quinta-feira, 2 de maio de 2019

Ah, a sociologia!

Estava conversando com um bolsonarista, quando ele perguntou o que eu fazia. Eu disse que era sociólogo, professor de sociologia. Ele ficou inicialmente em silêncio. Aí, eu o provoquei. Parece que o presidente não gosta muito da sociologia, não é? Ao passo que ele me retrucou: "sim, pois vocês falam demais. Não deixam o homem trabalhar. Vocês atrapalham. Falam muito. Ele está fazendo o que tem de ser feito para melhorar". Meu interlocutor, no caso, é um homem do povo, trabalhador, evangélico, negro, pai de família, ex-lulista. O interessante é que no final da conversa que tive com ele, ele falava pelos cotovelos, expressava muito a opinião dele, altamente comunicativo, e me disse que tinha gostado de dialogar, pois sem diálogo não havia solução. É o que o Habermas chama de contradição performativa na teoria da ação comunicativa. Ele dizia que a gente falava demais, mas era ele quem falava demais. Dizia que a gente atrapalhava por querer dialogar, mas defendia o diálogo, contanto que fosse em concordância com o presidente da República, que estava no caminho certo. Interessante, né? Sociologicamente, interessante, quero dizer.

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