quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Situações complexas

Quando uma mulher no espaço público, representando o lugar público, falando em nome do público, afirma em público que é difícil lidar com as fofocas das mulheres, que conflito entre mulheres e suas fofocas é um problema, e compara mulheres trabalhadoras em situação de subordinação e precarização nas hierarquias do ambiente de trabalho com suas empregadas domésticas, com quem, afirma, sabe lidar muito bem e usa essa referência no espaço da organização como um ponto supostamente positivo, e ainda afirma que o lugar da fala pública não é de questionamento da ordem social existente, mas o lugar de fazê-la, a ordem, funcionar do jeito que está, pois nosso papel não é questionar nem tentar mudar nada, e ainda diz que uma mulher trabalhadora que sofreu assédio moral, tendo resistido como pode ao assédio, que ela não iria questionar isso, pois não desejava tirar o moral do homem supervisor, a tristeza é enorme. Realmente, uma tristeza enorme. Uma tristeza sem fim. E o silêncio é retumbante. Silêncio total. Silêncio de todos e de todas, dos agentes públicos e políticos. Aliás, não sei nem se era para eu escrever isso, pois as mulheres estão em silêncio. Por que seria um homem a quebrar o silêncio, né? Vou então calar-me sobre isso. Não falo mais. Mas hoje, falei. Sinto muito.

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