quinta-feira, 8 de março de 2018

Princípio de realidade do mundo flexível

No mundo contemporâneo, todas as formas de conselho dizem implicitamente: foda-se você mesmo, não espere que os outros fodam você. Ou então, foda-se você mesmo de modo criativo, não se foda do mesmo modo que a maioria, seja criativo no modo de se foder, seja esperto, foda-se com prioridade. Imaginem hoje a situação das pessoas que investiram todas as suas fichas em políticas de governo que se tornaram descartáveis e circunstanciais. Imaginem essa situação drástica, a de ter confundido atividades subvencionadas por governos com a própria realidade tendencial da economia. Ter esquecido que tudo não passava de atividade induzida artificialmente, inclusive, a ascensão de uma "nova classe média", esse bordão assassino. Ele causou a morte social de muita gente. Uma crença infeliz difundida com interesses de exercício do poder. Levou a uma fragmentação sem precedentes da vida social. Efeito e causa, de modo circular, é claro. As classes médias se pensam como famílias inseridas numa competição, mobilizando seus recursos, para garantir posição a seus rebentos pela transmissão de capital educacional. Quando se prometeu "nova classe média" para todos, a condição tinha de ser arrebentar a tendência coletivista das classes populares. A fragmentação da "luta", a neutralização da "luta", sem isso não havia como prometer "nova classe média". O golpe é um efeito político dessa jogada de poder que esvaziou a capacidade coletiva de resistência dos movimentos sociais. Efeito de governos que quebraram a espinha dorsal da ação coletiva popular de contestação e luta por democracia real. O golpe conservador é efeito de outro golpe conservador. Sendo que um foi em nome do liberalismo social e o outro em nome do modelo abertamente autoritário.

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