recusa como uma afirmação de arrogância. Estaria acima deles, apesar deles serem os superiores funcionais. Os de baixo veem minha recusa como privilégio do homem branco de classe média, que se pode dar ao luxo de recusar assumir o poder ao qual sua educação foi votada. Como hesitar é uma postura que revela fraqueza, prefiro ou a total imprevisibilidade de um arroubo de produtividade fora de lugar ou a incúria da ataraxia. Quem sabe de mim, não sou eu.

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