Revoltar-se contra si mesma é a tarefa permanente da esquerda radical e libertária e não ficar tomando sorvete de limão nos estabelecimentos comerciais italianos da burguesia em Fortaleza. Este blog é para criticar a nós mesmos, camaradas!
segunda-feira, 13 de junho de 2016
E a universidade?
Quando estudantes universitários adotam atitudes anti-intelectualistas, denunciando o mundo acadêmico como intolerável, estamos diante de um problema de dupla exclusão relacional. A exclusão realizada pelos mecanismos de fechamento do mundo acadêmico e a autoexclusão, que reconhece que esse mundo não é para "mim mesmo". Há egressos da vida universitária que possuem aversão por aquilo que não tiveram acesso, a vida acadêmica, pois esta não se confunde com o todo da experiência universitária.
Os sentimentos antiacadêmicos e anticientíficos estão cada vez mais predominantes no universo da universidade, imaginem no espaço social mais amplo. Não estou defendendo o acadêmico e o científico tais quais estão postos, dados, hegemônicos, mas apenas impressionado como práticas acadêmicas e científicas contra-hegemônicas ficam mais enfraquecidas do que já estão, já que minadas por uma descrença generalizada nesses princípios. A universidade acabará se tornando alvo de uma descrença generalizada na sua própria capacidade de se autovalidar como instituição relevante na vida social?
O vazio do poder
Na política, apenas o significante vazio, símbolos descolados, desesperadamente buscando autovalidação, que confirmam a incongruidade generalizada, numa explosão de socioletos, num profundo vazio, onde se diz que o não-ser é, uma confusão, um quiproquó, escondendo sentimentos de impotência e vazio de horizonte coletivo. Fragmentação, impotência e desrealização imaginária de fantasias de grupo. Como dizia o poeta, cada um por si e Deus contra todos. E os delírios se multiplicam, assustadoramente, pois delírios podem contribuir para gerar realidades coletivas terríveis, afinal, o real é o fluxo que aterroriza, que ameaça de morte.
Consequências dos governos do PT para o campo de esquerda
Os governos do PT prestaram um serviço de reajuste das disposições para o recrudescimento do cenário neoliberal. Foram os principais agentes de neoliberalização do contexto brasileiro. Desde a carta aos brasileiros, o governo do PT atuou como um grande dispositivo de gerenciamento de pessoas para mercados cada vez mais instáveis, incertos e inseguros. Cumpriu agenda neoliberal de políticas compensatórias de terapia da pobreza e da miséria. Reduziu a expectativa de mudança a uma questão de renda e consumo. Rebaixou em muito as expectativas do que seja qualidade de vida. Vendeu produto de baixa qualidade para rebaixar a expectativa geral. Desmobilizou, aparelhando, movimentos sociais históricos. Enfim, fez todo o serviço sujo. Agora se tornou desnecessário. Promoveu a terra arrasada no campo da luta histórica das esquerdas e se tornou desnecessário. Serão décadas e décadas de sentimento de perda coletiva, infelizmente.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Situações complexas
Quando uma mulher no espaço público, representando o lugar público, falando em nome do público, afirma em público que é difícil lidar com as fofocas das mulheres, que conflito entre mulheres e suas fofocas é um problema, e compara mulheres trabalhadoras em situação de subordinação e precarização nas hierarquias do ambiente de trabalho com suas empregadas domésticas, com quem, afirma, sabe lidar muito bem e usa essa referência no espaço da organização como um ponto supostamente positivo, e ainda afirma que o lugar da fala pública não é de questionamento da ordem social existente, mas o lugar de fazê-la, a ordem, funcionar do jeito que está, pois nosso papel não é questionar nem tentar mudar nada, e ainda diz que uma mulher trabalhadora que sofreu assédio moral, tendo resistido como pode ao assédio, que ela não iria questionar isso, pois não desejava tirar o moral do homem supervisor, a tristeza é enorme. Realmente, uma tristeza enorme. Uma tristeza sem fim. E o silêncio é retumbante. Silêncio total. Silêncio de todos e de todas, dos agentes públicos e políticos. Aliás, não sei nem se era para eu escrever isso, pois as mulheres estão em silêncio. Por que seria um homem a quebrar o silêncio, né? Vou então calar-me sobre isso. Não falo mais. Mas hoje, falei. Sinto muito.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Universidade, espaço brutal.
Se professores, como servidores públicos, servidores técnico-administrativos, alunas e alunos são vítimas de assédio moral, sexual, entre outras formas de assédio, opressões mil, que resultam em adoecimentos, imaginem trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, que são obrigados a aceitar sob ameaça de demissão as punições mais descabidas, principalmente, quando demandam direitos e questionam o sobretrabalho imposto pelo sistema de dominação e seus algozes, capitaneado por empresas contratadas realizando a super exploração do trabalho dentro das universidades públicas. Hoje, uma das pessoas mais lutadoras, inteligentes e conscientes dos direitos das mulheres da classe trabalhadora, a Betânia, querida por todos e todas, alunos, professores e servidores técnico-administrativos, sofreu no próprio corpo o aguilhão do capital sobre o corpo da trabalhadora. Nós das ciências sociais da UFC, em especial, não podemos silenciar sobre esse absurdo. Toda a solidariedade à mulher lutadora, que é Betânia. Ver uma pessoa como ela saindo das ciências sociais numa viatura do Samu, indo para o IJF, foi a coisa mais triste de todas. Estou propondo uma moção do departamento sobre o caso para ser encaminhada à administração superior da UFC. Superexploração e assédio moral contra trabalhadoras terceirizadas é inaceitável, principalmente, na Universidade. O espaço social nas universidades está se tornando muito brutal, desumanizado e anti-democrático. A Universidade pública precisa ser vanguarda na luta por democracia real. Do jeito que está não pode ficar. Instituições funcionando como fábricas, capturadas pela lógica empresarial da competição pela competição, marcadas por relações de submissão e assédio, sem falar no predomínio de interesses de mercado, incluindo o mercado político. Se a universidade não reconstituir sua missão de luta por democracia, começando por sua democracia interna, estaremos fadados a ser varridos do mapa.
sábado, 12 de setembro de 2015
11 de setembro de 2015
Na minha avaliação como pesquisador, considero o evento do WTC como lembrança do 11 de setembro mais relevante do que o evento regional da queda do Allende, mesmo que eu seja de esquerda e chore toda a vez que vejo as imagens de Allende sendo deposto e assassinado ou suicidado. Mas o evento do WTC teve um impacto histórico global, a queda de Allende é regional. Não gosto de me deixar levar pelas emoções para avaliar questões históricas.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Faça amor, não faça guerra!
Inspirado numa reflexão do meu colega Jakson Aquino, gostaria de lembrar que o "tudo vale", característico do niilismo anarquista que aderiu a métodos terroristas, militarizados e violentos, presta um desserviço, a meu ver, às lutas libertárias. Qualquer forma de militarização da luta, bem como uso de modos autoritários de organização em nome da "liberdade", parece-me um grande equívoco. A luta por democracia real é afetada negativamente pela guerra, seja ela de qual natureza for, a luta armada contra a ditadura, por exemplo, foi um dos maiores equívocos das esquerdas nas décadas de 1960 e 1970, o tipo de militante forjado nisso foi de perfil autoritário, como José Serra e Dilma, ou então, de perfil "tudo vale", como José Dirceu e César Maia. Não é isso o que desejamos. É a ruptura com esses modos autoritários, stalinistas, antidemocráticos e antiéticos das esquerdas que vai tornar possível a emergência de novos movimentos de esquerda, sem veleidades militaristas, autoritárias e personalistas. É como penso o problema da crise da esquerda hoje. É uma crise interna. A revolução democrática é a luta por liberdade, por liberdades públicas. Uma luta pacífica. Faça amor, não faça guerra!
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