sexta-feira, 14 de abril de 2017

Política da vizinhança ampliada

Quanto mais as pessoas vivem sem direitos, mais elas se embrutecem e sentem raiva de si mesmas; e odeiam os que lutam por direitos, pois isso as confronta em sua impotência paralisante. E tudo de modo muito inconsciente. Definitivamente, não é bom que nossos vizinhos vivam em situação de pobreza, miséria, empobrecimento. Ninguém pode viver bem como se fosse uma ilha, uma bolha, arrodeada de infelicidade coletiva por todos os lados. Não dá. A infelicidade coletiva nos diz respeito sempre.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Memórias

Quem não sabia que nas décadas de 1970 e 1980 muitos membros da juventude dos partidos de esquerda estavam ávidos por continuar a promover desvios do dinheiro das entidades para alimentar enriquecimento ilícito (pessoal ou dos coletivos)? Carteira de estudante gerou muito patrimônio ilícito. E quem não sabia que muitos deles, quase todos, viraram figuras políticas importantes nos governos do PT e do PSDB? Na década de 1990, quem não sabia que trabalhar nos comitês eleitorais permitia pegar grana in cash nas salas lotadas de dinheiro e que a classe média ia para o esquema para trocar carro e apartamento? Era a coisa mais comum do mundo e continuou sendo. Se engajar em campanhas do PSDB era certeza de tirar uma grana boa. Depois o PT imitou igualzinho.

Nossos melhores amigos

E os amigos que vivem horrorizados com o sistema de corrupção mas trabalham diretamente para os operadores oligárquicos do sistema? E os amigos que vivem falando perplexos do sistema de corrupção mas foram remunerados nas eleições por serviços prestados ao oligarcas com dinheiro do caixa 2? São tantos, que cansa minha beleza. Quantos não receberam dinheiro nas últimas eleições para militar? Foi gente demais. Basta olhar para "nossos melhores amigos", estão quase todos lá nas boquinhas. A corrupção é um sistema pessoal e íntimo no Brasil. As pessoas sorridentes que nos abraçam estão penduradas nas tetas das oligarquias, enquanto mostram suas perplexidades com tanto absurdo aqui nas redes virtuais. Por isso não haverá protestos. Não faz sentido. É muita capilaridade que esse lance tem. Esse lance todo é tão íntimo, é tão pessoal, a gente conhece o funcionamento disso que está de repente causando perplexidade há tanto tempo, éramos tão íntimos disso tudo, tão cúmplices e comprometidos com isso tudo, e agora viramos cidadãos de outro lugar? Não temos mais amigos e familiares se aproveitando dessa boquinha toda? Perplexidade com quê? Tem gente que numa semana estava jantando sorridente com os corruptos e na semana seguinte, quando caíram, estão falando do absurdo desses corruptos. Uma rede interpessoal ampla e difusa sustenta o sistema social da corrupção brasileira. É muita gente. Muita gente comprou apartamento e carro com dinheiro de caixa 2 nas assessorias e nas consultorias para os governos do PT, do PSDB e do PMDB. Muita gente. Quem não conhece dez casos pelo menos? O dinheiro corria solto. Era mobilidade social ascendente. Há redes familiares inteiras vivendo disso há décadas. O sistema do clientelismo é o que sustenta o sistema de corrupção. Vamos contar nos dedos quantos conhecidos participaram disso. Vai faltar mão pra contar.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Os estúpidos.

A quantidade de homens marcados pela impotência, pela mente superficial e acanhada, estúpidos, ressentidos, sorumbáticos, deprimentes, aderindo a redes de expressão de ódio, nas quais eles se posicionam como super agressores, quando sabemos que no contato face a face são uns invisíveis e esquecidos, está se tornando um caso muito preocupante. A rede de ódio como mecanismo compensatório para uma vida reles, sofrida e diminuída, o que envolve um desejo de crime, um desejo de extravasar no crime, um delírio perigoso.

Os embrutecidos.

Mas uma coisa é certa, a ampliação do universo embrutecedor de pessoas embrutecidas desrealiza o esforço milenar de controle e autocontrole da agressividade humana. Em geral, os embrutecidos são os que desejam transferir o aguilhão que os atingiu, embrutecendo-os. Um corpo marcado pela brutalidade ou definha ou brutaliza quem esteja ao alcance. Tempos brutais são tempos de perda. Tempos de supremacia dos que gritam e fustigam, pois como alvos de gritos e punições não admitem morrer sozinhos.

Os cosmopolitas

Algumas pessoas que possuem intimidade com altas cúpulas do poder oligárquico esquecem das distâncias que alimentam com seu bem-querer e passam a tratar altos mandatários oligárquicos em público por apelidos de infância. Soa tão ridículo, que fico com vergonha da falta de vergonha alheia. Tudo tão naturalizado para alguns fazer parte das corriolas do poder que esquecem que poderiam ao menos relativizar suas posturas por terem nascido dentro do berço da oligarquia. Mas as pessoas são cosmopolitas, não vão perder tempo com essas reflexõezinhas de nada.

domingo, 5 de março de 2017

Sem divisas

Não há mais como delimitar com certeza divisas sobre quem é conservador e quem é progressista, quem é de esquerda e quem é de direita. Tempos embaralhados. Tudo embaralhado e ambivalente.